Discurso durante a 24ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários aos artigos publicados nos jornais O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo, sobre os boatos de demissão do Ministro da Casa Civil, José Dirceu.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários aos artigos publicados nos jornais O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo, sobre os boatos de demissão do Ministro da Casa Civil, José Dirceu.
Publicação
Publicação no DSF de 26/03/2004 - Página 8516
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ANALISE, CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ESPECIFICAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL.

  SENADO FEDERAL SF -

SECRETARIA-GERAL DA MESA

SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) -

O PRESIDENTE NÃO TEM OUTRO CAMINHO: DEMITE DIRCEU OU O DESMORONAMENTO DE SEU GOVERNO É APENAS UMA QUESTÃO DE TEMPO - DIZ A IMPRENSA

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Presidente da República demorou, optou pelo entibiamento e agora só lhe resta a alternativa de demitir o Ministro-Chefe da Casa Civil ou, como adverte o jornal O Estado de S.Paulo, “o desmoronamento de seu Governo é apenas uma questão de tempo.”

Trago para os Anais do Senado esse prudente aconselhamento para que Lula medite e aja com rapidez, em favor da estabilidade do País.

Além do editorial a que me refiro, solicito igualmente a transcrição nos Anais do Senado da República de outras matérias do mesmo jornal e da Folha de S.Paulo, para que o historiador do futuro possa dispor de elementos de aferição que vier a ser feita sobre o atual quadro brasileiro.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

- “Lula precisa salvar o seu governo”;

- “Mais ministérios, a receita de Lula contra a paralisia”;

- “PMDB ameaça: mudanças na economia ou fim do apoio a Lula”.

Lula precisa salvar o seu governo

O descontrole emocional do ministro o desqualifica como interlocutor

QUINTA-FEIRA, 25 DE MARÇO DE 2004

NOTAS E INFORMAÇÕES

O ESTADO DE S.PAULO - A3

Os furiosos ataques do ministro da Casa Civil, José Dirceu, a senadores e governadores do PSDB e ainda ao Ministério Público em geral, em declarações ao colunista Merval Pereira, de O Globo, deixaram o presidente da República definitivamente sem escolha: se não demitir aquele a quem nomeou para ser o seu “primeiro-ministro”, o desmoronamento do seu governo será apenas uma questão de tempo. Nem o presidente merece, muito menos o País deseja esse desastre, cujas dimensões serão diretamente proporcionais às esperanças provocadas pela eleição de Lula. Essa perspectiva se baseia numa visão realista do cipoal em que o governo, por suas deficiências, e o ministro Dirceu, por sua soberba, se enredaram desde a eclosão do Waldogate.

Um problema localizado que pode surgir em qualquer governo gerou uma crise política sem fim à vista. Não uma crise de governabilidade, como pretende o ministro Dirceu, mas uma crise de autoridade, como diz o senador Bornhausen, que, como toda a oposição, só

quer que o presidente comece a governar.

Na sua movimentada trajetória, que o levou a viver com o rosto mudado e documentos falsos, Dirceu teve tamanho autocontrole que foi capaz de manter em segredo a sua identidade até para a mulher com quem se casara e teve um filho. Portanto, algo muito mais grave do que as já conhecidas falcatruas passadas e recentes do seu ex-colaborador Waldomiro Diniz deve estar assombrando o ministro a ponto de fazê-lo perder por completo o domínio sobre suas emoções e dizer as enormidades que disse ao colunista do jornal carioca, logo depois de ter proposto ao País um “pacto de governabilidade”. Talvez o fio da meada esteja nas suas investidas contra o Ministério Público, acompanhadas do aviso de que irá “colocar os pingos nos is nesse negócio” e da referência à atuação dos procuradores no caso da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel. É tamanho o descontrole que Dirceu acusa o PSDB - e de forma espantosamente virulenta para um político frio e calejado - de querer derrubá-lo e desestabilizar o governo, exibindo como prova disso o discurso do senador tucano Tasso Jereissati em defesa do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na semana passada, citando o trecho no qual o senador menciona a “promíscua relação de escalões inferiores (grifo nosso) do governo do PT com grupos absolutamente descomprometidos com o interesse público, alguns com raízes até no crime organizado”. Será que Dirceu se considera membro dos “escalões inferiores”? Na tribuna do Senado e em entrevista a este jornal, Tasso respondeu ao destampatório com moderação exemplar. Disse que Dirceu precisa recuperar a serenidade e, mais importante ainda, que “a dose de boa vontade (da oposição) para que o governo dê certo ainda é muito grande”.A verdade é que, desde a posse, Lula usufruiu do privilégio de ter no Congresso uma oposição decidida a não complicar a vida de um governo cercado de tantas expectativas.

Embora o vexaminoso engavetamento da CPI dos Bingos, em condições legais de ser instalada, tenha crispado os ânimos no Senado, o tom construtivo da oposição não se dissipou.

O presidente não só está ciente disso, como intensificou a sua aproximação com os governadores do PSDB, em especial o de Minas Gerais, Aécio Neves, a quem disse há pouco que “não fomos eleitos para divergir, mas para governar”, prevendo que um dia petistas e tucanos estarão juntos em um novo partido. Não é preciso grandes vôos de imaginação para saber como Lula se sentiu ao topar com o desdém do seu ministro em relação à conduta equilibrada de Aécio e do seu companheiro de partido Geraldo Alckmin. A mando do presidente, Dirceu se desculpou, mas somente aos governadores. Os insultos ao senador Jereissati e ao Ministério Público estão mantidos. É mais uma demonstração de que está definitivamente desqualificado para as funções que lhe cabem, principalmente a de interlocutor do Planalto junto a uma oposição que, a bem do País, vinha criticando sotto voce o gritante despreparo do PT para governar. Em suma, com o esfarinhamento do seu projeto de poder e diante da suspeita de que tenha culpas em cartório, Dirceu levará o governo consigo encosta abaixo se o presidente não tomar a decisão heróica de afastá-lo. Por elevado que seja, o preço a pagar será ainda inferior ao de mantê-lo no ministério.

 

Mais ministérios, a receita de Lula contra a paralisia

Brasília - Em seu pior momento desde a crise deflagrada pelo caso Waldomiro Diniz, o governo já planeja uma nova reforma ministerial para tirar a administração da paralisia e retomar o funcionamento da máquina. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, nunca esteve tão enfraquecido e sua permanência no governo é assunto freqüente até entre seus colegas no Palácio do Planalto. Ontem, em mais um dia nervoso, Dirceu negou várias vezes que tivesse posto novamente o cargo à disposição. Ministros e parlamentares chegaram a telefonar para a Casa Civil para confirmar o boato.

"O que eu posso fazer, se falam isso?", dizia Dirceu a quem entrava em seu gabinete e perguntava sobre o assunto. "Eu não posso fazer nada."

Na tentativa de tirar o governo do imobilismo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve criar o Ministério da Administração. Trata-se de um antigo plano: desde a transição, em 2002, fala-se no desmembramento do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Com a crise, a idéia ganhou força. Um dos nomes citados para a pasta é o de Miriam Belchior, braço direito de Dirceu, que ocupa a Subchefia de Monitoramento e Avaliação da Casa Civil.

Lula também sonha em criar o Ministério do Desenvolvimento para dar um chacoalhão no governo. Na prática, trata-se da separação do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, atualmente comandado por Luiz Fernando Furlan, mas nada será feito sem aval de Furlan. Para dar agilidade à máquina, o Planalto ainda vai criar a Câmara de Política de Desenvolvimento.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/03/2004 - Página 8516