Discurso durante a 68ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da CPI para investigar as fraudes no Ministério da Saúde. Protesto contra a comemoração, por membros do governo, do recorde do superávit primário.

Autor
Heloísa Helena (S/PARTIDO - Sem Partido/AL)
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Defesa da CPI para investigar as fraudes no Ministério da Saúde. Protesto contra a comemoração, por membros do governo, do recorde do superávit primário.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2004 - Página 16926
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • NECESSIDADE, INSTALAÇÃO, SENADO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), INVESTIGAÇÃO, IRREGULARIDADE, LICITAÇÃO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), AQUISIÇÃO, SANGUE HUMANO.
  • REPUDIO, COMEMORAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AMPLIAÇÃO, SUPERAVIT, SIMULTANEIDADE, SITUAÇÃO, DIFICULDADE, POPULAÇÃO, BRASIL.

A SRª HELOÍSA HELENA (Sem Partido - AL. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, infelizmente o Senador Arthur Virgílio não está presente. Mas já falei com S. Exª ao telefone e disse-lhe que iria citá-lo nominalmente.

Há alguns meses, tive uma discussão com o Senador Arthur Virgílio sobre o Ministro Humberto Costa, da Saúde, oportunidade em que entendi que o Senador Arthur Virgílio estava irresponsavelmente atacando o Ministro Humberto, pessoa por quem eu sempre tive muita consideração, admiração e respeito tendo em vista a sua competência técnica.

É evidente que, depois dos últimos acontecimentos, sinto-me na obrigação de dizer que continuo achando que S. Exª é um profissional extremamente competente. Mas, no quesito honestidade, se S. Exª é honesto ou não, eu só poderei dizê-lo se realmente conseguirmos instalar uma comissão parlamentar de inquérito nesta Casa para desvendarmos os mistérios sujos da tal operação de vampirismo nos bancos de sangue do nosso País.

Digo isso, sem dúvida, com muita tristeza. Mas, como há dois anos eu sempre brigava muito com alguns Senadores quando falavam mal - chegavam mesmo a esculhambar -, do ponto de vista ético, de casos como o de Santo André e do financiamento por empresários de filho de Lula ou de José Dirceu, e, hoje, esses Senadores são da corriola do Governo e são tratados como queridinhos, amores primeiros, então, agora, só coloco mesmo a minha mão no fogo pelos meus meninos lá em casa.

Sr. Presidente, digo isso porque já assinei o pedido de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito, que é de fundamental importância para que possamos desvendar os mistérios sujos de questões tão graves como essa, estejam as pessoas ocupando cargos no Governo Fernando Henrique, no Governo Lula, ou onde estiverem.

Portanto, Sr. Presidente, quero deixar registrado o meu protesto. Sei que ele ficará apenas nos Anais ou nas páginas do Diário Oficial, que poucos lêem, mas - repito - faço questão de deixar aqui o meu protesto diante da comemoração do Governo Federal e de suas Lideranças, de setores muito importantes da mídia, da comemoração feita nesses últimos dias em relação ao recorde do superávit primário.

Sempre me incomoda muito, Senador Geraldo Mesquita, tanto ver aquele que era o maior partido de esquerda da América Latina, o PT, se transformar numa medíocre ferramenta da propaganda triunfalista do neoliberalismo, como ver sendo legitimada mais uma vez no imaginário popular, por um Governo que foi eleito se comprometendo com mudanças estruturais profundas, a velha verborragia da patifaria neoliberal.

O superávit primário - que é comemorado pelas hienas do mercado financeiro, porque, de fato, só as hienas, os parasitas dos bancos é que ganham com esse superávit -, embora ele seja construído por meia dúzia de burocratas servis às hienas do mercado financeiro, ele não é só um instrumento feito com cortes no papel na execução orçamentária. Na ausência de disponibilidade financeira, para o superávit ser construído e, portanto, agradar às hienas do mercado financeiro, significa que os filhos da pobreza do Brasil ficam sem saneamento básico, sem moradia popular, sem segurança pública, sem saúde, sem educação, sem assistência social. Isso porque, para que as hienas comemorem, significa que tem que ter o sofrimento, a dor, a angústia, o desemprego de milhões de brasileiros que acabam ficando sem o serviço público a ser disponibilizado pelo Governo.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, por mais que eu saiba que eu fico sempre na contramão da verborragia da patifaria neoliberal, faço questão de deixar registrado na Casa o meu repúdio a essa velha cantilena e a essa propaganda triunfalista do neoliberalismo.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2004 - Página 16926