Discurso durante a 47ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Estudos do fotógrafo Platão Arantes que indicam fraude na história de Henri Charrière - Papillon.

Autor
Mozarildo Cavalcanti (PPS - CIDADANIA/RR)
Nome completo: Francisco Mozarildo de Melo Cavalcanti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Estudos do fotógrafo Platão Arantes que indicam fraude na história de Henri Charrière - Papillon.
Publicação
Publicação no DSF de 01/05/2004 - Página 11836
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • REGISTRO, TRABALHO, FOTOGRAFO, NACIONALIDADE BRASILEIRA, INVESTIGAÇÃO, FRAUDE, HISTORIA, FUGA, PRISIONEIRO, PRESIDIO, PAIS ESTRANGEIRO, GUIANA FRANCESA.

O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PPS - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, a história épica de Papillon, notório fugitivo francês do começo do século passado, emocionou várias gerações em todo o mundo, tanto nos livros quanto nas telas de cinema. Escapando da colônia penal conhecida como “Ilha do Diabo”, na Guiana Francesa, Papillon executou um dos mais fabulosos e mirabolantes planos de fuga já vistos, conseguindo sobreviver às mais terríveis intempéries.

Diziam que ninguém jamais conseguiria escapar com vida daquela prisão. O mar em sua volta era infestado de tubarões ferozes, mas Papillon e alguns companheiros construíram uma improvisada balsa de madeira e se lançaram ao mar. Somente ele e outros três fugitivos sobreviveram.

Por muito tempo se soube que o escritor Henri Charrière, autor do livro de estrondoso sucesso que em seguida seria adaptado para o cinema, era o próprio Papillon, personagem central de sua história. Entretanto, segundo extensas pesquisas feitas pelo fotógrafo Platão Arantes, novos documentos parecem desmentir a versão do aclamado escritor. O verdadeiro Papillon seria René Belbenoit, e estaria sepultado na Vila Surumu, em Roraima.

Relatos de moradores da região do Município de Normandia - que tem esse nome justamente em homenagem à terra natal de Papillon - dão conta de que, em 1940, passaram pela região Henri Charrière, Maurício Habert, Roger e René Schehr, sendo este último o único que tinha a famosa borboleta tatuada no peito. Posteriormente, segundo Platão Arantes, Henri Charrière refugiou-se nos Estados Unidos e publicou a história como se ele fosse Papillon, tatuando uma borboleta no peito tal qual seu companheiro de jornada. René Schehr, ou René Belbenoit, que viveu e está sepultado em Roraima, seria o verdadeiro Papillon.

Para construir tal tese, Platão Arantes teve acesso a uma foto de Papillon encontrada em um museu na Guiana Francesa e a comparou com outra foto tirada nos Estados Unidos. Enviados os documentos para a análise de peritos da Suíça, ficou constatado que eram pessoas diferentes. Platão também se valeu de depoimento dado pelo Professor Parazinho, sócio durante dez anos de René Schehr em um garimpo, no qual afirma categoricamente que Henri Charrière jamais escreveu o livro, apenas se utilizou dos manuscritos de René e os adulterou.

Ainda segundo Platão Arantes, após a morte de René, tudo o que lhe pertencia e que poderia servir como prova da grande farsa montada foi destruído. Sob a alegação de que sua morte fora resultado de doença contagiosa, os moradores locais foram incentivados a apagar todos os vestígios de sua estada na região.

Se a tese levantada pelo fotógrafo Platão Arantes, calcada em análises periciais e depoimentos de habitantes da região, realmente for válida, estaremos diante de uma das maiores fraudes da literatura mundial: um dos maiores sucessos editoriais de todo o mundo seria, na verdade, uma história roubada de um personagem que ainda vivia escondido na selva roraimense.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, todo esse imbróglio deve ser profundamente investigado e esclarecido, para que possamos conhecer a verdadeira história desse personagem mítico que foi Papillon. E se ele realmente viveu e está sepultado em Roraima, há que se fazer a devida correção histórica.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/05/2004 - Página 11836