Pronunciamento de Heráclito Fortes em 30/04/2004
Discurso durante a 47ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Considerações à fixação do salário mínimo em R$ 260,00.
- Autor
- Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
- Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA SALARIAL.:
- Considerações à fixação do salário mínimo em R$ 260,00.
- Publicação
- Publicação no DSF de 01/05/2004 - Página 11811
- Assunto
- Outros > POLITICA SALARIAL.
- Indexação
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- APREENSÃO, CONDUTA, BANCADA, APOIO, GOVERNO, AUSENCIA, DEFESA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ESPECIFICAÇÃO, FIXAÇÃO, VALOR, SALARIO MINIMO.
O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, errei e, quando erro, tenho por costume reconhecer o erro e dar mão à palmatória, nobre Senador Tião Viana. Sempre dizia que o Governo gazeava as sextas-feiras. Não encontrávamos uma viva alma do Partido do Governo nas sextas-feiras. Hoje eu errei e tenho que dar a mão à palmatória.
Só que o Governo hoje veio demais, veio com a bateria toda, veio carregado. Tivemos quatro discursos seguidos aqui de integrantes da base do Governo, Presidente Sarney. Nenhum a favor, todos contra. A Senadora Serys Slhessarenko, o Senador Paulo Paim, com um discurso sofrido, ele que foi o grande timoneiro do Governo quando era Oposição na defesa do trabalhador brasileiro e que soube das notícias sobre a questão salarial por meio da Oposição, via Senador José Jorge. Depois, o pronunciamento sempre lúcido, mas sentido do Senador Cristovam Buarque, mostrando o seu ponto de vista. E o Senador Geraldo Mesquita, que não é do Partido, mas que tem sido um fiel escudeiro do Governo.
Não temos conseguido ver, Senador Alvaro Dias, ninguém da base do Governo, a não ser, para confirmar a regra da exceção, o Senador Tião Viana defender com sofreguidão e entusiasmo o Governo. Isso me deixa profundamente preocupado. Algo está errado: ou o Governo não está sabendo se comunicar ou está cometendo erro, como cometeu com o Senador Paulo Paim. Uma das maiores injustiças, uma ingratidão o que se fez com Paim e aqui foi dito. Lembro-me, Senador Tião Viana, de Paulo Paim percorrendo o Brasil inteiro, falando em nome do PT na defesa do trabalhador brasileiro. O discurso dele de oito, dez, doze anos atrás, meu caro Bispo Marcelo Crivella, é o mesmo de hoje: um salário mínimo justo. O mínimo que se poderia fazer com o companheiro seria chamá-lo ao canto e dizer: paciência, não é nada daquilo que sonhamos, mas pelo menos compreenda. Eu quero ter a consideração de lhe dizer para que não saiba nas ruas, ou por intermédio dos adversários, ou pelo noticiário.
Aliás, Sr. Presidente, o Senador José Jorge anunciou aqui um requerimento de importância simbólica muito grande ao Ministro Mantega: se o Governo Lula manterá a meta de dobrar o salário mínimo até o final do Governo. Soa muito bem o requerimento neste momento, porque já se vai caminhando para o segundo ano. Ora, se nos dois primeiros anos o aumento foi perto de zero, como é, meu caro Senador Tião Viana, que vamos dobrar o salário nos dois anos que faltam?
Esse requerimento do Senador José Jorge, tenho certeza, não vai ficar sem resposta, e será um requerimento da maior importância, não para nós da Oposição, mas para os trabalhadores brasileiros que confiaram nas promessas feitas em praça pública. Tenho certeza de que, tendo em mãos um documento dessa importância, poderão balizar de maneira sombria ou desesperada os seus passos daqui para frente.
Portanto , Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não poderia deixar de fazer esse registro da presença da Oposição, do Governo às sextas-feiras. Vejam bem, estou trocando a Oposição com o Governo pelo comportamento do Governo nos discursos feitos aqui, de oposicionista. Tanto é verdade que gostaria de sugerir a meus companheiros de oposição agora: podem ir para as suas bases às sextas-feiras. Não é preciso mais desse plantão que fazemos aqui, porque o próprio Governo, a partir de hoje, começou a se encarregar de falar mal dele próprio.
Vamos poder, a partir de agora, descansar nas sextas-feiras, Senador Alvaro Dias, visitar nossas bases. Vamos deixar que eles tomem conta da tribuna. Eles nos substituirão com muita honra, com muita galhardia.
Muito obrigado.