Discurso durante a 28ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Debate realizado ontem na Comissão de Assuntos Econômicos com o Ministro Antonio Palocci. Comentários sobre a divulgação de gravação envolvendo o Subprocurador-Geral da República, Dr. José Roberto Santoro, e o Sr. Carlinhos Cachoeira, o que reforça a necessidade de instalação de CPI sobre o caso Waldomiro Diniz. (como Líder)

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Debate realizado ontem na Comissão de Assuntos Econômicos com o Ministro Antonio Palocci. Comentários sobre a divulgação de gravação envolvendo o Subprocurador-Geral da República, Dr. José Roberto Santoro, e o Sr. Carlinhos Cachoeira, o que reforça a necessidade de instalação de CPI sobre o caso Waldomiro Diniz. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 01/04/2004 - Página 8877
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, COMPARECIMENTO, ANTONIO PALOCCI, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONOMICOS, SENADO, ESCLARECIMENTOS, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
  • COMENTARIO, DIVULGAÇÃO, GRAVAÇÃO, FITA MAGNETICA, COMPROVAÇÃO, AUSENCIA, IDONEIDADE, CONDUTA, SUB PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o dia de ontem foi no mínimo singular, porque, às 10 horas, compareceu à Comissão de Assuntos Econômicos o Ministro Antonio Palocci. Houve quem pensasse que a Oposição tentaria triturar o Ministro, mas nunca passou pela cabeça dos Líderes da Oposição - do PFL, do PSDB, do PDT -, suponho eu, triturar S. Exª. Sempre foi nossa intenção questioná-lo.

Foram seis horas e meia de exposição em clima, eu diria, no mínimo, cordial. E foi cordial, Senador João Batista Motta, até porque o Ministro Palocci inspira cordialidade. A César, o que é de César; a Roma, o que é de Roma. O Ministro Palocci é competente? Sim. Tem acertos? Sim. Está 100% certo? Não. Penso que transcorreu a exposição de S. Exª em clima de cordialidade porque S. Exª tem um comportamento elegante, um equilíbrio emocional perfeito e inspira cordialidade.

A Oposição deu demonstração clara de maturidade e de espírito democrático. Sustentou um debate acadêmico - político, em alguns momentos -, dando demonstração ao País de que não trabalha, de forma alguma, na hipótese da desestabilização da economia do País. A Oposição é fiscalizadora, sim; é enérgica, sim; é vigilante, sim; mas desestabilizadora não o é.

Senador Jefferson Péres, no fim da tarde, já corriam na Casa os murmúrios de que o “Jornal Nacional” traria fato novo no caso Waldomiro Diniz. E os jornalistas começaram a ligar, pedindo que assistíssemos àquele telejornal porque queriam uma opinião nossa logo a seguir. E veio a matéria: uma gravação de 28 minutos de um Subprocurador da República com o suposto bicheiro Carlinhos Cachoeira e um jornalista.

O diálogo ocorre às 3h da manhã, na sede do Ministério Público Federal, órgão encarregado de investigações pelo Governo, pelo mesmo Governo que insiste em não facilitar a criação e o funcionamento da comissão parlamentar de inquérito e entrega as investigações a alguns órgãos, fundamentalmente ao Ministério Público.

A gravação é de um diálogo chulo, que me causou indignação, do Subprocurador com Carlinhos Cachoeira, tendo como testemunha um jornalista.

Para mim, resta uma dúvida: o Ministério Público está sub judice. Eu desconfio dos promotores? Não, em hipótese alguma. São cidadãos de bem, que no Brasil inteiro defendem o interesse da sociedade. Mas aquele diálogo divulgado pelo Brasil inteiro coloca sub judice a instituição, que está encarregada das investigações.

Resta uma dúvida: quem foi que gravou? Qual era a intenção do Subprocurador Santoro ao obter a fita? Será que a Oposição estava interessada em derrubar o Governo? Está sugerido. A oposição que, de manhã, travou um diálogo cavalheiresco com uma das mais importantes figuras da República, à noite iria tomar uma atitude, ou iria ser flagrada numa atitude de tentativa de desestabilização e derrubada do Governo? Que incoerência é essa? E aí, o que a Oposição faz? Neste momento, a Oposição tem que insistir no limite máximo. Aqui e no Supremo. Agora, mais do que nunca, na criação e funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito, para que fique claro que a Oposição, em momento algum, trabalha no quanto pior melhor; que a Oposição não está interessada em promover fatos que desestabilizem ou derrubem o Governo. A Oposição quer o esclarecimento da verdade, para que a sociedade tenha resposta às indagações que faz em toda parte.

Quem desestabiliza governo é o MST, os companheiros do MST, companheiros do PT, que estão prometendo abrir o vermelho; quem desestabiliza governo é a frustração da geração de empregos prometida, que não acontece e que frustra a sociedade, que se manifesta nas pesquisas da opinião pública desastrosas que estão aí sendo divulgadas; quem desestabiliza governo é briga de Ministro, que demonstra claramente ao País que falta autoridade. A leitura que o povo faz é: governo que não sabe resolver os seus próprios problemas não é capaz de resolver os problemas do País. Isso, sim, desestabiliza governo. O que desestabiliza governo são as críticas dos partidos da base aliada. Ora é um presidente pedindo a cabeça do Ministro, ora é a convenção do outro partido, pedindo mudança na política econômica; desestabiliza governo carga tributária recorde, que evita a formação de capital que vai possibilitar permanência de crescimento; desestabiliza governo caso Waldomiro mal explicado. Isso sim, mas não apenas isso. E para que a Oposição fique muito claramente configurada perante a opinião pública como uma fiscalização que deseja resposta às demandas da sociedade, que não trabalha no quanto pior, melhor, que não quer derrubar governo, que quer respostas aos fatos, é que vamos insistir, no limite de nossas possibilidades e em cima de um fato que não é nosso, é do Brasil inteiro. CPI já!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/04/2004 - Página 8877