O SR. ALMEIDA LIMA (PDT - SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como V. Exª pode ter visto e ouvido, há uma referência no pronunciamento do nobre Senador Antonio Carlos Valadares ao meu nome que, sem dúvida alguma, requer um esclarecimento de minha parte, invocando o art. 14 do Regimento Interno.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Pelo art. 14, V. Exª pode usar a palavra por cinco minutos; em seguida, o Senador Eduardo Azeredo e V. Exª, Senador Sérgio Guerra.

Senador Eduardo Azeredo, o Senador Almeida Lima falará em resposta ao Senador Antonio Carlos Valadares.

O SR. ALMEIDA LIMA (PDT - SE) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, evidente que o Senador Antonio Carlos Valadares não fez a mim nenhuma referência que merecesse de minha parte nenhum tom de pronunciamento mais alto, pois nenhuma acusação, nenhuma colocação desonrosa foi feita à minha pessoa. Mas, como S. Exª se refere expressamente a mim, diante de uma nota que assinei e que foi publicada no jornal de maior circulação do meu Estado a respeito desse incidente a que refere, eu gostaria de dar as seguintes explicações.

É evidente que não tenho aqui nenhuma procuração para defender a Senadora Maria do Carmo, do PFL de Sergipe, que, na tarde de hoje, fez uso da palavra exatamente para estabelecer algumas observações diante do pronunciamento feito, na semana passada, pelo Senador Antonio Carlos Valadares, em que teceu evidentemente críticas, a seu ver, à posição do Governo do Estado diante da crise e da greve dos professores do Estado, em Sergipe.

Sinceramente, embora eu não estivesse no plenário, mas acompanhando internamente o pronunciamento da Senadora Maria do Carmo, vi que, na verdade, S. Exª exerceu aquilo que todo Sergipe esperava - e eu pessoalmente -^, imaginando que S. Exª fosse exatamente falar aquilo que declarou.

Ora, o que eu sinceramente vejo no pronunciamento do Senador Antonio Carlos Valadares é apenas uma postura de incoerência política, diante de dois fatos que relatarei. O primeiro, já dito pela Senadora Maria do Carmo, é que, embora estivesse eu também discordado do encaminhamento dado à greve pelo Governo do Estado e que fora corretamente expressada, Sr. Presidente, em uma nota que o meu Partido assinou, e eu pessoalmente, no Estado de Sergipe, é evidente que, para um outro Senador, uma crítica ao Governo do Estado, até mesmo para mim, como aliado do próprio Governador - disse e justifiquei que o fato de ser aliado não me retira a capacidade de pensar, de discernir e de discordar do Governo do Estado. Como discordei de forma expressa e pública, em que disse que o encaminhamento dado nesta relação com os grevistas não foi o mais adequado possível.

É evidente, Senador Valadares, que não preciso repetir aquilo que a Senadora Maria do Carmo disse aqui em relação ao comportamento de V. Exª, por ocasião da greve envolvendo os professores, quando houve a necessidade de o Governo de V. Exª usar a Polícia Militar. E, nos entreveros com os professores, estes chegaram a ser espancados.

Por outro lado, referi-me à coerência. V. Exª pertence à base de sustentação do Governo, assim como o PDT, o meu Partido, é da base de sustentação do Governo João Alves, em Sergipe. Fui a público discordar do Governador, pedindo que modificasse a sua posição, e V. Exª silenciou diante do que faz o Governo no plano nacional; do que faz o Governo Lula diante da greve dos agentes da Polícia Federal e dos funcionários do INSS. O Governo Federal cortou o ponto dos grevistas, assim como o Governador João Alves fez em Sergipe, mas nenhuma palavra de V. Exª quanto à atitude do Governo do PT, forma diferente da que utilizei. Meu Partido fez nota pública, assinada por todos os Parlamentares, inclusive eu. Demonstrei, assim, que sou aliado do Governo de Sergipe, mas que não perdi a capacidade de discordar.

A diferença é que o Governo João Alves, como V. Exª mesmo disse, voltou atrás - e aí está o seu valor. Em entendimento com os professores, mandou que a Secretaria fizesse o pagamento daqueles dias parados, cujo ponto, em princípio, havia sido cortado. E os professores retornaram às suas atividades normalmente.

Portanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, esse procedimento, antes criticado pelo nosso Partido e por V. Exª, foi consertado pelo PFL de Sergipe, que voltou atrás, restabelecendo o diálogo. Os professores voltaram ao trabalho.

Isso é o que espero do Partido dos Trabalhadores, por meio do Presidente Lula, e também de V. Exª, Senador Antonio Carlos Valadares, e do seu Partido, que, no plano federal, está na base de sustentação do Governo, do mesmo modo que, em Sergipe, o meu Partido se encontra na base de sustentação do Governo do Estado.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha)

O SR. ALMEIDA LIMA (PDT - SE) - Concluo, Sr. Presidente.

Lá, o Governo voltou atrás. Espero que o Presidente Lula faça o mesmo, inclusive com o apelo e a crítica de V. Exª, para poder, aí sim, equiparar-se ao Governo do PFL de Sergipe.

Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem, para requerer a V. Exª, por gentileza, que considere como lida a nota a que me referi na tribuna, fazendo sua inclusão no meu pronunciamento.

Muito obrigado.

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ALMEIDA LIMA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Nota do PDT.”