O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o PSDB está realizando, em São Paulo, um seminário sobre educação, abordando pontos importantes que precisam da atenção permanente do Poder Público. Aqui, gostaria de lembrar alguns deles.

Atualmente, quase 100 milhões de brasileiros têm menos de 30 anos, portanto, estão na faixa de estudo. Dados mostram que evoluímos bastante. Atualmente 97% das crianças estão na escola. De 1994 a 2002, conseguimos um avanço significativo: das crianças de 7 a 14 anos, apenas 3% não estão hoje em sala de aula.

Na educação infantil, os números também são significativos. Passamos de 4,2 milhões, em 1994, para 4,973 milhões em 2002, um saldo de 21%, fruto, em especial, do avanço do Fundef, que deu melhores condições aos Municípios de assumirem a educação infantil.

No ensino médio, os dados também são significativos. Avançamos de cinco milhões de alunos, em 1994, para 8,8 milhões, em 2002, acréscimo de 78% apenas no período de gestão do meu Partido, o PSDB.

O seminário tem também o objetivo de discutir questões da educação superior, outro ponto que carece de atenção maior, já que está havendo uma demanda muito grande pelo ensino superior, o que, evidentemente, é muito positivo. Entretanto, como não há como atender a todos, esse assunto precisa ser discutido de maneira mais adequada.

É importante relembrar que foi defendido e aprovado nesse seminário do PSDB o aumento, em um ano, do ciclo do ensino fundamental.

Em Minas Gerais, este ano, o aluno ingressa no ensino fundamental aos seis anos, perfazendo um total de nove anos de estudo. Em meu Estado, já são cem mil alunos a mais apenas neste ano. Os alunos começam a alfabetização, o ciclo fundamental mais cedo, aos seis anos.

Sr. Presidente, também relativo à educação, trago aqui um pronunciamento a respeito de alguns dos mais importantes movimentos de renovação do nosso sistema educacional, cujo nascedouro seu deu em meu Estado, Minas Gerais.

Para mim, é motivo de grande júbilo render, desta tribuna, merecida homenagem à Professora Alaíde Lisboa de Oliveira, em seu centésimo aniversário. Uma das mais destacadas luminares da cultura e da educação brasileiras, Alaíde Lisboa completa, no próximo dia 22, cem anos, esbanjando saúde, lucidez e alegria de viver.

A Professora Alaíde nasceu em Lambari, a bela cidade mineira do Circuito das Águas. Ela, que, na infância, gostava de contemplar a liberdade das águas que jorravam das fontes em sua cidade natal, passou a adolescência em Campanha, Minas Gerais, mudando-se, depois, para o Rio de Janeiro, onde viveu de 1924 a 1934. De lá, transferiu-se para Belo Horizonte, cidade onde vive há 70 anos e que a tem como uma de suas mais queridas filhas.

Foi na capital mineira que Alaíde Lisboa construiu toda sua brilhante carreira, vivenciando a efervescência cultural e compartilhando idéias com alguns dos mais importantes intelectuais e literatos brasileiros. Sua obra, no entanto, transcendeu os limites de Minas Gerais, firmando-se como importante referência para os estudos educacionais realizados em todo o País.

Na Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico de Belo Horizonte, Alaíde Lisboa teve como professora, entre outros grandes mestres da educação mineira, Helena Antipoff, notável educadora vinda da Universidade de Genebra, de onde trouxe, com pioneirismo, a luz da psicologia e da psicanálise para o desenvolvimento das ciências da educação no Brasil.

Sr. Presidente, em 1950, Alaíde Lisboa tornou-se a primeira mulher a exercer cargo político em Minas Gerais, na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Como vereadora, dedicou-se a defender os profissionais do ensino e a propor melhorias no sistema educacional da cidade. Entre suas mais importantes iniciativas, destaca-se a criação da instituição de ensino que deu origem ao famoso Colégio Municipal Marconi, um marco de qualidade na educação do meu Estado.

A atuação de Alaíde Lisboa no desenvolvimento da cultura acadêmica mineira foi também muito significativa. Sua contribuição foi fundamental para a estruturação da área de educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Professora emérita daquela instituição, Alaíde organizou o mestrado em Educação e foi sua primeira coordenadora, atuando por diversos anos nos cursos de pós-graduação em Medicina. Foi também vice-diretora da Faculdade da Educação e diretora do Colégio de Aplicação por 13 anos. Trata-se, portanto, mais que uma carreira, de uma vida dedicada à pesquisa e ao magistério.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Alaíde Lisboa, imortal ocupante da cadeira nº 6 da Academia Mineira de Letras, publicou mais de 20 livros e inúmeros artigos, entre obras dedicadas ao público infantil, de caráter didático e sobre temas educacionais em geral.

Não obstante a importância dos estudos acadêmicos desenvolvidos pela respeitadíssima catedrática da UFMG, em sua obra se destacam dois singelos livros infantis: A Bonequinha Preta, com mais de um milhão de volumes publicados, e O Bonequinho Doce. Esses personagens encantadores, que povoam o imaginário de várias gerações de brasileiros, fizeram-nos descobrir, entre muitas outras coisas, o gosto pelos livros, o prazer da leitura. Talvez essa seja a mais importante lição ensinada por Alaíde Lisboa ao longo de sua vida.

Sr. Presidente, não poderia deixar de mencionar o fato de que, dando continuidade à tradição familiar de compromisso com a educação no Estado de Minas Gerais, a professora Maria Lisboa, filha da nossa querida Professora Alaíde, tem construído também carreira digna dos mais insignes elogios.

Fundadora do meu Partido em Minas Gerais, foi Secretária Municipal de Educação em Belo Horizonte, exerceu também o cargo de Secretária Adjunta de Educação do Estado de Minas Gerais no Governo Hélio Garcia. Na Prefeitura, na Administração Pimenta da Veiga e depois comigo.

Em exemplos edificantes assim, encontramos o combustível necessário para a luta cotidiana contra a desigualdade e pela construção de um País mais fraterno e mais humano.

Obrigado, Professora Alaíde Lisboa, pela sensibilidade com que tratou a educação e por tudo que nos tem proporcionado ao longo de sua belíssima vida.

Carlos Drummond de Andrade já falava, com muita clareza, da importância e da sensibilidade do seu trabalho, especialmente em relação à educação Infantil.

“O que seria do mundo se os homens não sonhassem?”, escreveu certa vez Alaíde Lisboa. Afinal, ela sabe que é das utopias que se extraem as energias para a construção de um mundo melhor. O que seria de nós, brasileiros, sem exemplos de vida, de dedicação e de sabedoria como o da Professora Alaíde Lisboa?

Nossos parabéns a essa grande educadora, que completa os seus cem anos daqui a dois dias, vivenciando a realidade brasileira, os sonhos brasileiros.

Muito obrigado, Sr. Presidente.