Discurso durante a 31ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas à inércia da administração Lula. Transcrição, nos Anais do Senado, da matéria intitulada "Predomina mentalidade de não levar nada a sério", do jornalista Daniel Piza, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, do último domingo. Registro da entrevista concedida pelo senador Tasso Jereissati ao Jornal do Brasil de 22 de março último, alertando para o risco de governabilidade e de instabilidade em que o país atravessa.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Críticas à inércia da administração Lula. Transcrição, nos Anais do Senado, da matéria intitulada "Predomina mentalidade de não levar nada a sério", do jornalista Daniel Piza, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, do último domingo. Registro da entrevista concedida pelo senador Tasso Jereissati ao Jornal do Brasil de 22 de março último, alertando para o risco de governabilidade e de instabilidade em que o país atravessa.
Publicação
Publicação no DSF de 06/04/2004 - Página 9410
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, INERCIA, GOVERNO FEDERAL, UTILIZAÇÃO, PROPAGANDA, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA.
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ANALISE, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, PAIS, PREDOMINANCIA, FALTA, INTERESSE, PERDA, CRITERIOS, OFENSA, DIGNIDADE.
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ENTREVISTA, TASSO JEREISSATI, SENADOR, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ADVERTENCIA, RISCOS, AUSENCIA, VIABILIDADE, SEGURANÇA, GOVERNO, NECESSIDADE, PROCESSO, UNIÃO, LIDERANÇA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) -

NUM GOVERNO QUE NÃO LEVA NADA A SÉRIO, O PRESIDENTE LULA VIRA SHAZAM E DIZ QUE FARÁ EM 4 ANOS MAIS DO QUE FIZERAM EM 500

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Nação brasileira vive em sobressalto, com as surpresas, infelizmente negativas, que o Governo petista do Presidente Lula a todo instante mostra sua verdadeira face, inerte e rigorosamente vivendo sob o manto pretensamente protetor da propaganda.

Nesse último final da semana, ao inaugurar em Bonito (MS) um aeroporto inacabado, Lula, uma vez mais, tentou encobrir o que caracteriza seu Governo, a letargia, torpor ou indolência, já nem se sabe mais o que é exatamente essa administração. Pelas aparências e pelas seguidas manifestações improvisadas do Presidente, o povo está achando que é pura preguiça. Pode ser também incompetência.

O mal deste Governo é que ninguém, nele, leva a sério e com responsabilidade suas atribuições.

O País está soçobrando e, não obstante, aqui mesmo neste Plenário, lideranças governistas preferem acreditar nas mentiras espalhadas pela propaganda de Duda Mendonça, confiantes em que o povo não observa o que, realmente, ocorre no Brasil.

O articulista Daniel Piza, que escreve aos domingos em O Estado de S.Paulo, começa seu artigo desta semana com estas palavras:

Quem imagina que não exista um vasto contingente de indignados não só com os rumos econômicos e políticos do Brasil, mas sobretudo com os culturais e morais ,está muito equivocado.

O povo não é tolo. Diante de tanta garabolice, que mais cheira a fanfarrice do nosso Presidente, o povo acaba enveredando pelo único caminho que vê à frente: a apatia.

Não é à-toa. Afinal, mais parece irresponsabilidade ou, no mínimo, o distanciamento da realidade, o que disse Lula em Bonito: “Faremos mais do que muita gente fez em 500 anos.” Vou fazer os cálculos para, em outra oportunidade, dizer a Lula o que, então, diante desse juramento, ele terá que fazer em quatro anos.

Essa frase está nos jornais de sábado passado. O que pensar: só resta concluir que, a partir de agora, o Presidente Lula já pode dizer Shazam!, a famosa frase do Capitão Marvel, personagem do mundo de fantasia, o mundo dos gibis.

Agora, o povo brasileiro fica sabendo que o Presidente reúne as energias de sabedoria de Salomão, da força de Hércules, do vigor de Atlas, do poder de Zeus, da coragem de Aquiles e da velocidade de Mercúrio. O próprio Shazam. O Shazam brasileiro.

A seguir, transcrevo, para que constem dos Anais do Senado da República, as matérias a que fiz referência, começando pelo artigo de Daniel Piza:

PREDOMINA MENTALIDADE DE NÃO LEVAR NADA A SÉRIO

Daniel Piza

Quem imagina que não exista um vasto contingente de indignados não só com os rumos econômicos e políticos do Brasil, mas sobretudo com os culturais e morais ,está muito equivocado.

Não se trata apenas do desespero do desempregado, ou do sujeito que cada vez mais vê o salário ficar abaixo das contas,ou dos pais que temem pelos filhos nas cidades violentas. O pior é ver aumentar a sensação de que fazer o bem, ser correto, querer crescer como pessoa, não vale a pena. E esta sensação é o maior problema que o Brasil vive hoje, pelo que significa de ofensa à dignidade e pelo que implica perda de critério e ânimo. Escrevi na semana passada que o lamentável desdém do presidente Lula e de sua equipe pela educação - em todos os sentidos, da cortesia e elegância até a capacidade de planejar e agir - está em sintonia com uma mentalidade que se percebe na mídia, em programas como Big Brother Brasil, que se traduz na arrogância do ignorante, aquele que não sabe e nem se importa de não saber. Poderia ter citado muitos outros exemplos, mas vou escolher só mais um, rapidamente: há uma estreita associação entre o refrão de Zeca Pagodinho, “Deixa a vida me levar/ Vida leva eu”,e sua atitude-que não foi apenas a de uma vítima dos publicitários maquiavélicos - no episódio da troca de cervejas.A cultura brasileira sempre gostou de elogiar a leviandade, confundindo-a com alegria, leveza, espontaneidade, esperteza e outras virtudes.

Nos mais de 70 e-mails que recebi ao longo da semana, a revolta não vai apenas contra o governo inerte e inane de Lula ou contra sua pessoa, mas contra isso que o leitor Fernando Antoniazzi chama de“celebração da ignorância”,visível no presidente, em sua equipe, nos mais diversos meios de comunicação - e também no dia-a-dia deste país tropical. Ana Teresa e Edmundo Salgado contam que ouviram um de filhos ou alunos a pergunta que não pára: “Estudar pra quê?” Com tanta gente por aí dizendo que não estudou e chegou “lá”, a começar pelo presidente da República, não haveria de ser de outro jeito.Como se um país se fizesse de políticos, modelos e jogadores de futebol.

“Existe no nosso país um clima geral de raiva e rancor contra quem estuda,contra quem se dedica”, escreve Lúcia Carvalho. Luiz Eduardo Siqueira vai na mesma linha: “A gente se sente meio otário por estudar anos a fio e ouvir um sujeito, chefe de Estado e de governo, que se jacta de saber muito pouco.” Outro leitor, que se assina“brasileiro, mineiro”, conta que tem mais de 40 anos e, depois de 25 anos com carteira assinada, está há 18 meses na informalidade.

“Me desdobrei e conciliei trabalho, família e estudo.” Hoje, formado em Administração, mal pode sustentar os dois filhos. Sergio Rodrigues lembra a“primariedade das esquerdas” citando projetos de parlamentares do PT como o de acrescentar a palavra “amor” na bandeira (Suplicy) e confiscar salários a partir de R$ 7,6mil (Nazareno Fonteles). E Juan Atalla Gonzalez, que se diz “um iletrado caminhoneiro”.

Sr. Presidente, desejo, ainda, ocupar esta tribuna neste momento para registrar a entrevista concedida pelo Senador Tasso Jereissati ao Jornal do Brasil, de 22 de março do corrente, onde o ilustre senador do PSDB alerta para o risco de governabilidade e de instabilidade que o país atravessa em função da falta de percepção do Partido dos Trabalhadores e da base aliada sobre a responsabilidade de se estar no governo.

Na entrevista, o senador Tasso Jereissati mostra seu espírito público ao fazer a seguinte afirmação: “Nós fomos colocados na oposição pelo voto popular e, portanto, não podemos fazer uma oposição à custa do país”.

Para que conste dos Anais do Senado, requeiro, Senhor Presidente, que a entrevista publicada no Jornal do Brasil, de 22 de março do corrente seja considerada como parte deste pronunciamento.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

- “Falta um processo de coesão e liderança”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/04/2004 - Página 9410