Pronunciamento de Heloísa Helena em 20/04/2004
Discurso durante a 40ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Rememora as datas comemorativas de 19, 21 e 22 de abril. Homenagem aos povos indígenas de Alagoas.
- Autor
- Heloísa Helena (S/PARTIDO - Sem Partido/AL)
- Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.:
- Rememora as datas comemorativas de 19, 21 e 22 de abril. Homenagem aos povos indígenas de Alagoas.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/04/2004 - Página 10610
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- REGISTRO, DATA, COMEMORAÇÃO, FATO, IMPORTANCIA, PAIS.
- SAUDAÇÃO, COMUNIDADE INDIGENA, OPORTUNIDADE, COMEMORAÇÃO, DIA, SIMBOLO, RESISTENCIA, INDIO.
A SRª HELOÍSA HELENA (Sem Partido - AL. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como só tenho cinco minutos, vou falar apenas de uma das datas desta semana. É uma semana de datas que simbolizam muita resistência, dias 19, 21 e 22 de abril.
Ontem foi o dia 19, que simboliza a resistência dos povos indígenas. Sobre os dias 21 e 22 de abril, vou deixar para falar na sexta-feira próxima, até porque, como o Congresso está paralisado, em função da base de bajulação do Governo e da promiscuidade estabelecida entre o Governo Federal e sua base aqui no Congresso, é até bom falarmos na sexta-feira, para não ficarmos muito envergonhados perante o povo brasileiro. E para que não seja cinismo da parte do Congresso Nacional apenas relembrar o dia 21 de abril sem atualizá-lo, até porque muitos comemoram o dia 21 de abril, Senador Jefferson Péres, e portanto celebram a resistência de 1780 diante da derrama, mas se esquecem de identificar quem são hoje os Viscondes de Barbacena e os Silvérios dos Reis, essas coisas que são muito importantes que relembremos e atualizemos a história.
Do mesmo jeito que atualizar o dia 22 de abril, que há dois anos foi muito comemorado, com relógios de contagem regressiva e com muitos penduricalhos comemoratórios, precisamos também, hoje, continuar falando sobre isso, porque infelizmente o Governo Lula, assim como o Governo Fernando Henrique, continua recebendo de forma hospitaleira as saqueadoras caravelas, que hoje já não são de românticas velas brancas, mas, com a velha verborragia dos memorandos técnicos, das cartas de ajustes, das cartas compromissos, mas igualmente saqueadoras, hoje, do Fundo Monetário Internacional. E se a própria história oficial manchou de sangue as românticas velas brancas das caravelas, manchou com o sangue do extermínio dos povos indígenas, manchou com o sangue do massacre aos povos indígenas, com certeza, hoje, as caravelas saqueadoras do Fundo Monetário Internacional continuam manchando de sangue a bandeira verde-amarela com o sangue, o desemprego e a dor do povo brasileiro.
Eu não poderia, Sr. Presidente, Srs. Senadores, deixar de fazer uma brevíssima homenagem aos povos indígenas do meu Estado. Até pensei, havia sido informada, que hoje teria uma sessão solene aqui no Senado. Acabou que não houve. A sessão foi ontem na Câmara dos Deputados. E não poderia deixar de fazer essa saudação à resistência dos povos indígenas, dessa grande história de luta. Desde o Império Colonial tentaram desestruturá-los, dizimá-los, na ditadura e na dita democracia, a ação de oligarquias regionais e locais, o Estado Brasileiro, com sua parcialidade hostil em relação a esses povos, as lembranças da escravidão, o controle, as limitações, a limpeza étnica, a imposição do mito da homogeneidade étnica e cultural.
As elites condutoras do País, os próprios governos, foram dando senhas que animaram fazendeiros, garimpeiros, madeireiros, possibilitando a multiplicação de conflitos e de violência entre as comunidades indígenas e as populações dos Estados. Estimularam e multiplicaram o conflito e a violência, desagregando as comunidades. Culturas foram violentadas.
Mesmo assim, diante de tantas adversidades, a força, a identidade cultural e a histórica dos povos indígenas estão se recompondo, se reinventando. Recuperando os limites de suas áreas, os índios estão lutando e projetando um futuro para as novas gerações. São comunidades livres e orgulhosas por se considerarem um povo, por terem uma história, um destino.
Não posso, Sr. Presidente, deixar de saudar e celebrar os povos indígenas de minha querida Alagoas. Além de celebrar Apoime, Cimi e várias entidades que representam e lutam pelos povos indígenas, não posso deixar de saudar os povos indígenas de minha Alagoas. Começando por Palmeira dos Índios saúdo os Xucuru-Kariri, em seguida os Tingui-Botó, de Feira Grande, os Karopotó, de São Sebastião e os Aconã, de Traipú. Indo para o sertão, saúdo os Jerinpako; os Karuazu; os Catokinn, de Pariconha; os Kallancó, de Água Branca; os Koiianka, de Mata Grande; os Kariri-Xocó, de Porto Real do Colégio, no Baixo São Francisco, Wassul-Cocal, de Joaquim Gomes, na Zona da Mata.
Enfim, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, trata-se apenas de uma breve saudação, embora breve saudação eles não mereçam, porque merecem muito mais pela sua história de resistência e de luta. Mas, infelizmente, nos cinco minutos que o Regimento me permite, faço esta saudação aos povos indígenas da minha querida Alagoas e deste Brasil afora pela sua resistência e luta.
É só, Sr. Presidente.