Pronunciamento de Arthur Virgílio em 04/05/2004
Discurso durante a 49ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comparação dos aumentos concedidos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao salário mínimo, criticando seu baixo valor atual. (como Líder)
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA SALARIAL.:
- Comparação dos aumentos concedidos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao salário mínimo, criticando seu baixo valor atual. (como Líder)
- Publicação
- Publicação no DSF de 05/05/2004 - Página 12030
- Assunto
- Outros > POLITICA SALARIAL.
- Indexação
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- COMPARAÇÃO, POLITICA SALARIAL, ATUALIDADE, GOVERNO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, FOTOGRAFIA, PUBLICAÇÃO, IMPRENSA, CONTRADIÇÃO, MEMBROS, GOVERNO FEDERAL, EPOCA, EXERCICIO, OPOSIÇÃO.
- CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, MELHORIA, SALARIO MINIMO.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, falando ainda e mais uma vez de salário mínimo, temos que, no primeiro ano do Governo anterior, o aumento real foi de 22,6%. Posso pegar aleatoriamente outros meses. Houve um mês terrível, em 2002, com apenas 1,27% de ganho real, Senador José Agripino. A média dos oito anos, cheios de crises internacionais, do Governo Fernando Henrique Cardoso, foi de 5% mais ou menos.
No primeiro ano, o Presidente Lula deu 1,2% de aumento real. No segundo ano, dá 1,7% de aumento real.
É de se registrar que, vigorando em 1999 o salário mínimo de R$136,00, o Presidente Fernando Henrique - eu era Líder do Governo naquela época - concedeu R$15,00 apenas de aumento, e o mínimo, em 2000, passou a R$151,00. Isso significou 5,39% de ganho real. Ou seja, em 2000, o Presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu R$15,00 ao salário mínimo, equivalendo isso a 5,39% - é muito mais do que 1,2%, muito mais do que 1,7%, muito mais do que 1,2% somado com 1,7%.
O Correio Braziliense, em reportagem bem recente - do sábado, se não me engano -, publicou pela primeira vez foto que o jornal O Globo também publica hoje. O título de O Globo é “Mudou o tom”. É uma pena que não dê para mostrar com tanta nitidez, porque a foto é um charme. São pessoas que vêem muito televisão, uma prova de que são brasileiros que se ligam no dia-a-dia das pessoas. Chico Anysio fazia um quadro em que falava assim: “E o salário mínimo, ó!” E Chico Anysio fazia um gesto que indicava que era pequenino.
Então, nesta foto, todos aqui, adultos, barbados uns, outros não, mas todos com plena capacidade de deixar suas barbas crescerem, aqui estão as figuras, com fisionomias melancólicas, tristes. O Ministro Berzoini não consegue, nem na hora da ironia, ser alegre. Está aqui o Berzoini: E o salário mínimo, ó (e faz o gesto de que o salário mínimo é pequenino), criticando o salário mínimo do Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Está aqui o Líder Mercadante, meu querido amigo, constrangido. Bom economista que é, está aqui, sério. E o salário mínimo, ó! E mostra que é pequenininho.
Um caso me decepciona um pouco, porque se trata de figura que reputo a mais equilibrada desse ministério: até o Ministro Palocci, que não pode ter aprendido rudimentos de economia só depois de ter sido nomeado, pois deveria saber disso antes, até o meu amigo Ministro Palocci está aqui: E o salário mínimo, ó! Deste tamanhinho!
Está aqui o Ministro dos Esportes, Agnelo Queiroz, numa posição olímpica, de atleta indo para Atenas: E salário mínimo, ó!
Estou querendo destacar as pessoas mais ilustres. Está aqui o meu querido amigo, Prefeito de Aracaju, Marcelo Déda: E o salário mínimo, ó!
Senador José Jorge, é assim que eles falam: Ó! É bem pequenininho. Referiam-se ao ganho real de 5,73%.
Tento identificar as figuras. Tem mais gente ilustre, mais gente boa aqui. Está aqui o Ministro José Dirceu. E cheguei a pensar que era o então Deputado Haroldo Lima, mas a Senadora Heloísa Helena me corrigiu. Olhei bem de perto, coloquei os óculos, e vi que é o Deputado José Dirceu e ele está felicíssimo da vida. Ninguém consegue ver o Ministro José Dirceu sorrir mais, principalmente depois do episódio Waldomiro Diniz. Ele não sorri mais. Acho que nem no tal jantar de desagravo - não entendi o porquê - dos artistas ele ficou tão feliz como está aqui, de camisa aberta, com um ar que eu não diria debochado, sou uma pessoa de boa-fé - não diria que sou puro -, mas feliz da vida com o que imaginava fosse um impasse criado para outro Governo. E aqui está o José Dirceu: E o salário mínimo, ó! Muito bem.
Sr. Presidente, concluo de maneira bem breve: por que essa carga de desgaste do Presidente Lula? Por que essa carga de desgaste sobre o Governo? É precisamente porque o Governo deu um salário mínimo menor do que esse, deu um salário mínimo tão pequeno que os dedos encostam um no outro. Será por isso? Não é só por isso. É porque o PT ganhou as eleições praticando um grave estelionato eleitoral, prometendo que dobrava em quatro anos o valor real do salário mínimo. É porque eles ganharam as eleições prometendo algo que lhes está sendo legitimamente cobrado pelos trabalhadores de salário mínimo. E agora eles não têm respostas para dar, porque toda a base de apoio se corrói na contradição entre o Governo ideal, prometido na campanha, e o Governo da realidade, que não vai para o plano do ideal, até porque não consegue sequer manobrar a máquina administrativa, que se tem comportado como um cavalo indomável, colocando no chão os falsos peões.
(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Não trabalham com competência a idéia de domar a máquina pública brasileira.
Seria normal o Presidente conceder um aumento maior em um ano e, em outro, um aumento menor. É normal, sim, a preocupação com a previdência social e com as contas públicas. O que não é normal é ganhar a eleição à base do deboche contra o que o outro Governo considerava possível. E, agora, tenta-se convencer todos de que esse Governo é composto por pessoas sem passado, sem fotografia. Há pelo menos uma fotografia, que estou enviando para publicação nos Anais, em que há figuras fantásticas: todos aparecem com cara de garotos em férias, abandonando a pose de estadistas da Esquerda brasileira. Todos parecem garotos em férias que aqui se estão divertindo, quem sabe, à custa do povo brasileiro.
(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Já concluo, Sr. Presidente.
Eles diziam que o salário mínimo daquela época era ínfimo. E eu digo, Sr. Presidente, que o povo está farto, que o Governo do Presidente Lula é que é pequeno. Este é o tamanho do Governo que está sendo mostrado à Nação.
Nada como um dia após o outro, nada como um político aprender que é bom manter sua coerência, porque quem não é coerente termina pagando o alto preço de ser cobrado perante essa exigente, indomável, irredenta, valente, lúcida e, cada vez mais, politizada sociedade brasileira.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)
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Matérias referidas: fotografias.