Discurso durante a 69ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao Dia do Geógrafo, comemorado no último dia 29 de maio.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao Dia do Geógrafo, comemorado no último dia 29 de maio.
Publicação
Publicação no DSF de 03/06/2004 - Página 17115
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, GEOGRAFO, ANALISE, CIENCIAS, GEOGRAFIA, VINCULAÇÃO, VIDA HUMANA, MEIO AMBIENTE.
  • HOMENAGEM POSTUMA, MILTON CAMPOS, GEOGRAFO, CIENTISTA, PROFESSOR, ELOGIO, OBRA INTELECTUAL, ENGAJAMENTO, LUTA, JUSTIÇA SOCIAL, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO RACIAL.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para saudar os geógrafos brasileiros, que comemoraram, em 29 de maio passado, o seu dia.

É importante aproveitar para destacar a importância da Geografia em todos os aspectos da vida.

Como bem define o Dicionário Aurélio, a Geografia é uma ciência que tem como objeto a descrição da superfície da Terra, o estudo dos seus acidentes físicos, climas, solos e vegetações, e das relações entre o meio natural e os grupos.

A Geografia classifica-se, de uma maneira geral, em geografia física, que se preocupa com o estudo do ambiente físico da Terra, atmosfera, biosfera, hidrosfera e litosfera, e em geografia humana, que estuda as pessoas e as suas atividades. Os dois campos de atuação levam em consideração a análise espacial, ou seja, o estudo das localizações e dos padrões.

Na análise ecológica, por exemplo, o geógrafo tem a preocupação de estabelecer interação entre o elemento humano e geofísico.

A Geografia pode ser subdividida em outras disciplinas especializadas, a saber: a geomorfologia, que compreende o estudo científico da origem e evolução dos acidentes geográficos; a geografia populacional, que estuda a composição, a distribuição, o crescimento e os movimentos populacionais; e, finalmente, a geografia de recursos, que se preocupa com o estudo da localização e da exploração das riquezas naturais. Vale dizer que a Geografia passou a ser considerada como uma disciplina acadêmica distinta, no final do século XIX.

Nos últimos cem anos, a Geografia experimentou grandes avanços. Por exemplo, os problemas regionais ganharam mais destaque em suas análises, e, de uma abordagem mais descritiva, derivou para o caminho da exploração do campo quantitativo e científico.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste dia dedicado a todos os geógrafos brasileiros, o meu pronunciamento ficaria incompleto se não aproveitasse este momento para prestar homenagem a um dos mais notáveis geógrafos brasileiros. Ele brilhou nos plenários acadêmicos de todo o mundo. O eminente Prof. Milton Santos, que nos deixou não faz muito tempo, foi uma figura marcante e permanece vivo nas bibliotecas do nosso País e do exterior, nos ensinamentos dos maiores mestres mundiais, nas citações de livros publicados em quase todas as línguas e nos trabalhos universitários que são apresentados em todos os países.

Em verdade, o cientista, professor, geógrafo e intelectual Milton Santos continua sendo um orgulho para o Brasil. Todas as vezes em que se discute a Geografia como ciência, notadamente, a geografia humana, os trabalhos do grande mestre são citados.

E não foi por acaso que a geografia humana motivou os seus inúmeros livros, as suas inúmeras intervenções nas universidades mais renomadas e nos mais importantes fóruns internacionais. Além de ser dotado de qualidades intelectuais e científicas admiráveis, o Prof. Milton Santos foi um grande humanista, um homem engajado politicamente e socialmente, sensível aos problemas sociais graves enfrentados pelos pobres e combatente incansável contra as injustiças impostas às minorias, aos negros e a outros grupos étnicos que continuam sendo discriminados pelo mundo afora.

O eminente cientista social Milton Santos publicou mais de quarenta livros, escreveu centenas de artigos, recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais e é, sem dúvida alguma, um imortal, um dos mais importantes pensadores brasileiros.

O ilustre geógrafo foi um homem digno até o último suspiro de sua vida. Mesmo sendo detentor de tantas láureas em sua brilhante carreira, mesmo tendo galgado tanto sucesso aqui e fora daqui, o grande mestre Milton Santos chegou à glória guardando dignidade e simplicidade.

Em virtude de ser negro, conheceu de perto a afronta da discriminação, mas nunca se abalou, nunca desistiu dos seus propósitos e nunca demonstrou qualquer rancor contra aqueles que o olhavam com preconceito. Muito pelo contrário, estava sempre de bem com a vida e, por isso, nunca foi visto de cara feia e, sim, com um largo sorriso de felicidade.

O grande geógrafo Milton Santos, neto de escravos, nasceu em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, em 1926. Os pais eram professores primários e o alfabetizaram em casa. Em 24 de junho de 2001, após lutar corajosamente contra um câncer, um dos mais brilhantes geógrafos do Brasil resolveu nos deixar fisicamente.

Nobres colegas Senadoras e Senadores, é com grande orgulho que dedico este pronunciamento, neste dia 29 de maio, Dia do Geógrafo, à memória do Prof. Milton Santos, homem que dignificou o nosso País e que serve de exemplo para todos os geógrafos brasileiros, e informar à Casa que já dei parecer favorável ao Projeto de Lei da Câmara nº 13, de 2003, que denomina “Rodovia Milton Santos” a BR-242, que atravessa a Chapada Diamantina. É o mínimo que devemos à memória deste grande brasileiro.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/06/2004 - Página 17115