Discurso durante a 45ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas à equipe econômica do governo Lula, destacando o aumento do desemprego. Apelo pela urgente retomada do crescimento econômico com a geração de emprego e renda.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Críticas à equipe econômica do governo Lula, destacando o aumento do desemprego. Apelo pela urgente retomada do crescimento econômico com a geração de emprego e renda.
Publicação
Publicação no DSF de 29/04/2004 - Página 11344
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • COMENTARIO, FLEXIBILIDADE, FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI), LIBERAÇÃO, INVESTIMENTO PUBLICO, BRASIL, INFRAESTRUTURA, AUSENCIA, INICIATIVA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), INICIO, NEGOCIAÇÃO, GOVERNO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, RESTRIÇÃO, CARACTERISTICA, ATIVIDADE, EMPRESA PUBLICA, CRITERIOS, ANALISE, CONTINUAÇÃO, DIFICULDADE, RETOMADA, CRESCIMENTO ECONOMICO.
  • APRESENTAÇÃO, DADOS, PESQUISA, CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDUSTRIA (CNI), REDUÇÃO, NIVEL, ATIVIDADE INDUSTRIAL, CRITICA, GOVERNO, PARALISAÇÃO, ECONOMIA NACIONAL.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, reiteradamente enfatizamos desta tribuna que a Oposição não negaria apoio ao Presidente Lula e ao seu Governo na luta pela flexibilização da política financeira internacional, que tem tratado o nosso País com perversidade.

Agora, o Governo comemora a concordância do FMI em retirar do cálculo do superávit primário os investimentos realizados por empresas estatais. Trata-se, sem dúvida, de um avanço, que creio não ser suficiente para as comemorações iniciais dos representantes do Governo nesta Casa, como ouvimos no dia de ontem.

Primeiramente, esse pleito não é uma iniciativa do PT e do atual Governo. As pressões para mudar os critérios de cálculo de gastos em infra-estrutura remontam à gestão passada de Fernando Henrique Cardoso.

Em 2000, o Presidente Fernando Henrique Cardoso manifestou publicamente o entendimento de que os parâmetros utilizados pela contabilidade do Fundo Monetário Internacional haviam se transformado em entraves para o investimento de empresas estatais em áreas vitais, como a de saneamento básico. E o FMI agora aceita um projeto-piloto de análise de investimentos públicos a partir do parâmetro das taxas de retorno dos empreendimentos na alavancagem da economia.

Sr. Presidente, o projeto a ser “testado” com o Fundo Monetário Internacional deverá circunscrever-se a empresas que se autofinanciem e cuja atividade não tenha impacto sobre a dívida pública. Portanto, não creio que haja motivo para grandes comemorações. O avanço não é significativo a ponto de merecer loas. O FMI, ao agir dessa forma, não está fazendo favor algum ao nosso País.

Vale ressaltar que o Ministro Antonio Palocci declarou em Nova Iorque que a questão fiscal é o compromisso de ouro da Administração Lula. É claro que destacamos a iniciativa de se estabelecer, a título experimental, esse novo critério fixado pelo Fundo. Contudo, é preciso que estejamos conscientes de que a mera exclusão de algumas operações contábeis do cálculo das metas fiscais não resolve esse duro impasse da retomada do crescimento econômico no nosso País.

Sem criatividade, sem inspiração e sem iniciativa, o Governo Lula até agora não dá sinais de obter sucesso em matéria de crescimento econômico.

Observem o resultado de pesquisa divulgada hoje pela manhã, realizada pela Confederação Nacional da Indústria entre os dias 29 de março e 19 de abril, com 1.218 empresas. O nível de atividade da indústria no primeiro trimestre caiu em relação ao último trimestre analisado. Os dados revelam que, no período, todos os indicadores que medem a evolução da atividade industrial - produção, faturamento, emprego e utilização da capacidade instalada - tiveram um desempenho negativo. A queda da renda, a exemplo do ocorrido em 2003, foi responsável pela retração na compra de alimentos pela população. Segundo a Associação Brasileira dos Supermercados, as vendas recuaram 2,86% em março e acumulam perda de 2,38% no primeiro trimestre de 2004. Portanto, o espetáculo do crescimento ainda não foi inaugurado em 2004.

O quadro em alguns estados da Federação é ainda mais grave. No Rio de Janeiro, por exemplo, os supermercados venderam 5,2% menos no primeiro trimestre.

É por isso que o jornalista Elio Gaspari cunhou a seguinte frase, com o seu habitual brilhantismo: “Atolou o Primeiro Emprego de Lula. Foi promessa, tornou-se lorota, terminou em vexame”.

Lamentavelmente, não é apenas o Primeiro Emprego que se torna um vexame do Governo Lula. A equipe do Ministro Antonio Palocci precisa considerar que o grande diferencial para a atração de investimentos externos reside no potencial do nosso mercado interno. A queda do poder aquisitivo da população, que reduz a sua capacidade de consumir e de comprar, desestimula os agentes produtivos na indústria e no comércio. Isso contém o processo de crescimento econômico e promove esse devastador aumento do desemprego no País, cujos números destaquei ontem desta tribuna.

A retomada do crescimento econômico com geração de emprego e renda será a fiadora da vinda dos recursos externos. Se não há sinalização para o dinamismo da nossa economia, evidentemente o fluxo de capitais externos do nosso País continuará extremamente comprometido.

Diz o Ministro Palocci que a questão fiscal é a meta de ouro do Governo. Então, que o emprego e a renda sejam, pelo menos, as metas de prata e de bronze do Governo!

É o que desejamos, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/04/2004 - Página 11344