Discurso durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Questiona a não aceitação de debate e o impedimento do uso da palavra.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Questiona a não aceitação de debate e o impedimento do uso da palavra.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2004 - Página 11718
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, INCOERENCIA, CONDUTA, LIDER, GOVERNO, AUSENCIA, ACEITAÇÃO, DEBATE, SENADO, ESCLARECIMENTOS, ATUAÇÃO, CRITICA, CRITERIOS, NEGAÇÃO, USO DA PALAVRA.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Para uma explicação social. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse episódio revela duas facetas da Oposição de ontem, Governo de hoje. Admiro muito a coerência das pessoas. O silêncio de alguns marca a posição coerente da trajetória de uma vida inteira. Não vou citar um ilustre Senador petista que aqui está ao lado, para não lhe dar o direito de invocar o art. 14, inciso VI, que lhe permitiria o uso da palavra para uma explicação pessoal.

Vamos observar duas coisas fantásticas. A primeira: implantou-se a ditadura do discurso monocórdio, em que o Líder foge do debate quando o argumento naturalmente também lhe foge. A partir de agora, pelo que se prenuncia, vamos ter aqui verdadeiras ladainhas, e não se poderá sequer trocar idéias ou contestar. 

O segundo fato grave é a tentativa de desacreditar o jornal Folha de S.Paulo, que, em outras ocasiões, foi tão usado, seguido e servido como exemplo pelo Partido que hoje governa o País. Digo isso com tranqüilidade, pois o Brasil inteiro assiste ao que se passa aqui no dia-a-dia. Essa metamorfose ambulante, no dizer do saudoso cantor Raul Seixas, é que assusta a todos nós.

Há dois dias, Senador Efraim, discutíamos aqui e éramos contra a votação do “trem da alegria”. O Senador Alvaro Dias fez vários pronunciamentos a respeito. Jurava-se de pés juntos que jamais seria usada medida provisória para o “trem da alegria”. E os jornais hoje começam a mostrar os próprios membros do Governo discutindo entre si as nomeações e a solução mágica: a criação de uma reserva técnica de setecentos cargos para resolver o fisiologismo do dia-a-dia, o que se combatia até há pouco tempo.

O Senador José Jorge, ao me citar, deixou-me nessa situação de constrangimento. Faço política gostando das coisas bem claras e acho que nada aqui ficou esclarecido. Respeito a preocupação da Liderança do Partido do Governo em exaltar obras em Antofagasta e não no Brasil. O Piauí merecia tanto o seu porto, as suas estradas. As estradas do Brasil estão esburacadas e nós a assistir aqui as louvações do que se faz no exterior. E virou moda: o BNDES financia a Venezuela, a Argentina, o Chile, e nós aqui estamos aguardando o espetáculo do crescimento.

Assim, faço este registro lamentando que se tenha instalado hoje a ditadura do monocórdio neste plenário, pela qual não se aceita o debate. Pode-se negar inclusive a palavra a um ou a outro, por questão de simpatia pessoal ou não, mas Líder de Governo fugir do debate, do esclarecimento à Nação?! Principalmente de um Partido que, durante vinte anos, defendeu a transparência e cobrava ações dos que governavam até então.

Faço este registro na esperança de que essas posições sejam revistas. Posição de Líder, posição de liderança é dolorida, é árdua, é difícil, e exige, acima de tudo, muita determinação e espírito público.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2004 - Página 11718