Discurso durante a 52ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários à reportagem da revista Veja, desta semana, publicada na coluna Carta ao Leitor, intitulada "Herança Bendita", que analisa os meses de administração do governo Lula. (como Líder)

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários à reportagem da revista Veja, desta semana, publicada na coluna Carta ao Leitor, intitulada "Herança Bendita", que analisa os meses de administração do governo Lula. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 11/05/2004 - Página 13349
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, LEITURA, EDITORIAL, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ANALISE, POLITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, trago ao conhecimento do Plenário do Senado Federal o editorial da revista Veja desta semana, em que analisa a administração do Governo Lula.

Intitulada “Herança Bendita”, o texto da coluna Carta ao Leitor representa a interpretação editorial da revista Veja. E solicito à Mesa que, de acordo com as normas regimentais, a matéria seja inserida nos Anais do Senado Federal, em função da importância, do conteúdo e da clareza da análise política feita sobre o desempenho do Governo Lula até os dias de hoje, neste momento tão importante da vida nacional.

Diz a matéria:

Com mais da metade do mandato presidencial a ser cumprido, é um exercício à primeira vista muito pouco objetivo especular sobre o legado do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas ele pode vir a ser um marco na história brasileira. A maneira inequívoca como o Presidente se apresenta à Nação como fiador da política econômica de austeridade fiscal não pode, de modo algum, ser menosprezada nem colocada no mesmo prato da balança onde pesam os óbvios malogros administrativos do Governo. Lula definiu com clareza seus objetivos como Presidente e, com igual precisão, os caminhos para chegar até eles. Os objetivos são os da prosperidade e da paz social. O caminho, vem insistindo Lula, é o único capaz de levar até os alvos desejados sem que se deixe para gerações futuras uma conta amarga na forma de inflação e dívidas impagáveis. O populista que, com razão, tantos temeram durante a campanha tornou-se, no que respeita às finanças públicas, um Presidente responsável e maduro, certo de que não existem mágicas capazes de fazer a economia crescer.

A obstinação de Lula em seguir pelo caminho mais difícil e angustiante, mas o único seguro, pode resultar em taxas de crescimento abaixo das esperadas por todos e muito aquém das prometidas por ele. Mas certamente evitará crises desastrosas e a regressão ao estágio de insanidade das moratórias, dos planos mirabolantes e dos confiscos do passado recente. Em um momento em que só se enxergam os defeitos de Lula, é bom ter em mente esse repto pessoal do presidente. Revendo convicções introjetadas no decorrer de sua carreira política, Lula tornou-se um opositor do aventureirismo econômico. Na campanha de 2002, quando a eleição de Lula começou a ser uma certeza, a cúpula petista incluiu em suas análises a questão de como o PT sobreviveria à experiência de ser governo em nível federal. Agora, os luminares do partido teorizam sobre como o PT se sairá quando voltar a ser oposição. A conclusão deles é a de que o PT incendiário - e, acrescente-se, irresponsável - do “Fora FHC” e “Fora FMI” é coisa do passado. Esse é um fator de estabilidade institucional com o qual os brasileiros não puderam contar nas últimas duas décadas - e uma herança bendita que Lula terá deixado ao país. (*)

Essa é uma matéria jornalística memorável. Trata-se de um manifesto de grande conteúdo e de grande responsabilidade que a revista Veja deixa ao Brasil, atualizado, sob o ponto de vista jornalístico e da responsabilidade social que todos devem ter, e que vem abalizar o que devem ser as relações políticas entre Governo, Partidos de sustentação do Governo e Partidos de Oposição.

São inquestionáveis, Sr. Presidente, a isenção e a responsabilidade social e ética com que a revista Veja trata os grandes problemas nacionais. Quando o Sr. Roberto Civita participa de uma manifestação editorial da revista com esse nível de respeito e de valorização dos fundamentos do Governo Lula, no seu dia-a-dia, para a política econômica e a sua responsabilidade com o futuro do País, devemos refletir e ficar atentos. Trata-se da expressão viva de um importante momento político nacional, em que, às vezes, a Oposição confunde denuncismo com crítica construtiva e em que setores do Governo confundem o que deve ser a defesa de um Governo merecedor de confiança com intransigência e ansiedade.

Penso que todos devemos refletir sobre esse editorial e entender que o Brasil caminha dentro de um marco de responsabilidade política, à altura dos desafios e das responsabilidades. Se compararmos a análise feita pela revista Veja em sua Carta ao Leitor com a Carta à Nação do Partido dos Trabalhadores, feita antes da eleição, veremos a presença da coerência na prática política exercida durante esses meses de Governo.

Sr. Presidente, era o que eu tinha a dizer.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR TIÃO VIANA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º do Regimento Interno.)

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Matéria referida: Carta ao Leitor da revista Veja, 12 de maio de 2004.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/05/2004 - Página 13349