Pronunciamento de Paulo Paim em 05/05/2004
Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Instalação da Comissão Mista que analisará a medida provisória do salário mínimo. Homenagem ao poeta Mário Quintana, falecido há dez anos. Louvor ao artigo do Vice-Reitor da UNB, Senhor Timothy Martin, publicado pela Folha de S.Paulo, sobre a adoção da política de quotas por aquela entidade.
- Autor
- Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
- Nome completo: Paulo Renato Paim
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA SALARIAL.
HOMENAGEM.
DISCRIMINAÇÃO RACIAL.:
- Instalação da Comissão Mista que analisará a medida provisória do salário mínimo. Homenagem ao poeta Mário Quintana, falecido há dez anos. Louvor ao artigo do Vice-Reitor da UNB, Senhor Timothy Martin, publicado pela Folha de S.Paulo, sobre a adoção da política de quotas por aquela entidade.
- Publicação
- Publicação no DSF de 06/05/2004 - Página 12253
- Assunto
- Outros > POLITICA SALARIAL. HOMENAGEM. DISCRIMINAÇÃO RACIAL.
- Indexação
-
- REGISTRO, INSTALAÇÃO, COMISSÃO MISTA, DEBATE, MEDIDA PROVISORIA (MPV), SALARIO MINIMO, ANUNCIO, AUDIENCIA PUBLICA, ECONOMISTA, ENTIDADES SINDICAIS, REPRESENTAÇÃO, APOSENTADO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL (MPS), MINISTERIO DO ORÇAMENTO E GESTÃO (MOG), OBJETIVO, SUBSTITUTIVO, AUMENTO, VALOR, REAJUSTE, DEFINIÇÃO, FONTE, RECURSOS.
- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, MARIO QUINTANA, POETA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
- TRANSCRIÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, AUTORIA, VICE REITOR, UNIVERSIDADE DE BRASILIA (UNB), PUBLICAÇÃO, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEFESA, SISTEMA, COTA, NEGRO, EXAME VESTIBULAR, OBJETIVO, INCLUSÃO, POPULAÇÃO, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO RACIAL.
O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, hoje pela manhã, o Congresso instalou a Comissão Especial que discutirá a medida provisória do novo salário mínimo. Fazia alguns anos que a comissão que deveria debater assunto tão importante como este, que, repito, interessa a milhões de brasileiros, não era instalada.
O Presidente é o Senador Tasso Jereissati; este Senador é o Vice-Presidente; e o Deputado Maia é o Relator da matéria. A Comissão já deliberou que, na próxima terça-feira, às 10 horas, ouviremos o economista Márcio Pochmann, Sebastião Nery, as Centrais Sindicais, a Cobap - Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas. Na quarta-feira, ouviremos os Ministros da Previdência e do Planejamento, Orçamento e Gestão.
A intenção do Relator é que, na quarta-feira à noite ou na quinta-feira, deliberemos sobre o resultado do trabalho no que se refere ao valor do salário mínimo.
Sr. Presidente, reafirmo que, na Comissão, apontaremos as fontes de recursos para elevarmos o valor do salário mínimo, sem a exclusão dos aposentados e dos pensionistas. O importante, como fizemos no passado, em relação ao mesmo tema, é construirmos um substitutivo em parceria com o Governo. Percebo que ninguém tentará aprovar na Comissão um projeto irreal, como este Plenário debateu ontem. O projeto deverá estipular um valor próximo a US$100, segundo percebi ser a vontade da maioria dos membros da Comissão instalada hoje pela manhã.
Sr. Presidente, quero ainda fazer uma homenagem a Mário Quintana. No dia de hoje, completam-se 10 anos do falecimento do poeta das coisas simples.
Mário Quintana era gaúcho. A lacuna que ele deixou na literatura brasileira permanece aberta, tão grande foi a sua obra. Resta-nos o consolo de revisitar os seus escritos e continuar bebendo de sua generosa fonte literária.
Uma marca de Mário Quintana foi sua despreocupação em relação à crítica. Costumava dizer que fazia poesia porque “sentia necessidade”.
Em sua poesia há um constante travo de pessimismo e muito de ternura por um mundo que lhe parecia adverso.
Mário Quintana, nas palavras de Fausto Cunha, autor de um livro sobre o poeta, “soube manter-se fiel ao seu gênio poético, à sua vocação lírica, quando tantos em torno dele se esgotavam em caminhos equivocados”.
E poetando suas emoções, seus sentimentos, ele faz de si um espelho do mundo que o cerca, não raro abrindo mão de sua face dita angelical para refletir imagens da vida com fina ironia e, às vezes, com ácido sarcasmo.
Um lirismo quase puro como o de Mário Quintana é raro em nossa poesia moderna. Autêntico, elaborado e musical, ele tornou-se um dos grandes líricos contemporâneos.
De sua obra, pincei alguns versos, que espelha o mundo que nos cerca, a realidade que vivemos, inclusive nós, homens públicos.
Das Utopias:
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
Da observação:
Não te irrites por mais que te fizerem...
Estuda a frio, o coração alheio,
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
Da discrição:
Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
E o amigo do teu amigo
Possui amigos também...
A sabedoria de Quintana - sou metido a escrever poesias - deixa-me empolgado a fazer essa pequena leitura.
O homem Mário Quintana e sua inesgotável obra merecem que esta Casa sempre os reverenciem, porque a saudade está presente junto de nós. Que saudade, que lembrança do nosso velho e querido poeta Mário Quintana!
Sr. Presidente, prometi a V. Exª que não usaria os vinte minutos. Faço questão de deixar aqui um belíssimo artigo, escrito pelo Vice-Reitor da UnB, sobre a adoção da política de cotas.
O artigo do Vice-Reitor, Timothy Martin Mulholland, que é branco, foi publicado, hoje, na Folha de S.Paulo. Com um linguajar muito fácil, ele conta que esteve na África do Sul, nos Estados Unidos, viajou por toda a Europa, e revela a importância da ousadia, da rebeldia da ação implementada pela UnB de adotar uma política de cotas como forma de inclusão social e de combate ao preconceito, que exclui grande parte dos afro-brasileiros que lutam por um lugar ao sol.
Parabéns, Professor Timothy, Vice-Reitor da UnB. Esse artigo ficará na história do País e, com certeza, na história do Senado da República.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Veja bem que usei somente dez minutos do meu tempo, conforme combinado.
Muito obrigado.
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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR PAULO PAIM EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)
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Matéria referida: Artigo do Sr. Timothy Martin Mulholland