Discurso durante a 43ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Matéria publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, que corrige reportagem publicada anteriormente, sobre sua participação em episódio contra militantes da campanha Diretas Já, na Bahia.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA. POLITICA NACIONAL.:
  • Matéria publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, que corrige reportagem publicada anteriormente, sobre sua participação em episódio contra militantes da campanha Diretas Já, na Bahia.
Publicação
Publicação no DSF de 27/04/2004 - Página 11002
Assunto
Outros > IMPRENSA. POLITICA NACIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, RETIFICAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), INEXATIDÃO, INFORMAÇÃO, ATUAÇÃO, ORADOR, EX GOVERNADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), REPRESSÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, DEFESA, ELEIÇÃO DIRETA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • ANALISE, HISTORIA, BRASIL, REGIME MILITAR, MOVIMENTAÇÃO, SOCIEDADE CIVIL.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, seria até dispensável a minha palavra, mas penso que deve constar dos Anais da Casa o que vou declarar.

O Estado de S. Paulo publicou ontem que, no meu Governo na Bahia, foram lançados cachorros e soldados com baionetas contra aqueles que pregavam as Diretas-Já, tendo à frente o Presidente Ulysses Guimarães. Hoje, com muita decência, fez a retificação, demonstrando que não foi no meu Governo, mas no do meu sucessor, o Dr. Professor Roberto Santos - antes da Arena e atualmente do PMDB -, errando, entretanto, o ano, que não foi o de 1973, mas o de 1977. Diria mais: não foi em um bairro, mas no centro da cidade. Aqueles que clamavam pelas Diretas-Já se dirigiram para a sede do PMDB, no Campo Grande, ponto central de Salvador, e realmente foram atacados - alguns fugiram, outros reagiram - por cachorros e soldados. Mas, no meu Governo, isso não houve. No meu Governo, o que houve foi a abertura do primeiro congresso da UNE no Brasil, contra a vontade do Governo Federal - não só do SNI, como também do Ministro da Defesa e do Ministro da Educação da época. Não citarei nomes; basta procurar. O meu Governo fez o congresso da UNE, que decorreu na maior ordem, no Centro de Convenções do Estado, com ônibus dados pelo Governo do Estado. Reuniram-se lá milhares de estudantes, pela primeira vez, no Brasil, no regime militar.

Não quero que se pense que estou renegando o regime militar. Não o renego. Ao contrário, acredito que muita coisa boa foi feita naquele período, assim como outras tantas não mereciam ter sido feitas, e o foram. O regime de 1964, como bem diz a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, teve o apoio da população civil do Brasil, assim como também o teve o movimento pelas Diretas-Já, que derrubou o regime. Como digo sempre: não há movimento neste País sem o apoio popular.

O apoio popular levou à participação do Exército, porque o Governo de então não estava em uma fase boa para o País. Ao contrário. O regime se esgotou, não há dúvida disso - alguns Presidentes foram melhores do que outros -, mas não estou aqui a renegar 1964. Ao contrário, servi como Governador e como Prefeito nesse regime e pude fazer muito pela minha terra nesse período.

Hoje estou nesta tribuna para que, nos Anais desta Casa, conste que não foi no Governo de ACM que os cães avançaram no Dr. Ulysses e na sua comitiva. Foi no Governo do Dr. Roberto Santos, um professor universitário. Não diria que o considero culpado, mas talvez que não teve autoridade para comandar a Polícia Militar naquela ocasião. Os generais, quando encontravam Governadores que não reagiam, também tomavam medidas inadequadas.

Em todos os meus períodos de Governo, nenhum General se intrometeu, e eu pude governar com a indispensável independência, fazendo tudo o que era necessário para a Bahia.

Portanto, Sr. Presidente, repito mais uma vez: que nos Anais desta Casa se faça a retificação feita ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo - apenas errando o ano -, para que tenhamos no futuro uma história bem feita, não como agora está sendo divulgado, em que ACM aparece como pecador. Como eu já disse, tudo de bom e de mau que acontece na Bahia ou foi o Senhor do Bonfim ou fui eu; fico dentro dessa tese de que não tenho esse pecado. O pecado é do Dr. Roberto Santos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/04/2004 - Página 11002