Discurso durante a 22ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Estranheza com relação à publicação atribuídas ao Ministro José Dirceu, tendo em vista que diferem frontalmente da ação do governo federal, que desde o começo da gestão do presidente Lula teria buscado os governadores para uma parceria. (como Líder)

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Estranheza com relação à publicação atribuídas ao Ministro José Dirceu, tendo em vista que diferem frontalmente da ação do governo federal, que desde o começo da gestão do presidente Lula teria buscado os governadores para uma parceria. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 24/03/2004 - Página 8051
Assunto
Outros > HOMENAGEM. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, FLORIANOPOLIS (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, JONAS PINHEIRO, SENADOR.
  • DEFESA, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, PARTICIPAÇÃO, DIRETRIZ, POLITICA NACIONAL, PARCERIA, GOVERNADOR, PROTESTO, ARTIGO DE IMPRENSA, EFEITO, DESVALORIZAÇÃO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CONTESTAÇÃO, DISCURSO, TASSO JEREISSATI, SENADOR, RECOMENDAÇÃO, FERIAS, MINISTRO.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje minha inscrição seria para falar de um assunto mais ameno. Registro o aniversário da cidade maravilhosa onde moro, Florianópolis, que completa hoje 278 anos, e também do Senador Jonas Pinheiro que também completa - nem vou registrar quantos anos, não vou cometer a indelicadeza. Mas, dado o pronunciamento do Senador Tasso Jereissati, é claro que não vou me delongar a respeito das datas de aniversário, e, sim, sobre algumas questões que considero fundamentais.

Tivemos, desde que o Presidente Governo Lula assumiu, grande preocupação. Uma série de iniciativas foram empreendidas, certamente com profunda participação do Ministro José Dirceu que, até há pouco tempo, era o responsável pelas relações com o Congresso e com os entes da Federação - Estados e Municípios. Tivemos a humildade de reconhecer que quem não se elege com uma ampla maioria parlamentar tem que obrigatoriamente construir acordos, alianças. Houve esta grande preocupação do Presidente da República e do Ministro José Dirceu de firmar essas alianças. Se assim não tivesse ocorrido, se o Presidente da República não tivesse, desde o primeiro momento, chamado todos os Governadores, as reformas não teriam tramitado. Vejam bem, isto pode parecer algo insignificante, mas não é: nunca havia acontecido na História da República brasileira uma reunião, aliás uma, não, várias reuniões com todos os Governadores para tratar das questões pertinentes ao nosso País e dos interesses mútuos, interesses comuns entre União, Estados e Municípios. Foi em razão dessas conversações, dessas negociações, repito, que tivemos a possibilidade de apresentar nesta Casa e aprovarmos num único ano a reforma da previdência e a reforma tributária. Caso não tivesse esse reconhecimento, essa até humildade do Governo no sentido de fechar acordo, chamar para o debate, chamar à aliança, não teríamos tido a capacidade de aprovar.

Por isso, me causa uma certa estranheza o fato de que, mediante determinadas declarações - li agora a reportagem, não tinha tido oportunidade de ler ainda -, queiram desmontar, queiram desqualificar totalmente uma série de iniciativas e de respeito entre o Governo Federal e os Governos estaduais. A prática é sempre o fiel exemplo da verdade. Muito mais do que se fala, o que se pratica é que é o verdadeiro demonstrativo do que se pensa. Então, fico um pouco aborrecida por algo que saiu numa reportagem por meio da qual se tenta desmontar o esforço de parceria montado pelo Governo Lula com todos os Governadores do nosso País.

O Senador Tasso Jereissati, que é uma pessoa absolutamente equilibrada, de ponderações, de falas de nível muito elevado do debate, também tem os seus momentos. E se eu tivesse que me pronunciar, em seguida a um episódio a que assisti na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, talvez devesse vir a público também recomendar algum período de descanso ao Senador, porque aquela não é a maneira de ser do Senador Tasso Jereissati.

Na CCJ, quando foram citados exemplos de CPIs propostas que não se instalaram, para as quais não foram indicados nomes, o Senador Tasso Jereissati teve uma reação também totalmente diferente do que é o seu comportamento, absolutamente reconhecido nesta Casa, de pessoa equilibrada. E não houve da parte de ninguém qualquer altercação, qualquer solicitação ou qualquer tentativa de desqualificação de um comportamento momentâneo, pontual do Senador Tasso Jereissati.

Gostaria que pudéssemos ter aqui a continuidade do debate em alto e bom nível, porque temos esta responsabilidade para com os nossos Estados, que aqui representamos, e para com o nosso País. Acredito que não contribui para o bom debate o ato de tentarmos desqualificar. De forma muito sincera, Senador Tasso Jereissati, não contribui em nada V. Exª aconselhar férias. Não é essa a questão, não é isso que está em jogo, mas o debate a respeito das matérias colocadas, o comportamento do Governo nesses quinze meses de atuação, que foi de parceria efetiva com os Estados, resultando nos avanços que conseguimos, principalmente em relação às reformas estruturais do nosso País.

Já tive oportunidade de vir a esta tribuna em outras ocasiões para elogiar o comportamento bastante calmo e tranqüilo do Senador. E quando houve um desequilíbrio, que eu nunca tinha visto - vi uma única vez - também não vim a esta tribuna fazer qualquer insinuação ou tentativa de desqualificação.

Dos trechos da entrevista, que consegui ler rapidamente, há uma questão que procede. Inclusive hoje, na Comissão de Fiscalização e Controle, o Presidente da Caixa Econômica, mais uma vez, reiterou que se tratou de um procedimento adotado por pessoas ligadas ao Ministério Público, que foram à Caixa, sem ordem judicial, e pegaram os originais. A Caixa Econômica, hoje, se for acionada judicialmente, não tem mais os documentos originais dos registros de entrada. Pegaram os originais sem ordem judicial. Então, determinadas questões, que também estão levantadas na entrevista, merecem um posicionamento por parte até do nosso Legislativo, do Congresso. Talvez agora, com a aprovação da reforma do Judiciário, com o controle externo do Judiciário e do Ministério Público, possamos fazer o bom debate.

Então, mais uma vez trago a esta tribuna a solicitação de que mantenhamos o clima do bom diálogo e do relacionamento, principalmente em relação a questões práticas, que têm feito com que o Governo Lula tenha tido, talvez como nenhum outro Governo, o respeito para com aqueles que têm a responsabilidade dirigir os seus Estados e os seus Municípios. Em sete anos de marcha, duas vezes os prefeitos foram recebidos pelo Presidente da República e as duas vezes pelo Presidente Lula.

Portanto, venho à tribuna com a tranqüilidade de quem, na prática, demonstra o respeito, muito mais do que uma eventual entrevista, que pode ser um momento, mas não a realidade total e absoluta desses quinze meses de governo.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/03/2004 - Página 8051