A Srª HELOÍSA HELENA (Sem Partido - AL. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como esta é uma semana muito especial na vida dos cristãos, e eu, Senador Ney Suassuna, além de trotskista, sou cristã, falarei um pouco sobre esta semana de reflexão.

Este ano tem sido muito importante para mim, aliás, desde o ano passado tenho vivido situações muito importantes. O Senador Ney Suassuna diz que é uma cruz. Mas sou uma pessoa de muita fé, além de ter muita fé em Deus, tenho muita fé nas mulheres, nos homens, na transformação da sociedade.

Srs. Senadores e todos que assistem pela TV Senado esta sessão, que, apesar de não-deliberativa, tem muitos Senadores, considero muito importante refletirmos um pouquinho, nesta Semana Santa, sobre o que foi a vida de Jesus, como Ele denunciou a hipocrisia, o moralismo farisaico. Vemos tantos “cristãos” que, às vezes, sentam nos primeiros lugares dos templos, das sinagogas, das igrejas e lá murmuram, quase de forma repetitiva, orações, pegam a Bíblia, fazendo de conta que são cristãos, e são tão hipócritas!

Do ano passado para cá, foi importante a experiência que eu vivi! Como foi importante identificar o quanto de hipocrisia havia no lugar que eu militava, em que dediquei os melhores anos de minha vida! Quanto havia de hipocrisia e moralismo farisaico! Quantas pessoas que apresentavam determinadas formulações como se fossem expressão da verdade e condenavam as propostas apresentadas pelos outros como se fossem fraudulentas e, de repente, passaram a apresentá-las! Tanta coisa importante eu aprendi!

Espero que, nesta semana, que é de reflexão para o povo brasileiro, não tenhamos medo da fraqueza, não tenhamos medo de nossos próprios medos. Até Jesus Cristo, Senador Eduardo Siqueira Campos, com mais de trinta anos de heróica paciência, o Filho de Deus, quando se viu diante do perigo e da morte, suou sangue, angustiou-se e quis recuar, dizendo: “Senhor, afasta de mim este cálice!” Ele, o Filho de Deus, quando estava na cruz, duvidou do seu Pai: “Pai, por que me abandonastes?”

Este é sempre um momento de muita reflexão para cada um de nós. Que não tenhamos medo das próprias fraquezas, que possamos reconhecer os nossos medos e que, ao fazer isso, possamos renascer a cada dia em esperança e solidariedade. Que aprendamos com as mais belas lições de luta e de libertação, de defesa dos fracos, dos oprimidos, dos explorados. Nesta semana, celebramos a semana de Jesus, celebramos a Sua vida, celebramos a hipocrisia daqueles que, no Domingo de Ramos, lá estavam, quase em coro, aclamando Jesus. Jesus era o queridinho. Eles que, diante dos poderosos, dos sacerdotes, de César, imediatamente abandonaram Jesus e hipocritamente se renderam a esse poder.

Entendo até que Judas foi menos pecador do que Pilatos, porque Judas pelo menos se arrependeu, jogou fora as moedas que ele tinha recebido pela delação. Pilatos agiu de modo pior, porque, em vez de ficar ao lado de uma causa justa, simplesmente lavou as mãos para ficar ao lado do poder, ao lado de César.

Então, que, nesses momentos de reflexão, pessoas como eu, Senador Geraldo Mesquita Júnior - além de trotskista, sou cristã -, possamos, realmente, interpretar bem a história de luta e de libertação do povo de Deus.

O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (Bloco/PSB - AC) - Graças a Deus!

A SRª HELOÍSA HELENA (Sem Partido - AL) - Graças a Deus! E que nós possamos interpretar bem a história do Evangelho, que não é uma história de subserviência, de hipocrisia e falso moralismo. É uma história de luta e de libertação em defesa dos explorados e dos oprimidos.

Então, que possamos, nesta passagem muito especial, identificar por que Jesus foi condenado. Já imaginaram que, quando Jesus entrou no templo - não é uma coisa qualquer -, cheio de sacerdotes, escribas e pessoas supostamente maravilhosas, Ele chamou de covil de ladrões e colocou todos os comerciantes para fora, no chicote. E acabou, evidentemente, morto e nós estamos aqui para celebrar a Sua história de vida.

Que nós, nesta semana que finaliza com a Páscoa, possamos celebrar a vida, a fé, a liberdade, a esperança e que possamos sempre fazer com que Ele seja a inspiração para que, durante a Semana Santa, revivamos a Sua história de luta, de libertação e de opção pelos oprimidos e pelos marginalizados e reviver o quanto Ele combateu a hipocrisia e o poder a serviço dos grandes e dos poderosos.

Essa, sem dúvida, é a história que temos que celebrar durante esta semana.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.