Discurso durante a 60ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à interferência do PMDB no governo Luiz Inácio Lula da Silva, motivada pela votação da emenda que possibilitaria a reeleição dos atuais presidentes da Câmara dos Deputados, deputado João Paulo Cunha e do Senado Federal, José Sarney. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Críticas à interferência do PMDB no governo Luiz Inácio Lula da Silva, motivada pela votação da emenda que possibilitaria a reeleição dos atuais presidentes da Câmara dos Deputados, deputado João Paulo Cunha e do Senado Federal, José Sarney. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 21/05/2004 - Página 15510
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • COMENTARIO, DECLARAÇÃO, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMPARAÇÃO, ATUAÇÃO, MARCO MACIEL, EX VICE PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • CRITICA, POLITICA PARTIDARIA, MANIPULAÇÃO, OCUPAÇÃO, CARGO PUBLICO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), TROCA, REELEIÇÃO, PRESIDENCIA, CAMARA DOS DEPUTADOS, SENADO, SUGESTÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATENDIMENTO, INTERESSE NACIONAL, DIREÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.
  • PROTESTO, ATUAÇÃO, DEPUTADO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), MANIPULAÇÃO, VOTAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, eu não precisava de cinco minutos, mas de cinqüenta minutos, tais e tantos os assuntos a tratar.

Em primeiro lugar, quero dizer aos membros do PL que realmente o Vice-Presidente da República tem razão: Marco Maciel é bem diferente de S. Exª. Essa afirmativa é extremamente honrosa para o nosso Colega Marco Maciel, uma das melhores figuras da política brasileira. S. Exª disse que seus estilos são diferentes, que Marco Maciel é um e que ele é outro, com o que concordo.

Sr. Presidente, eu até estimaria falar antes da chegada do meu querido amigo, Presidente José Sarney, sobre o que ocorreu ontem na Câmara dos Deputados. Tenho dito, desta tribuna, que o Presidente Lula não pode fazer leilão do seu Governo, com forças políticas que só querem apoiá-lo para levar vantagens. Refiro-me especialmente ao PMDB, que coloca nos Correios o Sr. João Henrique, cuja ficha funcional é das piores que existem; que coloca o Sr. Carlos Bezerra no INSS, depois de tantas acusações que o Governo não teve coragem de dizer se estavam ou não comprovadas. O meu amigo Eunício Oliveira é o Ministro das Comunicações e vai fazer campanha pessoal, como Ministro de Estado. O Presidente disse que estava alheio a isso, para não haver a reeleição na Câmara dos Deputados, ferindo assim seu companheiro leal e correto, o Presidente João Paulo. O Sr. Sérgio Machado ganhou logo a Transpetro - estava lá também na cabala.

É nisso que querem transformar o País? É esse o Governo que o PT prometeu dar ao País? Não. Esse Governo não poderia estar leiloando cargos - dois para a Petrobras; Michel Temer está querendo um, não sei quem está querendo outro, e, daqui a pouco, Jader Barbalho vai querer um também. O Sr. João Henrique Sousa, que foi Ministro de Transportes, facilitou tudo no final do Governo, honrando as tradições de Eliseu Padilha.

É esse o Governo que a Nação não quer e que o Presidente Lula teima em fazer, perdendo o apoio popular. Atenda, Senhor Presidente, ao povo e não a partidos políticos ou a políticos que vivem a bajulá-lo! Atenda o povo! Isso é o que o povo quer! Tendo o povo, tem os políticos. Não é por meio dessas figuras e de muitas outras, de segundo e terceiro escalões, que se vai conquistar popularidade no Brasil.

Agora mesmo, foi acusado de corrupção um petista no Ministério da Saúde. Não vou culpar o Ministro da Saúde pelo que aconteceu, mas era um petista da sua confiança, da sua amizade, que lá estava fazendo falcatruas com os hemofílicos, não cuidando da saúde do povo e enchendo os seus bolsos.

Não é isso o que o povo quer, Senhor Presidente. A bem da verdade, quando soube disso, o Ministro da Saúde pediu a ação da Polícia Federal para acabar com o crime, que já vinha antes dele e continuou em seu exercício. Isso vem provar também que, quando se culpa o Sr. José Dirceu pelo caso do Sr. Waldomiro, também em outros lugares há pessoas da confiança do Ministro e que praticam coisas muito piores, que vão a bilhões.

Portanto, a Nação não deseja que isso aconteça, a Nação quer seriedade na Administração Pública, e ninguém mais do que o Senhor Presidente Lula poderia exigir isso. Homem que veio do povo, operário, não pode lotear seu Governo para ter uma falsa maioria na Câmara dos Deputados ou no Senado. Essa maioria não é verdadeira, e isso será percebido em várias votações.

Não pensem que a atitude de ontem, quando os peemedebistas encheram a Câmara dos Deputados para cooptar votos em vários partidos, é uma prática salutar. É uma prática condenável, seja aqui ou seja lá. Penso que as pessoas podem votar por civismo, por interesse público, dessa ou daquela maneira. Mas, evidentemente, não está certo votar por vantagens.

A Nação não pode pagar esse custo; é um custo demasiado, sobretudo quando o Governo diz que não pode dar um salário mínimo de R$275,00. É uma contradição! Vejam como se esvaziam, por toda a parte, os fundos dos Ministérios. Tudo continua no mesmo sistema no segundo e terceiro escalões. Não há modificação, e o Governo veio para modificar.

Portanto, Srªs e Srs. Senadores, nesta hora, o Governo ou muda de linha ou não será feliz na sua popularidade. E a pior coisa do mundo é aquele homem que chega cheio de esperanças ao maior cargo da Nação e decepciona o povo porque transigiu com a moralidade e com a decência.

Não se pode mais dizer que essas coisas não existem nesse Governo. O Presidente pode não ser culpado, até alguns Ministros também, mas os auxiliares estão sendo escolhidos pelo Presidente e pelos seus Ministros. O jogo de vender cargos não pode continuar neste País.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Deveremos reagir, porque, se não reagirmos, alguns pagarão caro e não voltarão para cá, não estarão naquele quadro. Não queremos isso.

Não perderei a minha energia com medo de Conselho de Ética ou algo semelhante. Estarei sempre aqui, com coragem e disposição, para aplaudir o Governo por tudo aquilo que for certo, inclusive dando o meu voto, mas protestando, como o faço agora, contra os métodos sujos aplicados ontem na Câmara dos Deputados.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/05/2004 - Página 15510