Discurso durante a 66ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Crescimento dos índices de desemprego. Exclusão digital dos professores.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE EMPREGO. EDUCAÇÃO.:
  • Crescimento dos índices de desemprego. Exclusão digital dos professores.
Publicação
Publicação no DSF de 29/05/2004 - Página 16724
Assunto
Outros > POLITICA DE EMPREGO. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, DADOS, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO), CRESCIMENTO, DESEMPREGO, JUVENTUDE, DESPREPARO, MERCADO DE TRABALHO, AVALIAÇÃO, PRECARIEDADE, PROFESSOR, ENSINO FUNDAMENTAL, ENSINO MEDIO, AUSENCIA, ACESSO, TECNOLOGIA, INTERNET, CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), IMPEDIMENTO, PROJETO, DESTINAÇÃO, RECURSOS, FUNDO DE UNIVERSALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES (FUST), INFORMATICA, ESCOLA PUBLICA, GOVERNO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • GRAVIDADE, DESVALORIZAÇÃO, EXERCICIO PROFISSIONAL, MAGISTERIO, PERDA, PREPARAÇÃO, JUVENTUDE, MERCADO DE TRABALHO.

A SRA. LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, os jornais desta semana trouxeram em destaque o crescimento histórico dos índices de desemprego em abril: 13,1% da população economicamente ativa das seis maiores regiões metropolitanas do País.

De acordo com o IBGE, no mês de abril atingimos a maior taxa desde a primeira pesquisa em outubro de 2001. São 2 milhões e 810 mil desempregados, apesar da criação - a conta-gotas - de 460 mil postos de trabalho, tão alardeada pelo Governo.

O mais dramático é que 20% das pessoas que procuravam uma vaga há dois meses nunca tiveram um trabalho, e 47% têm menos de 24 anos.

Diante desses resultados, cabe questionar: o País, que se exibe no exterior como um celeiro de oportunidades para bons negócios, está em condições de oferecer esperança à sua população jovem?

E como estamos preparando essa geração para disputar uma vaga no mercado de trabalho cada vez mais seleto?

De forma absolutamente precária, a considerar o perfil do professor do ensino fundamental e do ensino médio, traçado pela pesquisa da Unesco.

Quase seis em cada dez professores jamais utilizaram a Internet ou o correio eletrônico. O acesso restrito à tecnologia é a face cruel da exclusão digital. Atingindo o professor, responsável pela transmissão de conhecimentos e valores, o país compromete o próprio futuro, pois a inclusão digital é questão estratégica para o desenvolvimento e para a geração de empregos.

No entanto, o PT, quando era oposição, impediu a implantação do projeto que levaria computadores e Internet às escolas, com recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, o Fust. O projeto não caminhou, deixando de atender escolas, hospitais. São R$3 bilhões parados no Tesouro, como denuncia artigo do professor André Felipe Lima, no jornal O Globo.

O efeito do acesso em massa aos computadores nas 180 mil escolas da rede pública. É na escola pública onde estão 80% dos 5 mil professores entrevistados de norte a sul do país. E eles preferem que seus filhos estudem em escolas particulares, onde terão mais condições de se preparar para a vida e para o trabalho.

É triste o que a pesquisa da Unesco constata.

Nossos professores estão perdendo a fé na escola pública, e também se mostram descrentes na valorização dos jovens com o respeito aos mais velhos, o compromisso social, responsabilidade, seriedade, sentido de família, honestidade, espiritualidade e tolerância.

Essas palavras realmente perdem sentido no cotidiano das escolas, quando a falta de perspectivas agrava a violência. Trata-se de uma doença social que ceifa vidas e choca o Brasil, com vimos ontem aqui em Brasília, onde uma aluna matou a colega na sala de aula.

Longe de ser fato isolado, a apreensão de facas, canivetes e até armas de fogo é rotina nas escolas. A insegurança é agravada pela venda de drogas, fator adicional para o desestímulo à profissão que deveria ser a mais valorizada do País. No entanto, temos 2 milhões de professores e 50 milhões de alunos sem preparo para o uso das ferramentas tecnológicas.

Sem reverter esse cenário desalentador, não haverá esperança para reverter o desemprego em nosso País.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/05/2004 - Página 16724