Discurso durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao artigo intitulado "Privatização", publicado no jornal O Globo, de 21 de abril do corrente.

Autor
Sergio Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PE)
Nome completo: Severino Sérgio Estelita Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários ao artigo intitulado "Privatização", publicado no jornal O Globo, de 21 de abril do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2004 - Página 11755
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CRITICA, PARALISAÇÃO, GOVERNO, INCOMPETENCIA, IMPOSIÇÃO, AUTORIDADE, CONTENÇÃO, ABUSO, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, QUESTIONAMENTO, CONTROLE, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, IMPOSSIBILIDADE, EXECUÇÃO, POLITICA, DEFESA, INTERESSE SOCIAL.

O SR. SÉRGIO GUERRA (PSDB - PE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a Tribuna nesse momento para comentar o artigo intitulado “Privatização”, publicado no jornal O Globo de 21 de abril do corrente.

O artigo, que solicito seja dado como lido e considerado como parte integrante deste pronunciamento, mostra a paralisia e a postura vacilante do governo Lula diante dos diversos movimentos sociais.

Vale destacar, no texto, a idéia de que o imobilismo do atual governo tem a ver com o loteamento que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT fizeram de parte da máquina pública entre grupos de pressão, “entregando” órgãos como o Incra, a Funai, o Ministério do Desenvolvimento e o Ministério do Meio Ambiente.

O GLOBO, 21/04/04

PRIVATIZAÇÃO

Pode ser por viés ideológico, inexperiência administrativa ou ambos. O fato é que esse início de gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado do êxito indiscutível na estabilização da economia, tem revelado uma outra face, em que a paralisia e a postura vacilante diante dos ditos movimentos sociais começam a fundamentar as críticas de quem acha o governo pequeno diante da dimensão dos desafios inerentes a um país como o Brasil.

A radicalização dos sem-terra, a violência e a tensão em áreas indígenas, os obstáculos contra projetos importantes de infra-estrutura erguidos por inspiração de movimentos ambientalistas radicais, a tentativa de manter o país à margem dos avanços na biociência e a importação de conceitos racistas na implantação de projetos de ação afirmativa são alguns dos problemas que têm conseguido superar a capacidade do governo de administrar conflitos e fazer cumprir a lei.

O pano de fundo da questão tem a ver com o loteamento que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT fizeram de parte da máquina pública entre grupos de pressão: o Incra e o Ministério do Desenvolvimento Agrário foram doados ao MST e a frações mais à esquerda do PT; segmentos radicais ligados aos índios herdaram a Funai; movimentos negros passaram a ter linha direta com o Planalto; e ecopolíticos ocuparam o Ministério do Meio Ambiente.

Na prática, parte da máquina pública foi privatizada, e com isso o Palácio do Planalto abriu mão de executar nessas áreas políticas de Estado, de interesse amplo da sociedade. É por isso que o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, sente-se seguro para justificar o massacre de garimpeiros por índios cintas-largas com um argumento que serviria para explicar o assassinato de sem-terra por fazendeiros (“eles defendiam suas terras”). E sem que seja afastado imediatamente. Entende-se, também, por que o ministro Miguel Rossetto, ligado aos sem-terra, limita-se a comentar as invasões ilegais do MST com frases cândidas.

É possível que Lula, ao permitir o controle de parte da máquina do governo por esses grupos de pressão, ache estar angariando popularidade. Engana-se.

Jornal: O GLOBO

Editoria: Opinião

Tamanho: 362 palavras

Edição: 1

Página: 6

Caderno: Primeiro Caderno


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2004 - Página 11755