Discurso durante a 33ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários ao artigo intitulado "Um jogo disputado", de autoria do colunista Zuenir Ventura, publicado no jornal O Globo, de 10 de março último.

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários ao artigo intitulado "Um jogo disputado", de autoria do colunista Zuenir Ventura, publicado no jornal O Globo, de 10 de março último.
Publicação
Publicação no DSF de 08/04/2004 - Página 9824
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ANALISE, SITUAÇÃO, GOVERNO, AUSENCIA, ACORDO, MEDIDA PROVISORIA (MPV), PROIBIÇÃO, BINGO, FUNCIONAMENTO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, EX SERVIDOR, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Sem apanhamento taquigráfico.) -

A QUESTÃO DOS BINGOS

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna nesse momento para comentar o artigo intitulado “Um jogo disputado”, de autoria do colunista Zuenir Ventura, publicado no jornal O GLOBO, de 10 de março do corrente.

O artigo, que solicito seja dado como lido e considerado como parte integrante deste pronunciamento, mostra que o governo do Presidente Lula ainda tem um caminho longo pela frente no que diz respeito à questão dos bingos. Se, por um lado, o governo ainda precisa explicar o escândalo Waldomiro Diniz, por outro, terá que defender a sua Medida Provisória que proibiu o jogo.

O que vale destacar é que em nenhum dos dois casos há consenso dentro do governo. Há pessoas do governo que defendem o funcionamento da CPI, assim como há pessoas que defendem a legalização do jogo, adotando posição contrária à MP.

É esperar para ver.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR SÉRGIO GUERRA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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O GLOBO

10/03/2004

UM JOGO DISPUTADO

Pelo que se vê e pelo que ainda se verá, o governo pode ter tido menos trabalho para se livrar da CPI do Bingo do que vai ter para enfrentar a reação que está se organizando para combater a medida provisória que há um mês proibiu o jogo e as máquinas caça-níqueis. É uma frente formada por empresários do setor, funcionários, lobistas, jogadores compulsivos e até inocentes freqüentadores.

As manifestações de rua em várias cidades, como a marcha de Brasília, que reuniu 30 mil trabalhadores do Nordeste, do Sudeste e do Sul, são a face mais ruidosa da campanha, cujo principal argumento é a defesa coletiva dos 120 mil empregos diretos e 200 mil indiretos que se perderiam, segundo cálculos do setor, se as casas de bingos não forem reabertas (ainda não foram demitidos para serem usados nos protestos).

Com a proximidade das eleições, a causa deve ganhar o reforço do oportunismo de candidatos em busca de dividendos eleitorais. Em São Paulo, por exemplo, o sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, já saiu em campo, tentando a liderança do movimento. Ele, que foi o vice na chapa de Ciro Gomes, é o provável candidato do PDT à sucessão de Marta Suplicy.

Mais do que no plano jurídico, onde a luta se dará por meio de recursos e apelos, é no Congresso que os empresários esperam ganhar a batalha política com o apoio da "bancada do bingo", que inclui parlamentares do próprio PT. O porta-voz informal dos defensores da legalização é o deputado petista Gilmar Machado e ninguém menos que a vice-líder do partido no Senado, Ideli Salvati, é autora de um dos 30 projetos que existem propondo a regulamentação do que Waldomiro Diniz chamou, quando esteve na Câmara, de "jogo do bem".

Esta semana apareceu na internet um novo aliado. Confesso que quase fiquei sensibilizado com os depoimentos que me chegaram de senhoras aposentadas, viúvas, divorciadas, reclamando da proibição. Não se apresentavam como jogadoras compulsivas, mas como pessoas que buscavam fugir da solidão e do tédio no jogo, sua única opção de lazer. "Era o momento de encontrar as amigas, de conversar, tomar chá. Que pecado há nisso?"

Da parte delas nenhum. Mas quanto mais vêm à tona as atividades criminosas que se escondiam atrás da fachada dessas inocentes freqüentadoras - contravenção, narcotráfico, máfia, lavagem de dinheiro - mais se espera que o governo resista às pressões e não permita que os bingueiros revertam o jogo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/04/2004 - Página 9824