Discurso durante a 47ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Impacto do reajuste do salário mínimo. Críticas ao Programa Primeiro Emprego. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SALARIAL. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Impacto do reajuste do salário mínimo. Críticas ao Programa Primeiro Emprego. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 01/05/2004 - Página 11821
Assunto
Outros > POLITICA SALARIAL. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, DIVERSIDADE, ARTIGO DE IMPRENSA, NOCIVIDADE, EFEITO, DIVULGAÇÃO, INDICE, INFERIORIDADE, REAJUSTE, SALARIO MINIMO, CRITICA, AUSENCIA, IDONEIDADE, CONDUTA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, QUESTIONAMENTO, PROGRAMA, EMPREGO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje acordei sob o impacto das repercussões em torno do reajuste do salário mínimo. Sobre isso já discorreu, de maneira muito percuciente, o Senador Álvaro Dias, pelo meu Partido.

Detive-me em outro episódio do noticiário dos jornais, a começar pela matéria publicada em O Estado de S. Paulo, que peço seja transcrita, cujo título é: “Lula se cala sobre mínimo e comemora a vitória na OMC”. Isso é esquisito, em se tratando do Presidente Lula.

Em discurso o Presidente critica o Governo FHC por não afrontar os Estados Unidos, ou seja, a política que Sua Excelência propõe é a de afrontar os Estados Unidos.

Depois, temos aqui o jornal O Globo. Essa matéria está impagável. Matéria da jornalista Kátia Seabra e do jornalista Bernardo de La Peña*. Vou ler:

Um dia, acordei invocado e telefonei para Bush. Em jantar com a Bancada do PTB, Lula deixa a modéstia de lado e ainda desafia assessores de FH para um debate.

Sua Excelência pode escolher com que assessores de FH quer debater. Ofereço-me. Inclusive, fui assessor do Presidente Fernando Henrique, Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República. Estou às ordens. Acho esquisito Sua Excelência debater com um Senador, nunca vi um Presidente debater assim, mas se Sua Excelência quer, estou às ordens para debater com o Presidente da República. Sua Excelência pode escolher local e hora, porque o desafio está aceito.

Ele diz:

Lula disse que Malan competia intelectualmente com colega da Argentina, Domingos Cavallo, e Fernando Henrique competia com Menem para ver quem tinha o cabelo mais bonito.

Aí o jornalista diz maliciosamente que o clima lá era de comes e bebes. Enfim, o Presidente assim se expressa: “Um dia, acordei invocado e telefonei para o Bush”. Ele contou também que ligou para os Primeiros-Ministros Tony Blair*, da Grã-Bretanha, e Gerhard Schroeder*, da Alemanha, para falar sobre o FMI, ou seja, ele considera extraordinário que o Presidente do Brasil seja atendido ao telefone por algum chefe de Estado de alguma potência relevante para o País.

E mais ainda:

Muitas invasões de terra acontecem por causa das usinas falidas... O problema de Pernambuco é que tem muito usineiro falido - disse isso, causando desconforto ao Líder do PTB, Sr. Deputado José Múcio Monteiro*.

Vamos agora ao que interessa mesmo. O Presidente esteve, ontem, inaugurando quatro empregos. Ele se deslocou para um evento, que nem ele mesmo entendia por que o evento foi incluído na agenda, segundo o jornalista Ricardo Galhardo*, ou seja, uma cerimônia para lançar quatro empregos.

Tratava-se de uma cooperativa que tinha oito empregos, passou para 12. Houve um aumento substancial de 50%, sendo que se aumentar mais 50% vai para 18. Pode ser que, lá pelo ano de 3000, chegue a 100.

Temos aqui uma coletânea de pensamentos do Presidente.

O que disse Lula que faria antes:

Não estamos lançando hoje a proposta do Primeiro Emprego, porque queremos trabalhar melhor para lançarmos uma proposta que entre em execução imediatamente, porque, para nós, emprego é uma obsessão.

O projeto vai sofrer modificações, porque não conseguiu gerar os empregos que pretendia. Em vez dos mais de 100 mil prometidos, criou apenas 725 empregos.

Outra:

Convencer 27 governadores a descerem comigo do Palácio do Planalto e levar as Propostas de Reforma ao Congresso Nacional.

As propostas foram aprovadas ao longo de 2003 mas com modificações. A reforma tributária ainda depende de uma série de votações que estão programadas na Emenda para 2005. Os Governadores reclamam o não cumprimento de palavra por parte do Presidente da República.

Antes:

Quando ganhamos a eleição, algumas pessoas diziam: “O dólar vai a R$5, o risco-Brasil vai a 10 mil pontos, o PT não vai conseguir controlar a economia.

Hoje o dólar está no mesmo patamar do ano passado - 2,96 - e o risco-Brasil caiu de 815, em 1º de maio, para 663 pontos, o que ainda é altíssimo para a própria média brasileira que é ruim -acrescento eu.

Vicentinho se prepare porque a qualquer hora dessa eu entro no Congresso Nacional para lhe comunicar: “Vicentinho, o salário mínimo já vale US$100.00.”

O mínimo valia, em 1º de maio de 2003, US$84.00. Foi reajustado para R$260,00 - o equivalente a US$88.00. Lula prometeu, em campanha, dobrar o valor real do salário mínimo em quatro anos.

Também não queremos que o dólar caia demais. Temos responsabilidade com as nossas exportações e precisamos que o dólar se mantenha numa certa estabilidade.

Hoje, não foi preciso aumentar o dólar para as exportações brasileiras continuarem evoluindo no progresso que já vinham alcançando nos últimos quatro anos.

“Mas pode ficar certo de que, há cada ano, eu pretendo vir aqui prestar contas aos trabalhadores das coisas que estamos fazendo no campo social”.

“Hoje, as manifestações na área social aumentaram. O MST fez no mês de abril de 2004 invasões de terras. O Movimento dos Sem Teto estão também insatisfeitos. “

“Sei do sofrimento de um desempregado porque já vivi a crise de 1965, ficando 11 meses desempregado e sei o que se passa na cabeça de um desempregado.”

“Hoje, o desemprego em março de 2004, segundo o IBGE, era de 12,8% contra 12,1% em 2003.“

“O nosso Ministro da Educação assumiu publicamente o compromisso de alfabetizar 20 milhões de pessoas neste País.” Isso antes. Hoje: “O então Ministro da Educação Cristovam Buarque caiu na primeira reforma ministerial e as prioridades do Ministério foram mudadas.”

Antes, dizia: “Da mesma forma que o Graziano* e o Oded Grajew, que estão aqui e têm a responsabilidade maior pela implantação e execução pelo Programa Fome Zero”.

Esteve aqui há poucos dias o Sr. Patrus Ananias, dizendo que o Programa Fome Zero não era programa, era um movimento. Isso esconde a idéia de que o movimento fracassou. Movimento é coisa intangível. Acho que o programa fracassou.

Hoje: “José Graziano perdeu o cargo no Fome Zero e voltou ao Governo como assessor e Oded Grajew, assessor especial da Presidência, deixou o Governo a pedido. O Programa Fome Zero não apresenta ainda resultados concretos.”

Fiz aqui alguns pequenos comentários, Sr. Presidente. Peço apenas a transcrição desta matéria impagável, publicada hoje pelo Valor Econômico, jornal que não faz panfletagem política, que trabalha o fato econômico sobretudo. A matéria tem o título “Um dia acordei invocado, telefonei para Bush”; e do título e subtítulo desta outra matéria do jornal O Estado de S. Paulo: “Lula se cala sobre mínimo, comemora vitória na OMC” e “em discurso, Presidente critica governo FHC por não ‘afrontar os Estados Unidos”.

O Presidente precisa acordar invocado e mandar seus Ministros trabalharem. Isso seria melhor, o Brasil ganharia mais. Essas bravatas não redundam em emprego.

Mande seus Ministros trabalharem de maneira invocada, Presidente, que o seu Governo andará melhor ou menos pior.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

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SEGUEM DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

Artigo do Valor Econômico intitulado: “Um dia acordei invocado e telefonei para Bush”.

Artigo do jornal O Estado de S.Paulo intitulado: “Lula se cala sobre mínimo e comemora vitória na OMC”.

Artigo do Valor Econômico intitulado: “Argentina estuda criar estatal do petróleo”.

Artigo do jornal O Estado de S.Paulo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/05/2004 - Página 11821