O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Como Líder. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, meu pronunciamento vai na mesma linha do pronunciamento do Senador Arthur Virgílio, e não combinei nada com S. Exª. Creio que estou vocalizando aqui, Srs. Senadores, uma preocupação que ouço não apenas no plenário deste Senado, inclusive de Senadores governistas, mas que ouço nas ruas, que ouço em todos os lugares aonde vou - e tenho contato com pessoas de todas as classes sociais -, para não dizer apreensão, que vai se disseminando na sociedade brasileira em relação à erosão da autoridade.

O movimento que começou travestido de social, mas hoje movimento político, que é o MST, vai numa escalada extremamente preocupante, Senador José Agripino. Ontem ameaçaram - não sei se vão cumprir a ameaça - invadir o Palácio das Princesas. E o líder do MST em Pernambuco confirmou que o Palácio do Governo Pernambucano pode ser invadido. Senador Suplicy, infelizmente não lhe posso conceder aparte.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pode.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - Não, estou falando como Líder. Tenho cinco minutos e vou cumprir rigorosamente. V. Exª depois ocupa a tribuna. Restam-me três minutos, Senador.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Fizemos um apelo inclusive ao Senador para que ficasse dentro do prazo.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - A medida provisória que está que está em vigor e que o Governo não revoga, segundo o representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário, não será cumprida. Não vai simplesmente cumprir a lei, e isso se chama prevaricação. Uma autoridade, representante de um Ministro, diz que não vai cumprir uma lei em vigor; o Movimento diz que vai invadir o Palácio do Governo; não se cumpre, como aconteceu ontem no Pontal de Paranapanema, três decisões judiciais. Onde é que vamos chegar?

O Senador Osmar Dias me dizia, há pouco, que o clima é muito ruim no meio rural do Paraná. Em Paranaguá existe uma fila de caminhões que já ultrapassou Curitiba. São mais de 90 quilômetros de fila. Existe outra fila de caminhões imensa no Rio Grande do Sul; devido à greve dos fiscais federais.

Ontem, um agrupamento de policiais federais, em frente ao Ministério da Justiça, em algumas ocasiões, xingava o Ministro. Segundo soube - não sei se é verdade porque não ouvi -, o Ministro teria sido chamado de uma espécie canina. Se isso não for deterioração da autoridade, não sei mais o que é.

Eu poderia estar aqui tripudiando sobre o Governo, também pedindo queda de juro, pedindo a cabeça do Palocci. Ontem vi o presidente de um partido pedir, depois de da demissão do Ministro Palocci, a demissão do Presidente do Banco Central. E mais, segundo dizem, não sei se é verdade, que estaria querendo nada mais, nada menos do que a Delegacia da Receita Federal em seu Estado, um setor que até aqui, graças a Deus, tem sido blindado pelo Governo. Se começarem a distribuir Delegacias da Receita Federal para os partidos aliados, acabou-se um dos centros de excelência do País.

Ouço hoje que cientistas da Embrapa sentem-se extremamente pressionados, porque querem tomar decisões políticas e ideologizadas também nesse centro de excelência do País.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM) - Sr. Presidente, um minuto a mais e já vou encerrar.

Não estou falando aqui como Senador de oposição, mas como cidadão brasileiro. Nesta marcha, o País vai degringolar, não sei aonde vai dar, e eu não serei beneficiário disso. Daí a minha preocupação.