Pronunciamento de Ney Suassuna em 07/04/2004
Discurso durante a 33ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Protesto contra o aumento do preço do gás de cozinha decorrente do aumento da sua tributação em algumas capitais brasileiras.
- Autor
- Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
- Nome completo: Ney Robinson Suassuna
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA ENERGETICA.:
- Protesto contra o aumento do preço do gás de cozinha decorrente do aumento da sua tributação em algumas capitais brasileiras.
- Publicação
- Publicação no DSF de 08/04/2004 - Página 9770
- Assunto
- Outros > POLITICA ENERGETICA.
- Indexação
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- PROTESTO, PROTOCOLO, AUTORIZAÇÃO, BITRIBUTAÇÃO, AUMENTO, PREÇO, GAS LIQUEFEITO DE PETROLEO (GLP), PREJUIZO, ESTADO DA PARAIBA (PB), ESTADO DO PIAUI (PI), ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), ESTADO DO ACRE (AC), ESTADO DO AMAPA (AP), AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, POPULAÇÃO CARENTE.
O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Senador Mão Santa, Presidente desta sessão, o que muito nos honra.
Nobre Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há cerca de dois meses vim a esta tribuna informar que o famoso Protocolo 33 penalizaria os Estados da Paraíba, do Piauí, de V. Exª, Sr. Presidente, de Minas Gerais, do Espírito Santo, do Amapá, do Acre, dentre outros, e que isso precisava ser consertado. Esse protocolo, que já tinha sido assinado por onze Estados, estabelecia que os que produziam gás natural, de onde derivaria o GLP, ou os que importavam o gás passariam a cobrar na fonte, na origem, cabendo a esses Estados citados acima bitributarem - cobrarem também no ingresso no Estado, portanto, no consumo -, e terem, assim, gás mais caro para suas populações.
Fui ao Ministério das Minas e Energia, fui à Agência Nacional de Petróleo e ao Ministério da Fazenda. O tempo passou e começaram as bitributações, Sr. Presidente.
Da Agência O Globo, a repórter Juliana Rangel informa que caminhões com GLP, gás de botijão, destinados a abastecer a Paraíba estão parados na fronteira do Estado, que não admite que o imposto não seja pago também na Paraíba.
O botijão deve subir cerca de R$5,00. Fiz a conta para mostrar que, para um cidadão que recebe um salário mínimo, isso representa quase 20%. Sobram-lhe 80% do salário para comida, educação, limpeza, transporte, remédios e todas as demais necessidades.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vamos voltar ao tempo do fogareiro. Nas regiões agrestes de nossos Estados, será quebrada a pouca vegetação que ainda existe para se cozinhar.
Não foram tomadas as providências. Hoje, estamos sob a égide da bitributação. Trago a esta tribuna o meu protesto.
Graças a uma Adin movida pelo Estado do Piauí, temos ainda a esperança de que o Supremo Tribunal Federal decida que ambos são derivados do petróleo - um é feito na refinaria e o outro é feito pela natureza, porque é oriundo do gás natural - e ambos têm que ser tributados ou na origem e no consumidor, ou, como é hoje, só no consumidor.
A verdade é que os Estados da Paraíba, Piauí, Espírito Santo, Minas Gerais, Acre e Amapá não devem pagar mais por um gás que custa mais barato no restante do País.
Esse é o protesto que venho lavrar.
Sr. Presidente, aproveito a oportunidade para dizer que é impressionante como as aflições do povo mais pobre não são publicadas na imprensa.
Ninguém pára para pensar o que é um botijão de gás para uma família pobre. Lamento que ninguém pare para pensar o quanto custará mais R$5,20 no preço de um botijão de gás para um pobre da Paraíba ou do Piauí.
Ontem, votamos inúmeras e importantes matérias, como, por exemplo, a destinação de R$3,4 bilhões para compensação de importação, e a Cide, que representará a melhoria das estradas. Os leitores dos jornais de hoje não lerão tais notícias. Só são publicadas notícias ruins, que correm sangue, que têm tragédia, que falam de corrupção. A miséria do dia-a-dia não é notícia. Não é notícia uma pobre família do interior da Paraíba, do Piauí ou dos demais Estados considerados de segunda categoria ter que deixar de comprar comida porque o botijão de gás subiu mais do que devia.
Muito obrigado, Sr. Presidente.