Pronunciamento de Maria do Carmo Alves em 06/05/2004
Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Considerações sobre a desigualdade social no Brasil.
- Autor
- Maria do Carmo Alves (PFL - Partido da Frente Liberal/SE)
- Nome completo: Maria do Carmo do Nascimento Alves
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA SOCIAL.:
- Considerações sobre a desigualdade social no Brasil.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/05/2004 - Página 12722
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL.
- Indexação
-
- COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), REGISTRO, DADOS, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), DESIGUALDADE SOCIAL, BRASIL, AUMENTO, CONCENTRAÇÃO DE RENDA, FALTA, PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, INEFICACIA, DEMOCRACIA, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, EFEITO, DESEMPREGO, VIOLENCIA, TRAFICO, DROGA, CRIME ORGANIZADO, NECESSIDADE, URGENCIA, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL.
A SRª MARIA DO CARMO ALVES (PFL - SE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as várias discussões que têm sido alvo de nossa atenção nessa semana fizeram com que passasse de forma quase despercebida, uma triste notícia estampada no Jornal do Brasil do último domingo, 2 de maio. Dizia a manchete: “Brasil - o campeão da desigualdade”.
Que o abismo entre as regiões é enorme, não há novidade. Afinal, como representante do Nordeste, eu e toda a bancada temos alertado para o fato de que a diferença entre as regiões sul e sudeste e o resto do país não traz nenhum benefício, mas, ao contrário, prejudica todos os estados.
No entanto, segundo o diagnóstico do coordenador residente da ONU no país, Carlos Lopes, a situação brasileira é extremamente preocupante! Segundo ele, o Brasil é a nação mais desigual do mundo. Em situação pior, aparecem apenas países inexpressivos: Namíbia, Botswana, República Centro-Africana e Suazilândia, que juntos somam apenas 15 milhões de pessoas.
Ele destaca o fato de não existir planejamento na área social, além de uma concentração de preocupações na área econômica. Com muita propriedade Lopes ressalta o fato de que a democracia não pode produzir desigualdade. Não deve servir apenas para as pessoas votarem, mas, também para estimular o crescimento.
Vejam, senhoras e senhores senadores, quem fala que o governo federal deve rever sua política global não é uma Senadora do PFL. É a Organização das Nações Unidas que chama a atenção do Brasil para sua própria realidade.
Mudanças são urgentes, afinal nos momentos conturbados e de recessão do país é sempre a população mais carente que trata de apertar, ainda mais, o cinto.
O resultado de tanta desigualdade, Sr. Presidente, acabou por criar uma cultura de violência que vem tomando proporções alarmantes.
O narcotráfico, a facilidade em se lavar dinheiro no país e os altos índices de desemprego tornaram-se uma fórmula explosiva. Os jovens desempregados e sem perspectivas são um exército à disposição do tráfico de drogas e tornam-se coadjuvantes dessa guerra cotidiana que estamos vendo, com enorme tristeza, acontecer nos grandes centros urbanos, como o Rio de Janeiro.
O desemprego gera desespero que faz com que o tráfico seja uma alternativa; O tráfico alimenta toda uma estrutura ilegal de lavagem de dinheiro; O dinheiro ilegal não contribui para a melhoria do Estado; E o Estado sem capital não investe na melhoria de vida de seus cidadãos. Esse é o ciclo vicioso que gera desesperança, violência e ainda mais desigualdade.
O abismo social deve envergonhar todos nós.
Srªs e Srs. Senadores, esse governo tem a obrigação de tomar ações concretas para mudar essa situação ou, então, viveremos o maior estelionato de esperança da história do Brasil.
Era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigada.