Discurso durante a 71ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apoio ao discurso do Senador Pedro Simon na defesa do Ministério Público. Posse do Ministro Nelson Jobim na Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF).

Autor
Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
JUDICIARIO. HOMENAGEM.:
  • Apoio ao discurso do Senador Pedro Simon na defesa do Ministério Público. Posse do Ministro Nelson Jobim na Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF).
Publicação
Publicação no DSF de 05/06/2004 - Página 17459
Assunto
Outros > JUDICIARIO. HOMENAGEM.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, DISCURSO, PEDRO SIMON, SENADOR, DEFESA, ATUAÇÃO, MINISTERIO PUBLICO, GARANTIA, DEMOCRACIA, ESTADO DE DIREITO, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, COMBATE, CORRUPÇÃO.
  • HOMENAGEM, POSSE, NELSON JOBIM, PRESIDENTE, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), ELOGIO, VIDA PUBLICA, LEITURA, TRECHO, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, PRONUNCIAMENTO, AUTORIA, MINISTRO.

O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, desejo fazer uma referência ao pronunciamento do Senador Pedro Simon, que fez considerações completamente positivas e respeitosas à trajetória histórica e de defesa do Estado democrático de direito do Ministério Público.

Alio-me ao Senador Pedro Simon na defesa do Ministério Público, que tem sido um guardião da democracia, do Estado de direito, da Constituição Federal, do combate à corrupção, que é a grande doença nacional, e, talvez, de todo o Terceiro Mundo. Jamais poderemos permitir que o Parlamento deixe de valorizar e prestar absoluta solidariedade à defesa intransigente do Ministério Público, com a sua ampla capacidade de independência funcional. O Senador Pedro Simon tem pregado isso permanentemente, e acredito que é mais do que justo que todos nós estejamos atentos ao que ele diz e que lhe prestemos solidariedade.

Desejo também, neste momento, fazer uma consideração especial sobre o dia de ontem, um dia distinto, quando houve a posse do novo Presidente do Supremo Tribunal Federal, que tem uma composição extraordinária, com a alta qualificação dos seus membros, à altura dos desafios do nosso Estado-Nação, e que, de fato, assume as funções de grande guardião efetivo da Constituição brasileira.

A posse do Ministro Nelson Jobim foi um fato distinto da vida pública nacional, pois S. Exª é um patrimônio da inteligência brasileira, um homem que não é apenas um juiz, não é apenas um Ministro do Supremo Tribunal Federal, mas um acadêmico. Trata-se de alguém que vive a teoria do Direito na sua prática diária, um estudioso profundo do assunto e dos problemas nacionais, um homem que tem uma visão estratégica do Estado democrático.

            Penso que ganhou muito o Brasil com a posse ocorrida no dia de ontem, que reflete a credibilidade e o respeito que S. Exª recebe de toda a Nação brasileira, com a presença tão extraordinária de autoridades de todas as matizes políticas e ideológicas e de representantes de todas as instituições. Estiveram presentes o Senhor Presidente da República, Ministros de Estado, Senadores, que compareceram de maneira expressiva à solenidade.

Acredito que ganhou o Brasil. Não tenho dúvidas de que haverá uma fase de proteção da Nação bastante efetiva por um guardião da Constituição, que deve ser o Supremo Tribunal Federal e um Ministro desse Tribunal.

Gostaria de enaltecer momentos do discurso do Ministro Nelson Jobim, que me marcaram muito, quando, por exemplo, S. Exª trouxe a abordagem sobre a questão judiciária e a relação entre os Poderes.

Diz o Ministro em seu discurso:

A questão judiciária passou a ser tema urgente da Nação. O tema foi arrancado do restrito círculo dos magistrados, promotores e advogados. Não mais se trata de discutir e resolver o conflito entre esses atores. Não mais se trata do espaço de cada um nesse Poder da República. O tema chegou à rua. A cidadania quer resultados. Quer um sistema Judiciário sem donos e feitores. Quer um sistema que sirva à Nação e não a seus membros. A Nação quer e precisa de um sistema Judiciário que responda a três exigências:

- Acessibilidade a todos;

- Previsibilidade de suas decisões;

- E decisões em tempo social e economicamente tolerável.

Essa é a necessidade. Temos que atender a essas exigências. O Poder Judiciário não é fim em si mesmo. Não é espaço para biografias individuais. Não é uma academia para afirmações de teses abstratas. É, isto sim, um instrumento da Nação. Tem papel a cumprir no desenvolvimento do País. Tem que ser parceiro dos demais Poderes. Tem que prestar contas à Nação. É tempo de transparência e de cobranças.

            S. Exª diz mais, em manifestação que me marcou muito:

Quem não faz o seu papel na História não é nem bom, nem mau. Pior - é inútil. Criamos uma enormidade de problemas porque nos opomos a falar sobre os nossos. Evitamos falar de nós mesmos e desqualificamos quem fala de nós. O momento exige, de todos nós, lucidez política e humildade. A mesa de discussões tem que se ampliar. Não mais só os tradicionais atores - juízes, promotores e advogados. Devem estar na mesa o Governo, os políticos, os filósofos os antropólogos, os economistas, os administradores. Também as organizações sociais e os sindicatos de trabalhadores e patrões. Enfim, todos os que são e fazem o País. Todos críticos quanto ao nosso desempenho. Muitos de nós procuram dar explicações. Caçam culpados. É inútil.

            São afirmações que marcam um momento da história do Judiciário brasileiro, a história do Supremo Tribunal Federal. Não é em qualquer momento da história que há alguém com tanta qualificação para responder por uma Corte tão importante, tão fundamental para a vida democrática do País.

            Diz mais o Ministro Nelson Jobim, encerrando essas considerações de respeito à sua biografia, à sua trajetória como cidadão brasileiro e à sua responsabilidade como Magistrado da Nação, dentro do Supremo Tribunal Federal. Diz o Ministro:

A História não registra e não se satisfaz com queixas, explicações ou desculpas. A História lembra do que fizemos e do que deixamos de fazer. Nada mais.

Sr. Presidente, foi um belo momento para a sociedade brasileira. O Senado Federal ganhou muito em se fazer presente. Estiveram lá o nosso Presidente, o Senador José Sarney, e o Presidente da Câmara dos Deputados. Ganhou a Câmara dos Deputados, as Srªs e os Srs. Deputados, os Ministros, as Srªs e os Srs. Senadores.

Sr. Presidente, nada mais justo do que incorporar aos Anais do Senado Federal - e é isto que requeiro a V. Exª, Sr. Presidente - a íntegra do discurso proferido pelo Ministro Nelson Jobim ontem.

Com certeza, haverá um outro Poder Judiciário a partir de uma convivência harmônica, independente e absolutamente comprometida com os destinos da nossa Nação: a convivência entre o Supremo Tribunal Federal, o Poder Executivo e o Poder Legislativo. São três instituições maduras, à altura do seu tempo.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. TIÃO VIANA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno)

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Matéria referida:

“Discurso do Ministro Nelson Jobim”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/06/2004 - Página 17459