Discurso durante a 59ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Relato da participação de S.Exa. na reunião anual da Sociedade Interamericana de Imprensa realizada nos Estados Unidos.

Autor
Hélio Costa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MG)
Nome completo: Hélio Calixto da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
IMPRENSA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Relato da participação de S.Exa. na reunião anual da Sociedade Interamericana de Imprensa realizada nos Estados Unidos.
Publicação
Publicação no DSF de 20/05/2004 - Página 15115
Assunto
Outros > IMPRENSA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • PARTICIPAÇÃO, ORADOR, REPRESENTAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, ENCONTRO, ENTIDADE, IMPRENSA, AMERICA, PRESENÇA, PRESIDENTE, PARLAMENTO, PAIS, REPRESENTANTE, EMPRESA JORNALISTICA, JORNALISTA, DEBATE, LIBERDADE DE IMPRENSA, LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
  • AVALIAÇÃO, SUPERIORIDADE, REPUTAÇÃO, LIDERANÇA, BRASIL, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RECONHECIMENTO, RESULTADO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, COMENTARIO, CANCELAMENTO, VISTO PERMANENTE, JORNALISTA, NACIONALIDADE ESTRANGEIRA, MOTIVO, ACUSAÇÃO, CONDUTA, CHEFE DE ESTADO.

O SR. HÉLIO COSTA (PMDB - MG. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho de uma viagem oficial aos Estados Unidos, mais precisamente à cidade de Washington, onde, muito honrosamente, fui representar o Presidente José Sarney na reunião anual da Sociedade Interamericana de Imprensa, em que estavam todos os Presidentes dos Parlamentos das Américas, do Alasca até a Patagônia, e também com a presença dos mais importantes veículos de comunicação do Hemisfério.

Na cidade de Washington, estavam jornalistas e congressistas, estudando detalhadamente a situação em que se encontra a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão no Hemisfério.

Tivemos a oportunidade, Sr. Presidente, de ver um Brasil diferente aos olhos dos Parlamentares e, certamente, dos jornalistas que cobrem o dia-a-dia da política, em nosso Hemisfério, nas três Américas.

Sinto que o Brasil recuperou a sua posição de liderança no Hemisfério, o que, recentemente, chegamos a tratar até como uma distinção que não era, na realidade, uma honraria: a indicação do nome do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre as cem mais importantes lideranças mundiais. Lá, nos Estados Unidos, pude perceber, junto a Parlamentares e jornalistas do Hemisfério, como foi importante essa indicação, a presença do nome do Presidente Lula entre as maiores e mais importantes lideranças mundiais, entre elas, evidentemente, o próprio Presidente dos Estados Unidos, o Papa João Paulo II, Nelson Mandela, liderança dos últimos 40, 50 anos na África.

Assim, Sr. Presidente, é curioso ver como provavelmente estejamos fazendo, em nosso País, uma série de movimentações que parecem estar dando corda a uma crise interna, talvez surgida com o incidente ocorrido no domingo passado, quando o importante jornal The New York Times veiculou matéria, certamente alvo de uma série de críticas nesse mesmo encontro de jornalistas e parlamentares, sobre a vida pessoal do Presidente da República do Brasil.

Creio que, certamente, houve um erro, porque, se nada houvesse sido feito na terça-feira e a segunda-feira fosse apenas aquela em que todos estivéssemos absolutamente indignados, assim como meus companheiros de imprensa em todo Hemisfério, os parlamentares e presidentes ou representantes dos Parlamentos dos países do Hemisfério, com a matéria publicada pelo jornal nova-iorquino, que não tinha fulcro, base em entrevista pessoal ou em informações saídas de dentro do Palácio do Planalto ou em depoimento considerado sério, à sombra de qualquer suspeita. Em realidade, era o que se chama em inglês de enuendos, ou seja, mexericos. Essa palavra em inglês aparecia sempre que o assunto era ventilado na imprensa americana com base em uma série de informações sem muita validade, sem muito profissionalismo. A reportagem tentava passar a idéia de que o Presidente teria passado dos limites em seu hábito de ingerir bebidas alcoólicas.

Ora, Sr. Presidente, passei a semana inteira e senti que, lamentavelmente, não fosse o incidente do cancelamento do visto do representante do New York Times, Larry Rohter, teríamos tido a verdade e até um ganho, porque o Presidente foi vítima de um ataque absurdo, desnecessário, que foi além dos limites e que, na verdade, nem é sequer o tipo de jornalismo que se faz no próprio New York Times. Os próprios americanos, os latino-americanos, os centro-americanos, todos estavam convencidos disso.

Mas o que discutíamos, naquele momento - e ali estávamos representando o Parlamento brasileiro -, era a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão no Hemisfério. E, certamente, veio em seguida a esse incidente o tema do discurso que aproveitamos para fazer naquele primeiro dia, na segunda-feira, que foi o de que a liberdade de imprensa traz implicitamente a responsabilidade da imprensa.

Por essa razão, estendemos essa discussão, levando-a certamente a uma análise mais profunda da situação em que o País se encontra, do que representa a chegada ao poder de um trabalhador, de um homem sério, simples, que não está preocupado em esconder o copo na hora em que chega o fotógrafo para tirar uma foto do Presidente da República. Todas essas questões estavam muito bem alinhavadas, acertadas na opinião pública americana, conforme disse. Lamentavelmente, não fosse o incidente do cancelamento do visto, teríamos tido até um ganho, porque o Brasil saía de vítima desse processo.

Mas tivemos essa oportunidade de estar lá. Conversamos, na terça-feira, com a certeza de que o assunto seria resolvido nos próximos dias, como foi inevitavelmente acertado, pelas pressões de cabeças sensatas, como o Ministro Márcio Thomaz Bastos. Na realidade, tudo isso contribui para mostrar que, lá fora, o Brasil tem uma presença firme, forte, é respeitado e se encontra hoje numa posição invejável. Todos aqueles com quem falamos, inegavelmente, apontam os ganhos econômicos ocorridos nestes últimos 18 meses no Brasil, sobretudo quando se mostra o risco Brasil, que estava nas alturas, em 2400 mil pontos, e cai para 700 pontos, quando a nossa balança de exportação, que estava em torno de R$12 bilhões e hoje chega a um valor em torno de R$22 bilhões. Ou seja, todos os recursos de que o Brasil dispõe para mostrar que é uma grande Nação e que tem condução política, tudo isso é visto lá fora. Evidentemente, precisamos encontrar o caminho do bom-senso, do entendimento e tentar colocar, realmente, um grupo de políticos sensatos para pensarem rapidamente, a fim de evitar as situações que estamos vivendo aqui neste momento.

Estamos paralisados. Não conseguimos votar. As pautas do Senado e da Câmara estão trancadas. Talvez sejamos os maiores culpados, Sr. Presidente. Sobre qualquer imagem que possa sair do Brasil e ir lá fora prejudicar o nosso País seremos os maiores responsáveis, porque nós é que estamos provocando essa crise. Lá fora, não vi; lá fora, não senti; lá fora, vi que o Brasil mudou, que o Brasil é um País que está caminhando seriamente para uma recuperação econômica, que o Brasil tem uma liderança popular, que o Brasil tem condições realmente de assumir, definitivamente, a sua posição de grande líder nas Américas, principalmente na América Latina.

Muito obrigado,Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/05/2004 - Página 15115