Discurso durante a 40ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Esclarecimentos sobre o pronunciamento de S. Exa. em defesa do governo.

Autor
Aloizio Mercadante (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Aloizio Mercadante Oliva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Esclarecimentos sobre o pronunciamento de S. Exa. em defesa do governo.
Publicação
Publicação no DSF de 21/04/2004 - Página 10628
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • COMENTARIO, TENTATIVA, ORADOR, RESPOSTA, DIALOGO, ESCLARECIMENTOS, NECESSIDADE, TEMPO, EFICACIA, SOLUÇÃO, PROBLEMAS BRASILEIROS, IMPORTANCIA, REPUDIO, HOMICIDIO, GARIMPEIRO, SIMULTANEIDADE, PROTEÇÃO, INDIO.

O SR. ALOIZIO MERCADANTE (Bloco/PT - SP. Para uma explicação pessoal. Sem revisão do orador.) - Concordo plenamente, Sr. Presidente. É um direito legítimo, e o Estado do Espírito Santo seguramente tem uma grande expectativa com relação a esse discurso. Todos nós que passamos por isso sabemos o significado da primeira intervenção, e eu jamais abusaria desta prerrogativa.

Sr. Presidente, quando venho à tribuna, busco responder, dialogar e construir argumentos para o País; não venho aqui para ter um interlocutor privilegiado, exclusivo ou auto-referente. O debate para mim é geral. Eu não mencionei porque não o fiz. Quando achei que deveria mencionar, mencionei, como foi o caso do Senador José Agripino, por quem tenho imenso respeito; e falei de forma franca, objetiva e concreta.

Objetivamente, conflitos sociais fazem parte da democracia. Por sinal, a democracia veio para permitir que eles existam porque durante a ditadura militar nós tivemos dois mil sindicatos sob intervenção; dirigentes sindicais cassados; não havia liberdade de expressão, organização ou manifestação, porque essa é a essência da ditadura militar. A democracia vem exatamente para permitir que os de baixo possam se expressar por meio das suas organizações populares, movimentos, culturas e fazer reivindicações perante o Estado. Nós no Senado sempre encontramos aqui poderosos interesses da sociedade constituídos e que têm uma capacidade fantástica de exigir seus interesses. Os de baixo nem sempre chegam aqui; alguns, por sinal, nunca chegaram.

Quanto às nações indígenas, que estão no território brasileiro desde o início dos primórdios, um único índio foi eleito para o Congresso Nacional na História da República, o que mostra que aqueles que não têm voz, nem vez, nem voto precisam, sim, de mediação e interlocução.

O massacre dos garimpeiros, que temos que repudiar com toda a veemência, não pode dar lugar à reconstituição de um discurso preconceituoso e próprio de uma cultura colonizadora que destruiu a identidade e a razão de ser desses povos. Daí a minha veemência em relação a esse episódio e outros que são recorrentes ao Governo anterior. Infelizmente, demoraremos para equacionar questões como a crise dos presídios, a moradia na periferia das grandes cidades que não podem ser tratadas com repressão e como problema de polícia, mas como questão social que precisa de interlocução, diálogo e negociação para que possamos construir uma sociedade mais solidária, mais generosa e com mais inclusão social para o povo brasileiro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/04/2004 - Página 10628