O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, será realizada, de 17 a 20 de junho deste ano, aqui em Brasília, a 1ª Conferência Nacional do Esporte, promovida pelo Ministério do Esporte, cujo tema será “Esporte, Lazer e Desenvolvimento Humano”.

Trata-se de mais uma louvável iniciativa do Governo na seara esportiva, que conta com uma pasta ministerial exclusiva para a gestão de seus interesses. Diversas propostas e sugestões inovadoras serão debatidas nesse evento, que mobilizará todos os segmentos envolvidos para a construção de uma nova Política Nacional do Esporte, no sentido de promover, acima de tudo, a democratização e universalização das práticas desportivas brasileiras.

Aqui, no Congresso Nacional, muito já se fez e se discutiu sobre o esporte brasileiro. Diplomas importantes para o futebol, como a Lei Zico, a Lei Pelé e o Estatuto do Torcedor, ou instrumentos para a valorização do esporte olímpico, como a Lei Agnelo/Piva, foram exaustivamente debatidos e posteriormente aprovados. As Comissões Parlamentares de Inquérito, que investigaram dirigentes e empresários do futebol profissional, também contribuíram para que pudéssemos passar a limpo essa verdadeira paixão nacional.

É preciso que tenhamos consciência da enorme importância do esporte na vida de nosso povo, notadamente para as crianças. A prática esportiva contribui, de maneira crucial ao desenvolvimento humano, na consolidação do caráter e na construção física e intelectual dos indivíduos em formação.

Princípios essenciais à correta construção da personalidade estão intimamente ligados ao espírito esportivo: o sentimento de grupo, o trabalho em equipe, a valorização do próximo, a disciplina coletiva e o estabelecimento de regras, a tolerância, a auto-estima e a capacidade de liderança. Dizem que a vida imita a arte. Podemos dizer, por outro lado, que o esporte imita a vida.

O Estado, nesse sentido, desempenha o papel fundamental de indutor das políticas públicas de inclusão social ligadas ao esporte. Seja como valiosa ferramenta educacional, seja como afirmação de nossa identidade cultural, o esporte surge como aliado importante na nobre arte de forjar cidadãos.

Não podemos esquecer, ainda, sua dimensão econômica como fator de desenvolvimento e gerador de emprego e renda. A crescente pujança da indústria de material esportivo, o turismo dos grandes eventos esportivos e o incremento comercial por eles proporcionado não nos deixam mentir.

O que falar, então, sobre o fortalecimento de nossa identidade cultural? Inúmeros aspectos da vida esportiva acabam permeando nossa sociedade, construindo elementos e valores próprios à nossa Nação.

Somos a “pátria de chuteiras” quando nossa seleção de futebol entra em campo. Atletas brasileiros estão espalhados pelo mundo afora, promovendo nossa cultura e fortalecendo nossa imagem como celeiro natural de talentos. Talvez o personagem mais conhecido do mundo seja um atleta brasileiro - o inigualável Pelé.

Estamos a menos de três meses das Olimpíadas de Atenas, e a delegação brasileira confirmada para o grande evento do esporte mundial já é a maior que já formamos. Mas muito ainda há de se fazer para, ao menos, chegarmos perto do desempenho de países como Cuba. Detentora de uma estrutura educacional intimamente vinculada à prática esportiva escolar, essa pequena ilha caribenha destaca-se nas competições internacionais, com resultados superiores a algumas potências mundiais.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Governo tem o dever de assegurar o amplo acesso de todos os brasileiros à prática esportiva, além de regulamentar e fiscalizar o desporto profissional. A 1ª Conferência Nacional do Esporte nasce, assim, com o propósito de democratizar o debate sobre quais ações podemos empreender, em todas as esferas governamentais, para consolidar novas diretrizes de políticas públicas voltadas ao setor.

O esporte, seja ele amador ou profissional, juvenil ou adulto, de competição ou lazer, deve ser tratado como questão de Estado das mais importantes. Uma Nação que se exercita e se entretém de forma sadia e soberana é o que buscamos.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.