O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, era um sonho. Poucos acreditavam que a partir de uma reunião informal de presidentes e governadores em Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira, no Paraná, há quase vinte anos, a idéia de criar um bloco econômico regional ganharia força até chegar aos dias atuais.

Atualmente, o Mercosul negocia com a União Européia um acordo comercial inédito, que poderá ser assinado dia 17 próximo em benefício da produção agrícola nacional e regional.

Ao mesmo tempo, em reunião que se realizará entre hoje e amanhã, em Santiago do Chile, representantes do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai debatem a criação de um Parlamento do Mercosul.

Já temos até uma bandeira própria que deverá ser hasteada ao lado das demais bandeiras nacionais.

Num mundo globalizado, em que os países ricos têm todas as condições de impor seus termos nas negociações internacionais, a formação de um bloco econômico regional era a tendência natural.

Se na União Européia, depois de séculos de guerras internas, foi possível formar um Mercado Comum, o mesmo poderia acontecer entre nós, na América Latina.

E falo na América Latina porque o Mercosul está se ampliando. Afinal, trata-se de um mercado com 200 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto somado que chega a um trilhão de dólares.

Estão interessados em participar e fortalecer o nosso Mercado Comum, a Venezuela, o Peru, a Bolívia e o próprio Chile, que mantém seus vínculos com o bloco regional, apesar de se voltar mais para os Estados Unidos.

O Mercosul avança com apoio decidido do atual governo brasileiro, como podemos comprovar nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

De fato, não há como negociar isoladamente e em igualdade de condições com os Estados Unidos ou mesmo com a União Européia.

O mundo moderno, com a ampliação dos mercados e uma competição cada vez mais intensa, exige que os países constituam blocos econômicos para conduzir processos de negociação comercial.

É o que está acontecendo agora, quando Mercosul e União Européia acertam um acordo inédito que poderá possibilitar ao bloco regional do sul aumentar suas exportações em três bilhões de dólares.

Na realidade, o Mercosul hoje é um sucesso completo. Negocia não apenas com os Estados Unidos e a Europa, mas mantém contatos comerciais com outras regiões e países. Entre eles, a Rússia, a China, a Índia e o Japão, além de outras organizações semelhantes em praticamente todo o planeta.

O Mercosul foi um desafio que o Brasil decidiu enfrentar com ousadia e criatividade e, com todos os obstáculos, está saindo vencedor.

Outros aspectos da política nacional também exigem a mesma disposição e coragem.

Se fomos capazes, num passado recente, de adotar modelos e fórmulas inéditas na condução de nossa política econômica, medidas que acabaram por enriquecer e estimular o pensamento nacional, não podemos aceitar a falta de perspectivas e de inovação que vivemos nos dias atuais.

O País precisa crescer, criar empregos e distribuir a renda. E não será trilhando eternamente um caminho já conhecido que encontraremos novas saídas.

É preciso ousar e avançar com coragem. É o que esperamos de um governo realmente popular e democrático do ponto de vista social.

Muito obrigado.