Discurso durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o emperramento da máquina estatal federal.

Autor
Eduardo Siqueira Campos (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre o emperramento da máquina estatal federal.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2004 - Página 11719
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, PARALISAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO FEDERAL.
  • ELOGIO, DECISÃO, GOVERNO FEDERAL, REFORÇO, DOTAÇÃO ORÇAMENTARIA, EXERCITO, MELHORIA, APARELHAMENTO, FORÇAS ARMADAS, AUMENTO, NUMERO, SOLDADO, GARANTIA, FORMAÇÃO PROFISSIONAL.
  • QUESTIONAMENTO, CONDUTA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO DESENVOLVIMENTO AGRARIO, APOIO, INVASÃO, ORGÃO PUBLICO.

O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esta semana fiz um pronunciamento em que procurava mostrar ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República, de maneira construtiva e respeitosa, a necessidade de maior interlocução com esta Casa, a necessidade de respostas. Ora, vejam V. Exªs que a jornalista Dora Kramer, em importante artigo -- como sempre são os seus artigos --, chamava a atenção para o fato de que o próprio Presidente da República reclamava do emperramento da máquina estatal.

Falei aqui sobre austeridade. Pude destacar o papel de alguns Governadores do PSDB, que administram os principais Estados brasileiros: Geraldo Alckmin, símbolo de austeridade; Aécio Neves, que está restaurando a capacidade de investimento do Estado de Minas Gerais, em uma administração exemplar. Todos, com diminuição da máquina, visam à recuperação do Poder Público, para que, efetivamente, atendam-se as demandas da população. Posso ainda continuar com os exemplos, citando o jovem Governador Marcelo Miranda, Marconi Perillo, Cássio Cunha Lima e os Governadores do meu Partido, que são motivo de orgulho.

Sr. Presidente, assisti ontem à notícia transmitida em todos os telejornais sobre a expectativa do jovem brasileiro não só com relação ao primeiro emprego, mas também quanto a integrar o quadro das Forças Armadas. É tão difícil a situação da população brasileira, que ingressar no Exército hoje é um sonho para milhares de jovens, porque ali existe a hierarquia, a instrução, a oportunidade da profissionalização e, além de tudo, o sustento. Não deixa de ser uma forma de emprego. Ontem, assisti com alegria à demonstração de que, em algumas unidades do Exército Brasileiro, os jovens estão sendo profissionalizados. Os jornais apontam hoje que isso deve custar mais de R$239 milhões ao Orçamento da União. Sr. Presidente, não há dinheiro mais bem investido: reaparelhar as Forças Armadas e proporcionar a disciplina e a hierarquia. É de exemplos que a juventude brasileira está precisando, Sr. Presidente. Nas cidades onde se proibiu venda de bebida alcoólica após as 22 horas, diminui-se o espancamento familiar, a violência contra criança, as mortes nos pequenos bares. A Nação clama por autoridade e não por autoritarismo, e nós temos estas instituições, Sesi, Sesc, Senac, o Sistema S - como nós costumamos dizer -, em convênio com o Exército e com as polícias militares na profissionalização de jovens.

Quero dar um exemplo de Palmas: a Prefeita de Palmas transformou o guarda metropolitano em um amigo da escola, em um guardião da escola. O que ocorreu, Sr. Presidente? A família se reaproximou da escola, afastaram-se os traficantes e as gangues. O próprio guarda metropolitano começou a identificar a possibilidade de formação de gangues, a Prefeitura entrou com os seus programas sociais e houve restauração no convívio da comunidade com a escola.

Gostaria de comentar aqui como algumas coisas são destoantes, Senador Flávio Arns. O Presidente da República não precisa ser autoritário para exercer a sua autoridade. O Presidente é um brasileiro que veio das camadas mais pobres, conhece a situação e, por isso, está fazendo com que o Exército acolha mais de 100 mil recrutas. Essa é uma excelente iniciativa do Senhor Presidente da República. Eu quero aplaudir a reorganização do Primeiro Emprego e o aumento de recrutas, porque, com o Exército, a família sabe que o jovem brasileiro estará em melhores mãos.

Contudo, continuo a citar algumas coisas destoantes. Nesta semana, o jornal O Globo destaca -- e vou-me valer apenas do que diz o jornal O Globo -- que o Ministro Miguel Rosseto -- por quem tenho respeito apenas por conhecer a sua biografia, mas de cujo posicionamento discordo integralmente -- participou de um encontro com os sem-teto em que se decidiu que poderia haver outros encontros com a invasão de prédios públicos, repartições públicas. Já custa caro para o contribuinte brasileiro manter uma repartição aberta. Aliás, creio que o contribuinte tem vontade de fechar muitas delas. Um Ministro de Estado concordar com esse procedimento faz parecer que temos dois Governos! Não sei se pelo excesso de ministérios, mas há peças destoantes. Enquanto o Ministro Roberto Rodrigues faz um grande trabalho pela agricultura, mola propulsora do desenvolvimento nacional, outro Ministro prega a invasão, defende a invasão de prédios públicos. O jornal O Globo faz uma advertência, na parte de Opinião, dizendo que, se isso vem de uma autoridade, destoa. Enquanto o Presidente da República fala em cem mil recrutas para o Exército, vem um Ministro e fala em ocupação de prédios públicos.

Neste ponto, transformo o meu pronunciamento, de forma muito positiva, para dizer: parabéns, Presidente da República; dê um reforço nas verbas orçamentárias do Exército, aparelhe melhor o Exército, a Marinha e a Aeronáutica e acolha a juventude brasileira, junto com o Sistema S. Isso é uma tranqüilidade. Permita aos Governadores de Estado que façam o mesmo com as polícias militares. Estamos precisando de hierarquia, de maior valorização da família, de valores, e, nessa hora, entendo que seja importante o papel do Exército Brasileiro. Quero parabenizar essa iniciativa do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ao finalizar, Sr. Presidente, já se disse que não se pode voltar atrás para recomeçar a vida, mas pode-se, a partir de agora, mudar o final da história. Ou seja, não me cabe aqui discutir o que passou. Atitudes importantes como essa sinalizam para uma postura do Governo altamente benéfica com o Exército, restaurando valores morais, éticos. O Presidente acerta ao aumentar o número de recrutas, valoriza a força do Exército, valoriza a Aeronáutica e a Marinha e restaura a esperança na juventude brasileira.

Era o registro que queria fazer, Sr. Presidente. Agradeço a V. Exª pelo tempo que me foi concedido.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2004 - Página 11719