Discurso durante a 62ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre as implicações sociais do aumento das tarifas de telefonia, por ocasião das comemorações do Dia Internacional da Comunicação e das Telecomunicações.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TELECOMUNICAÇÃO.:
  • Considerações sobre as implicações sociais do aumento das tarifas de telefonia, por ocasião das comemorações do Dia Internacional da Comunicação e das Telecomunicações.
Publicação
Publicação no DSF de 25/05/2004 - Página 15929
Assunto
Outros > TELECOMUNICAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, DIA INTERNACIONAL, TELECOMUNICAÇÃO, ANALISE, PROBLEMA, BRASIL, PREÇO, TARIFAS, DIFICULDADE, ACESSO, SERVIÇO, TELEFONIA, COMENTARIO, DADOS, PESQUISA, FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS (FGV), ORÇAMENTO, FAMILIA, SUPERIORIDADE, AUMENTO, TELEFONE, COMPARAÇÃO, INFLAÇÃO, PREJUIZO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, UTILIZAÇÃO, INTERNET, DEFESA, ATUAÇÃO, EXECUTIVO, LEGISLATIVO, REDUÇÃO, CUSTO.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, comemoramos no dia 17 de maio passado o Dia Internacional da Comunicação e das Telecomunicações. No entanto, em relação aos preços e ao acesso do público aos serviços de telefonia no Brasil, não há muito que comemorar.

A última Pesquisa de Orçamento Familiar realizada pela Fundação Getúlio Vargas relata que, em média, 30% do orçamento das famílias brasileiras são consumidos com produtos com preços administrados. Os principais itens dessa categoria são: luz, gás, telefone, água e transporte. Em 1996 - há oito anos, portanto -, o brasileiro gastava apenas 13% de sua renda com esses produtos.

Durante o período considerado na pesquisa - 1999 a 2003-, enquanto a inflação ficou em torno dos 50%, as tarifas do telefone fixo aumentaram 75,35% em média. Se analisarmos o período que vai de 1995 até o final do ano passado, o quadro é ainda mais alarmante: a inflação foi de 78%, e o campeão de aumentos, entre os itens do orçamento doméstico, foi o telefone fixo, cuja tarifa subiu nada menos do que 445%. Não é por outra razão que as contas telefônicas encabeçam a lista de inadimplência, especialmente entre as famílias de renda mais baixa.

Da mesma forma, não há muito que comemorar em relação à telefonia móvel, cujos preços, todos sabemos, são onerosos para o bolso do brasileiro assalariado.

Sr. Presidente, é preciso analisar o problema sob uma ótica abrangente.

Aumentos de preços nas tarifas de telefonia têm grandes implicações sociais. As conseqüências não se resumem à redução do uso do telefone. Isso ocorre, é verdade, mas é apenas o efeito óbvio. Não tão óbvio é o fato de que aumentar tarifas telefônicas traduz-se, inevitavelmente, em prejuízo para o desenvolvimento do País.

Toda transação comercial e toda interação social pressupõem comunicação, boa parte da qual é feita por meio telefônico, seja ele fixo ou móvel. Assim, quando restringimos o acesso à comunicação por meio de tarifas altas demais para o bolso do brasileiro médio, estamos colocando empecilhos para o avanço das transações entre as pessoas e entre as empresas, e isso, fatalmente, implica menos crescimento.

Um bom exemplo de como o valor das tarifas telefônicas interfere diretamente nos hábitos dos cidadãos diz respeito ao uso da Internet, a rede mundial de computadores. Há alguns anos, a família média brasileira começou a fazer uso dos inexauríveis recursos disponíveis nessa rede, por meio do acesso telefônico discado. No entanto, ultimamente, boa parte da população vem restringindo a utilização desse recurso, devido ao aumento do custo do pulso telefônico. Embora muito se fale sobre Internet gratuita, isso não ocorre na prática, pois o provedor pode até ser gratuito, mas a fatura telefônica, infalivelmente, cobra cada pulso utilizado pelo internauta.

Os impostos têm papel neste quadro de aumento de preços, que joga o brasileiro para a margem do desenvolvimento tecnológico, impedindo-o de fazer uso dos recursos telefônicos como deveria. É que os impostos sobre serviços de telefonia no Brasil são os mais altos do mundo. Dependendo do Estado, os percentuais variam entre 40% e 60%. São valores absurdos, que pressionam as companhias telefônicas no sentido de aumentarem seus preços.

Tudo isso evidencia que, realmente, a população não teve muito o que comemorar no dia 17 de maio, Dia Internacional da Comunicação e das Telecomunicações.

Se quisermos ser um País onde a comunicação se faça com maior liberalidade, um País mais integrado e em maior sintonia com o resto do mundo, é imprescindível que os recursos de telecomunicação estejam disponíveis e, mais do que isso, acessíveis ao bolso de todo cidadão. Para isso, é urgente que o Governo e também o Parlamento tomem as medidas necessárias, a fim de baratear, para o cidadão comum, os custos com a telefonia.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/05/2004 - Página 15929