Discurso durante a 26ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração no dia 27 próximo passado, do Dia do Circo.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração no dia 27 próximo passado, do Dia do Circo.
Publicação
Publicação no DSF de 30/03/2004 - Página 8680
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, CIRCO, HOMENAGEM POSTUMA, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, ARTISTA, ELOGIO, DIVERSIDADE, CULTURA, CRIATIVIDADE.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia 27 de março comemora-se o Dia do Circo. Escolheu-se, para homenagear aqueles que se dedicam às atividades circenses, a data de nascimento de um dos mais importantes palhaços brasileiros de todos os tempos, o Piolin. Seu nome era Abelardo Pinto e ele nasceu em 1897, em Ribeirão Preto, São Paulo.

Piolin - esse mestre da alegria, sempre lembrado quando se fala da história do circo no País - foi saudado pelo então presidente Washington Luís, em 1922, e teve o reconhecimento dos intelectuais que participaram da Semana de Arte Moderna como representante da autêntica arte popular brasileira. Nasceu no Circo Americano, que, mais tarde, veio a herdar de seu pai. Como Piolin tornou-se a figura central do espetáculo, o circo foi rebatizado com seu nome e o famoso palhaço, juntamente com filhos e sobrinhos, permaneceu instalado por mais de 30 anos no Largo do Paissandu, em São Paulo.

Sr. Presidente, é preciso lembrar, também, nesta homenagem, de outros palhaços que estão entre nossas mais caras lembranças de infância, como Carequinha, Benjamin de Oliveira - o primeiro grande palhaço negro do Brasil -, Torresmo e Arrelia. A todos eles devemos muito, pelas emoções que proporcionaram ao povo brasileiro e, principalmente, pelo esforço de preservação de uma manifestação cultural que corre o risco de desaparecimento frente à pressão exercida pelos meios de comunicação de massa.

Essas figuras de colarinho alto, nariz de bola e cara pintada, são insuperáveis na arte de entreter e fazer rir. Temos que admirar a audácia dos trapezistas, a habilidade dos malabaristas, a coragem dos domadores de animais ferozes, mas os palhaços representam, definitivamente, a alma do circo.

Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, existem atualmente mais de dois mil circos no Brasil. Cerca de 80 deles são circos de grande e médio porte, contando com trapézios, animais e atrações variadas. Estima-se que o público que freqüenta esses espetáculos chegue a 25 milhões de pessoas. No circo, expressa-se a diversidade cultural e a criatividade do brasileiro. Por isso, os circos pequenos, que circulam pelas cidades do interior, são tão importantes para nossa cultura.

A falta de equipamentos é compensada pela dedicação dos artistas e demais profissionais do circo. E, principalmente, pela capacidade de criar espetáculos ao mesmo tempo simples e emocionantes, porque calam fundo na alma popular. Expressam aquilo que há de essencial em nossa identidade nacional: nossa capacidade de lidar com as dificuldades com coragem, sem perder o espírito festivo e a descontração.

Atualmente, em diversas cidades brasileiras existem projetos culturais relacionados às atividades do circo, como a Escola Nacional de Circo, sediada no Rio de Janeiro. Essa instituição, mantida pelo Ministério da Cultura, cumpre a importante função de disseminar os saberes próprios dessas atividades que, antes, encontravam-se restritas às famílias de artistas dedicadas ao circo.

É preciso incentivar a multiplicação de iniciativas dessa natureza, Sr. Presidente, que promovem atividades culturais, capazes de resgatar importantes valores e saberes populares e trazer alegria para todos.

Piolin faleceu em 1973. Infelizmente, Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, no final de sua vida, não teve o reconhecimento que merecia e passou seus últimos dias na miséria. Apesar de todas as dificuldades que enfrentou, nunca abandonou a atividade circense. Seu exemplo de dedicação à arte popular permanece, entre nós, como estímulo para que lutemos pelo aperfeiçoamento das políticas públicas voltadas para a preservação das manifestações genuínas da cultura do povo brasileiro.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/03/2004 - Página 8680