Discurso durante a 29ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise do parecer do Senador Sibá Machado, sobre o Plano Plurianual (PPA), aprovado hoje pela Comissão de Orçamento.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ORÇAMENTO.:
  • Análise do parecer do Senador Sibá Machado, sobre o Plano Plurianual (PPA), aprovado hoje pela Comissão de Orçamento.
Publicação
Publicação no DSF de 02/04/2004 - Página 9124
Assunto
Outros > ORÇAMENTO.
Indexação
  • ANALISE, CRITICA, PARECER, AUTORIA, SIBA MACHADO, SENADOR, PLANO PLURIANUAL (PPA), APROVAÇÃO, COMISSÃO, ORÇAMENTO, ESPECIFICAÇÃO, SITUAÇÃO, REGIONALIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO, RECURSOS, UNIÃO FEDERAL, INJUSTIÇA, DISTRIBUIÇÃO, VERBA, FAVORECIMENTO, REGIÃO SUDESTE, INFERIORIDADE, PERCENTAGEM, DESTINAÇÃO, REGIÃO CENTRO OESTE, REGIÃO NORTE, REGIÃO NORDESTE, DEMONSTRAÇÃO, AUSENCIA, ATENÇÃO, GOVERNO, PROBLEMA, AMBITO REGIONAL.

A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou distanciar-me um pouco do tom exaltado dos debates desta tarde para comunicar a todo o País que votamos finalmente, na manhã de hoje, o relatório do PPA - Plano Plurianual. Foi o que motivou minha ausência na reunião da Comissão de Assuntos Sociais, nesta manhã. E, por ironia, enquanto eu ajudava o Governo a estabelecer o quorum na Comissão de Orçamento, para votar o PPA, o próprio Governo orientava os seus Senadores a obstruir a pauta da Comissão de Assuntos Sociais, porque havia um projeto que não era do seu interesse - aliás, um projeto importante, que inseria o tratamento dentário na rede do SUS.

Infelizmente, esta é a situação com que nos deparamos a cada dia nesta Casa: uma confusão estabelecida pelo próprio Governo, um desrespeito a esta Casa e àqueles que procuram cumprir com sua função.

A minha presença hoje na Comissão de Orçamento, para ajudar a manter o quorum e votar o PPA, deu-se pela importância da matéria para o País. Procurei contribuir com o Governo e aprovar o relatório do substitutivo do Senador Sibá Machado, embora entendendo que esse substitutivo fira todos os princípios da boa lógica da administração e do planejamento, porque prevê R$33 bilhões a mais do que o estabelecido no PPA passado. E o que é mais grave: a existência desses R$33 bilhões é duvidosa, porque provêm de receitas atípicas, que poderão vir ou não, conforme as ações da Justiça.

A maior prova de que esta Casa não deixou de trabalhar, apesar da tensão política dos últimos meses, foi o número de emendas acatadas pelo Senador Sibá Machado: 2.400 emendas apresentadas pelos Srs. Senadores e Deputados.

Gostaria de deixar registrado que lamento a falta de ousadia do Governo para defender o parecer inicial do Senador Roberto Saturnino. S. Exª adotou a iniciativa corajosa de introduzir no relatório a redução paulatina dos percentuais anuais de superávit fiscal primário: 4,25%, em 2004; 3,75%, em 2005; 3,5%, em 2006, chegando a 3,25% do PIB, em 2007. Isso, naturalmente, favoreceria um incremento de recursos para investimentos, o que infelizmente não ocorreu.

Contudo, a análise do PPA abriu-nos os olhos para uma realidade preocupante. Em primeiro lugar, quanto à questão da regionalização, um dos princípios básicos do Plano Plurianual, o que vimos ali foi a concentração de recursos na União. Cerca de 82% dos recursos do PPA encontram-se concentrados na União. Os 18% restantes, que perfazem um total de R$274 milhões, foram distribuídos por todas as regiões.

Nesse ponto, é preciso registrar a injustiça que é feita com o Centro-Oeste, região que tem mostrado sua pujança e colaborado muitíssimo com o superávit da balança comercial. Por incrível que pareça, apesar de todo o esforço feito pelo Centro-Oeste este ano e no ano passado, serão destinados à região, por meio do PPA, apenas 7% dos recursos, ou seja, R$20 bilhões.

Caberão ao Nordeste 22% dos recursos, ou seja, R$59 bilhões.

E a Região Norte fica com 9% dos recursos, R$25 bilhões.

Peço que V. Exªs prestem atenção na despreocupação do Governo com os problemas regionais. A região mais rica do País, a Sudeste, ficará com 40% dos recursos previstos no Plano Plurianual. Serão R$108 bilhões! E a Região Sul receberá apenas 11%, ou seja, R$31 bilhões.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as Regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, juntas, receberão 38% dos recursos totais. É um valor total inferior aos 40% destinados à Região Sudeste.

Outra questão que nos preocupa é a mania do Governo de trabalhar com megaprojetos.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO) - Já concluo, Sr. Presidente.

O Governo inovou ao inserir os megaobjetivos e os desafios. No entanto, não passam de um conjunto de boas-intenções, porque um deles seria “reduzir as desigualdades regionais e inter-regionais com a integração das múltiplas escalas espaciais”. Palavras bonitas, exatamente na contramão da divisão de recursos a que me referi, privilegiando a região mais rica, já desenvolvida.

Outro ponto para o qual chamamos a atenção no PPA refere-se às metas sociais. Esse é um Governo com compromisso com o social, que se preocupa muito com as metas macroeconômicas, mas, no PPA, não se vêem as metas macrosociais, ou seja, instrumentos para investir no social, para combater e reduzir a mortalidade infantil e outras ações na área de saúde, assistência, educação, problemas que afligem a população brasileira.

Infelizmente, esse é o Plano Plurianual que o Governo oferece à Nação e que votamos hoje. Mas entendemos que, apesar de todos os defeitos, de todas as dificuldades, precisávamos votá-lo, para que o Governo pudesse dar prosseguimento a sua gestão. Todos sabemos que as ações sociais e de infra-estrutura estão inteiramente paralisadas. Esta Casa, mais uma vez, dá demonstração de responsabilidade, votando o Plano para que o Governo possa incrementar as suas ações.

Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/04/2004 - Página 9124