Discurso durante a 52ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da matéria intitulada "TCU aponta paralisia do governo", publicada no jornal Correio Braziliense, de 30 de abril do corrente. Comentários ao artigo do articulista Diogo Mainardi, da revista Veja, intitulado "Quero entrevistar o Lula".

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Registro da matéria intitulada "TCU aponta paralisia do governo", publicada no jornal Correio Braziliense, de 30 de abril do corrente. Comentários ao artigo do articulista Diogo Mainardi, da revista Veja, intitulado "Quero entrevistar o Lula".
Publicação
Publicação no DSF de 11/05/2004 - Página 13771
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), AVALIAÇÃO, AUDITORIA, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), PROGRAMA, NATUREZA SOCIAL, GOVERNO FEDERAL, DENUNCIA, INEFICACIA, ATUAÇÃO, MINISTERIOS.
  • TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DIFICULDADE, OBTENÇÃO, ENTREVISTA.
  • REGISTRO, NOTA OFICIAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, REPUDIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, THE NEW YORK TIMES, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), OFENSA, CONDUTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, ocupo a tribuna, neste momento, para registrar a matéria intitulada “TCU aponta paralisia do governo”, publicada no jornal Correio Braziliense, de 30 de abril do corrente.

A matéria mostra que auditorias realizadas pelo TCU apontaram diversas falhas em programas sociais do Governo Lula, entre as quais a descontinuidade de projetos, desvios de finalidade e baixa execução orçamentária. Essas avaliações deixam transparente a inoperância dos Ministérios do atual Governo.

Sr. Presidente, requeiro que a matéria publicada no jornal Correio Braziliense seja considerada como parte integrante deste pronunciamento, para que passe a constar dos Anais do Senado Federal.

Era o que tinha a dizer.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º do Regimento Interno.)

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Matéria referida: “TCU aponta paralisia do governo”

 

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o segundo assunto que trago à tribuna, sem nenhuma conotação, tradução ou interpretação, ao menos em alguma coisa o Presidente Lula faz escola, embora não tão risonha nem tão franca. Apenas com o sabor da irreverência, como a que usou o articulista Diogo Mainard, da revista Veja. Sua crônica desta semana é muito mais um ensaio sobre as incursões de um jornalista para solicitar uma entrevista ao Presidente da República.

Diogo diz, nas entrelinhas, que é mais fácil conseguir uma entrevista do Presidente dos Estados Unidos do que uma de Lula. E no mesmo sentido implícito, mostra o jornalista que a imagem do nosso Presidente vai-se vulgarizando dia-a-dia.

E declarando ter acordado invocado, bem ao estilo Lula, o jornalista revela ter procurado a ajuda do apresentador Ratinho, de um programa de tevê de estilo vulgo. Além dele, recorreu a Duda Mendonça e ao assessor de imprensa Ricardo Kotcho. Bem ao estilo meio chulo e quase oficial nesses tempos petistas, o resultado, para Diogo, até agora, foi zero. Enfim, já se alcança alguma coisa zero neste Governo, a entrevista zero.

Leio, Sr. Presidente, para que conste dos Anais do Senado da República, o artigo desta semana da revista Veja, que vai em anexo.

Diogo Mainardi

Quero entrevistar o Lula

"Duda Mendonça prometeu me ajudar.

Agradeci e perguntei: 'O presidente apresentou como novas ambulâncias repintadas. Ele não é como uma ambulância velha, repintada pelo senhor?'”

Acordei invocado. Peguei o telefone e liguei para o Palácio do Planalto.

- Quero entrevistar o Lula.

A telefonista transferiu a chamada para a Secretaria de Imprensa do presidente. O chefe do departamento, Ricardo Kotscho, informou-me que iria encaminhar o pedido de entrevista ao responsável pelo agendamento, acrescentando, de forma desalentadora, que uma penca de jornalistas de todas as nacionalidades estava à minha frente.

Como eu continuava invocado, e não queria saber de esperar meses e meses, liguei para o Ratinho, que recentemente conseguiu furar a fila de jornalistas e entrevistar Lula na Granja do Torto, com direito a churrasco e recital de sanfona. Ratinho se comprometeu a interceder em meu favor, aconselhando o presidente, seu amigo, a me receber prontamente. Ratinho me assegurou também que eu ficaria encantado com Lula, porque sua equipe é uma porcaria, mas ele é uma pessoa da melhor qualidade, tanto que foi o único que se preocupou em distribuir dentaduras aos pobres.

O empenho de Ratinho não aplacou meu ímpeto. Resolvi ligar para Duda Mendonça. Sua secretária despejou sobre mim uma gravação de Caetano Veloso cantando Nirvana. Fiquei ainda mais invocado do que antes. Duda Mendonça explicou que raramente se encontra com Lula, mas pretende vê-lo na semana que vem, para mostrar-lhe sua última campanha publicitária, aquela que compara dados de doze meses de Fernando Henrique com os de catorze de Lula. Duda Mendonça prometeu me ajudar a conseguir a entrevista. Agradeci e perguntei:

- O presidente apresentou como novas cinco ambulâncias que tinham sete anos de uso, mas foram repintadas para a ocasião. Ele não é como uma ambulância velha, repintada pelo senhor?

Modestamente, Duda Mendonça respondeu que não. Ele foi o maior responsável pela eleição de Lula. O destino o puniu infligindo-lhe a contratação de Luis Favre, o marido da prefeita Marta Suplicy.

A seguir, pensei em telefonar para José Dirceu, mas li que ele não apita mais nada no governo. Liguei então para Frei Betto, um dos melhores amigos de Lula. Ele não me atendeu. Voltei a ligar no dia seguinte. Ele estava em reunião. Liguei no outro dia. Ele continuava em reunião.

Cada hora mais invocado, procurei na internet o número da Secretaria de Comunicação e liguei para Luiz Gushiken. Como ele não estava, falei com um de seus assessores, que me recomendou ligar para o todo-poderoso secretário particular do presidente, Gilberto Carvalho. Antes de trabalhar com Lula, Gilberto Carvalho era o principal colaborador do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel. O irmão de Celso Daniel, em depoimento à Justiça, acusou Gilberto Carvalho de conhecer os esquemas de propina da prefeitura e de ter entregue, pessoalmente, o dinheiro arrecadado a José Dirceu. Ocorreu-me que, além de pedir uma entrevista, valeria a pena aproveitar o telefonema para ouvir a versão de Gilberto Carvalho sobre o caso, mas ele preferiu não retornar minhas ligações.

No futuro, quando eu acordar invocado, acho mais fácil falar com o Bush.

Ainda sobre imprensa, solicito à Mesa considerar como lida a matéria, também publicada hoje, desta vez no jornal O Estado de S. Paulo, acerca de matéria publicada no jornal The New York Times e pelo Governo, considerada desabonadora para o Brasil.

Governo reage à matéria do N.Y.Times

Esta é a íntegra da nota oficial, divulgada ontem pela Presidência da República:

O governo brasileiro recebeu com profunda indignação a reportagem caluniosa sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicada hoje pelo jornal norte-americano The New York Times. O correspondentedessa conceituada publicação no Brasil simplesmente inventou uma suposta ‘preocupação nacional’ com hábitos do presidente da República para dar vazão a um amontoado de afirmações ofensivas e preconceituosas contra o chefe do Estado brasileiro, boa parte delas pinçadas em fontes obscuras e de nenhuma confiabilidade.

O resultado final é um texto digno da pior espécie de jornalismo, o marrom.

Por isso, causou-nos surpresa que o tradicional The New York Times tenha acolhido peça tão destituída de fundamento e ao arrepio das mais elementares normas da ética jornalística.

O embaixador brasileiro em Washington já foi orientado a entrar em contato com a publicação com vistas a transmitir a indignação e a surpresa do governo brasileiro pela veiculação de insultos gratuitos ao presidente da República.

O presidente Lula conduz-se na Presidência da República com absoluta, extenuante e responsável dedicação aos problemas do País. A jornada de trabalho do presidente amiúde se estende por mais de 12 horas, como é fácil comprovar por todos os que acompanham a rotina do Palácio do Planalto, o que inclui os jornalistas lotados no Comitê de Imprensa da Presidência da República. O presidente acompanha pessoalmente os principais programas do governo e, como não poderia deixar de ser, comanda todas as grandes decisões do Poder Executivo.

Todo o Brasil é testemunha do grau de responsabilidade e seriedade com que o governo do presidente Lula tem conduzido os difíceis problemas do País desde que tomou posse há um ano e quatro meses.

Os hábitos sociais do presidente são moderados e em nada diferem da média dos cidadãos brasileiros.

Apenas o preconceito e a falta de ética podem explicar essa tentativa esdrúxula de colocar em dúvida o profundo compromisso com as instituições e a credibilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo brasileiro estudará as medidas cabíveis para a defesa da honra do presidente da República e da imagem do Brasil no Exterior.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/05/2004 - Página 13771