Discurso durante a 64ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Protesto contra matérias de órgãos de comunicação de Sergipe, condenando sugestões dadas por S.Exa. ao governador do Estado no sentido de que negociasse com os professores grevistas. (como Líder)

Autor
Antonio Carlos Valadares (PSB - Partido Socialista Brasileiro/SE)
Nome completo: Antonio Carlos Valadares
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Protesto contra matérias de órgãos de comunicação de Sergipe, condenando sugestões dadas por S.Exa. ao governador do Estado no sentido de que negociasse com os professores grevistas. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 27/05/2004 - Página 16236
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, ANTERIORIDADE, DISCURSO, ORADOR, DEFESA, SOLUÇÃO, GREVE, PROFESSOR, ESTADO DE SERGIPE (SE), SOLICITAÇÃO, GOVERNADOR, NEGOCIAÇÃO, CORREÇÃO, INJUSTIÇA, INFERIORIDADE, SALARIO, PAGAMENTO, ATRASO, FERIAS, ADICIONAIS.
  • CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DE SERGIPE (SE), ACUSAÇÃO, ORADOR, REPRESALIA, DISCURSO, SOLIDARIEDADE, SINDICATO, TRABALHADOR, EDUCAÇÃO.
  • CONGRATULAÇÕES, SOLUÇÃO, GREVE, ESTADO DE SERGIPE (SE).

O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/PSB - SE. Pela Liderança do Bloco/PSB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esta Casa tem acompanhado, ao longo deste meu mandato de Senador da República, a forma ponderada e equilibrada como sempre agi em relação às questões do meu Estado, Sergipe. Só em casos excepcionais, extraordinários, em que há perigo iminente de prejuízo à nossa sociedade por essa ou aquela atitude do governante do momento, tive a ocasião de falar sobre alguns assuntos, tanto nesta legislatura como na passada, e meu comportamento sempre foi de engajamento, qualquer que fosse o Governador, na luta por mais recursos para o Estado de Sergipe, em favor do nosso pequeno Estado do Nordeste do Brasil.

Falo isso, Sr. Presidente, a propósito de um pronunciamento que fiz na semana passada, como era do meu dever, sobre a greve dos professores estaduais. Recebi uma comunicação do Sintese, o Sindicato dos Professores do Estado de Sergipe, que tem um relacionamento cordial com todos os Parlamentares com assento nesta Casa, inclusive comigo.

Ao receber essa comunicação, dei conta da minha preocupação com a continuidade do movimento grevista dos professores. Concitei o Governador a receber o Sintese e a promover todos os meios para que os alunos tivessem seus professores, de novo, na sala de aula e para que a educação da juventude voltasse à normalidade.

Falei, baseado nos dados que me foram fornecidos pelo Sintese, por intermédio do professor Joel, que o piso salarial do professor de nível médio, no Estado de Sergipe, era e é insignificante: R$197. Falei que esperava que o Governo do Estado pudesse corrigir essa injustiça cometida com os professores, corrigindo o piso salarial e atendendo à pauta de reivindicações, inclusive atrasos de férias.

Para se ter idéia da pequenez do piso salarial no Estado de Sergipe, o Município de Poço Redondo, um dos mais pobres do nosso Estado, tem um piso salarial de R$315. O Município é dirigido por um político da maior seriedade, que não faz política contra o Governo do Estado atual; pelo contrário, apóia-o em todas as iniciativas que digam respeito ao sertão sergipano: o Frei Enoque. Lá o professor tem um piso salarial de R$315, fora a regência.

Sr. Presidente, por eu ter falado sobre esse assunto, que é meu dever e obrigação de qualquer Senador que seja instado ou receba uma solicitação de professores, fui alvo, por parte dos órgãos de comunicação do Governo do Estado, de ataques ferozes, em uma tentativa de estabelecer, no Senado Federal, contra um Senador que tem um comportamento equilibrado em relação ao Governador do Estado de Sergipe, uma política parecida com a Lei da Mordaça. Que o Senador Antonio Carlos Valadares, o mais votado de Sergipe, que teve mais de 70% dos votos dos professores nas duas eleições a que se submeteu, seja obrigado a silenciar, a ficar calado e nada dizer, mesmo sendo solicitado por um órgão legítimo como é o Sintese, para falar alguma coisa, para pedir ao Governador providências no sentido de sustar a greve.

Como Senador da República, jamais irei calar quando os órgãos de representação, os sindicatos, dos professores, dos funcionários públicos, dos trabalhadores solicitarem a intervenção em qualquer tempo, porque a Lei da Mordaça não será aplicada ao Senador Antonio Carlos Valadares.

De outro lado, parabenizo os professores que voltaram ao trabalho e, neste momento, tendo o Governo do Estado negociado o retorno às aulas, muito embora sem a participação direta do Sintese, órgão representativo da classe, reconheço o trabalho do Governador João Alves, de Sergipe, que finalmente admitiu a legitimidade do movimento, reconhecida não apenas pelo nosso Partido, como também por outros, tanto do Governo como da Oposição. O próprio PDT, do Senador Almeida Lima, que é um aliado do Governo de Sergipe, de público, reconheceu a legitimidade do movimento que pedia que o Governador tomasse as providências cabíveis no sentido de acelerar o retorno dos professores às escolas e atender às reivindicações dirigidas ao Governo do Estado.

Finalmente, Sr. Presidente, sinto-me com a consciência tranqüila de que não só como Senador, mas em toda a minha carreira política, como Governador, como Secretário de Educação, cumpri com minha obrigação, criei o Estatuto do Magistério no Estado de Sergipe, instituí a Gratificação de Regência de Classe no Estado, criei a Secretaria de Trabalho e Bem-Estar Social, órgão destinado a negociar com funcionários públicos, que mantinha contato direto com os movimentos empreendidos naquela época e até em profusão, dada a liberdade com que recebemos a democracia que se instaurava naquele momento.

Lastimo apenas que, por ter sugerido da tribuna que o Governador do Estado recebesse os professores, o Sintese, que promovesse os meios necessários para atendimento a sua pauta de trabalho, eu tenha sido agredido, de forma violenta, em seus órgãos de comunicação. Deixo meu protesto que jamais irei calar a minha voz em defesa da classe dos professores, em defesa dos funcionários públicos, em defesa de todos aqueles que sintam a minha presença, que queiram a minha presença na tribuna do Senado.

Agradeço a V. Exª, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/05/2004 - Página 16236