Discurso durante a 73ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a questão ambiental no país.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Considerações sobre a questão ambiental no país.
Publicação
Publicação no DSF de 09/06/2004 - Página 17758
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MEIO AMBIENTE, ANALISE, RIQUEZAS, ECOSSISTEMA, BRASIL, DETALHAMENTO, DADOS, FLORESTA AMAZONICA, NECESSIDADE, AUMENTO, CONHECIMENTO, UTILIZAÇÃO, BIODIVERSIDADE, ATENÇÃO, SOBERANIA NACIONAL.

A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, transcorreu no último sábado, o Dia Internacional do Meio Ambiente.

É desnecessário dizer da importância assumida pela questão ambiental nas últimas décadas no Brasil e no mundo.

Qualquer análise que se faça sobre o meio ambiente não pode deixar de constatar o quanto o nosso país é rico, quando se trata de natureza, e o quanto é importante a preservação do meio ambiente.

Os problemas ambientais de grande impacto só começam a surgir com o fortalecimento da chamada sociedade industrial e, a partir daí, a questão da conservação se solidificou em todo o mundo.

Os ecossistemas brasileiros constituem os sistemas naturais mais ricos e abundantes do mundo no que diz respeito à fauna e à flora. A nossa biodiversidade pode ser medida pelo número total de espécies vivas nos ecossistemas terrestres e aquáticos, determinando o que os ecólogos chamam, em termos mundiais, de “a riqueza total do planeta”.

São seis os ecossistemas brasileiros: a FLORESTA AMAZÔNICA, o PANTANAL, a MATA ATLÂNTICA, a CAATINGA, o CERRADO e as ZONAS COSTEIRAS.

Dentre os nossos ecossistemas avulta, pela sua grandiosidade, a Floresta Amazônica. Como é do conhecimento de todos, desde a década de 80 o desmatamento elevou a floresta amazônica ao centro do debate ecológico mundial.

A Amazônia brasileira atraiu a atenção porque o desmatamento parecia interligar, num cenário catastrófico, três grandes tendências contemporâneas, que podem conduzir a um desastre ambiental global: o efeito estufa, a destruição da camada de ozônio e a perda da biodiversidade.

Na verdade foi o desmatamento que forjou o próprio conceito de biodiversidade e suscitou uma nova questão ambiental.

Entre os países que abrigam florestas tropicais, o Brasil ocupa o primeiro lugar, liderando o grupo dos treze “países de megadiversidade”. Em nossa floresta amazônica existem de 5 a 30 milhões de plantas diferentes, a maioria não identificada. São 30 mil espécies vegetais reconhecidas, ou 10% das plantas do mundo, espalhadas em 3,7 milhões de quilômetros quadrados.

A região ostenta a maior variedade de aves, primatas, roedores, jacarés, sapos, insetos, lagartos e peixes de água doce de todo o planeta. Pela floresta amazônica circulam 324 espécies de mamíferos, além de 25% da população de primatas do mundo. Em termos de peixes são 2500 a 3000 espécies diferentes. Na Europa inteira não se contam mais de 200 espécies.

Tal riqueza de biodiversidade é internacionalmente reconhecida, o que não impede que esteja imensamente ameaçada. O que se constata, portanto, é que para o melhor e o pior a biodiversidade é antes de tudo uma questão eminentemente brasileira.

A ignorância poderia nos levar a perguntar o quanto a biodiversidade tropical fez por todos nós. A resposta é que ela fez e faz mais do que pensamos e poderia fazer muito mais: basta lembrar que menos de um por cento da plantas tropicais tiveram seus usos potenciais investigados. 

Há, então, em termos de biodiversidade de florestas tropicais, uma dupla ignorância: a ignorância do que ela é, porque a desconhecemos e porque ela ainda não foi suficientemente estudada pela ciência ocidental, e a ignorância do que a biodiversidade poderia vir a ser - é uma ignorância irresponsável e inconseqüente de quem dilapida uma riqueza do futuro, sem ao menos antecipar seus benefícios no presente.

Por tudo isso, a questão da biodiversidade significa, para o Brasil, uma prova de fogo. A evolução da crise ambiental planetária e o desenvolvimento da biotecnologia colocaram o país numa encruzilhada.

Através da questão da biodiversidade vai ser testada a vontade política dos países industrializados de superar efetivamente o impasse ambiental e rever o sentido de seu processo de desenvolvimento, que consome 80% da energia produzida no mundo.

Por outro lado, chamo a atenção dos senhores, para o fato de que também será testada a capacidade do Brasil de fazer reconhecer o valor de seus recursos naturais não só para o próprio país, mas para a comunidade internacional.

Daremos um grande salto se conseguirmos transformar a riqueza da biodiversidade em matéria-prima do futuro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/06/2004 - Página 17758