Pronunciamento de Lúcia Vânia em 11/06/2004
Discurso durante a 80ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Criação de grupo de trabalho, reunindo 14 ministérios, para elaborar políticas públicas voltadas para a juventude.
- Autor
- Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
- Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
POLITICA SOCIAL.:
- Criação de grupo de trabalho, reunindo 14 ministérios, para elaborar políticas públicas voltadas para a juventude.
- Publicação
- Publicação no DSF de 12/06/2004 - Página 18071
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL.
- Indexação
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- IMPORTANCIA, DECISÃO, GOVERNO FEDERAL, CRIAÇÃO, GRUPO DE TRABALHO INTERMINISTERIAL, DEFINIÇÃO, DIRETRIZ, POLITICA, BENEFICIO, JUVENTUDE, ADOLESCENCIA, EXPECTATIVA, ENCAMINHAMENTO, ASSUNTO, DEBATE, CONGRESSO NACIONAL.
A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Governo Federal acaba de criar um grupo de trabalho, reunindo 14 Ministérios, para montar diretrizes de políticas públicas voltadas para a juventude.
Embora tivéssemos esperado por esta iniciativa há mais tempo, a decisão do Governo é elogiável. Já passa da hora de encontrarmos uma forma de interferir em uma realidade sombria que se apresenta para a juventude brasileira e sobre a qual já fiz inúmeros alertas aqui nesta Casa.
Os jovens e os adolescentes brasileiros têm sido as maiores vítimas da violência e da falta de oportunidades para uma vida melhor.
Pesquisa realizada pelo Sebrae, ao final do ano passado, mostrou o quanto eles estão conscientes da situação que enfrentam.
Dos 34 milhões de jovens brasileiros, mais da metade se preocupa com a falta de segurança no País.
A violência foi tema presente entre 55% dos entrevistados, que gostariam de discuti-lo com a sociedade em geral. Logo após, vêm o desemprego, as drogas e a educação.
A preocupação dos jovens confirma-se por outra pesquisa, divulgada ontem pela Unesco: o Brasil está em quinto lugar no ranking de 67 países com as maiores taxas de homicídios de jovens na faixa de 15 a 24 anos.
Segundo o representante da Unesco no Brasil, Jorge Werthein, o País precisa criar políticas públicas voltadas para a juventude. Hoje, ele afirma, as ações estão separadas.
Ele diz que o combate à violência não pode ser apenas repressivo, mas preventivo, mantendo os jovens na escola. E cita como exemplo a bolsa escolar, afirmando ser mais barata do que manter as Febens.
A mesma preocupação está sendo manifestada pelo Pesquisador do Núcleo de Estudos da violência da Universidade de São Paulo, Paulo Sérgio Pinheiro.
Segundo explica, o número de homicídios de jovens não diminuiu porque o Governo não vem respondendo à altura. Há necessidade de uma política articulada, que combata o crime organizado e melhore o sistema prisional.
Da mesma opinião é o Jornalista Gilberto Dimenstein.
Especialista em adolescência e juventude, o colunista da Folha de S.Paulo escreve periodicamente sobre o assunto.
Dimenstein tem sugerido ao Presidente Lula que aproveite projetos exitosos existentes.
De acordo com o jornalista, o Governo tem a solução diante dos olhos. É só implementar o que já existe. Estimular a aplicação da Lei da Aprendizagem e fortalecer o Programa Agente Jovem.
Ele também defende a adoção da bolsa-escola para que os adolescentes concluam seus estudos e possam ter uma chance de desenvolver habilidades.
E vai mais longe: sugere ao Governo que faça um grande acordo com todos os Governadores e Prefeitos para uma ação nas áreas onde a violência tem feito seus maiores estragos.
Que sejam oferecidos os mais diversos tipos de serviços aos nossos jovens: da transformação da escola em centro comunitário a programas de lazer e de geração de renda.
É exatamente neste sentido que acredito no êxito do grupo interministerial agora criado. Espero que não seja mais um dos grupos a ficar em intermináveis discussões a portas fechadas.
Mas que traga o debate para o Congresso e que esteja aberto para as sugestões da sociedade. Como é o caso da Unesco e outras organizações que têm larga experiência com temas sociais e que podem contribuir para que nossa juventude tenha um futuro menos violento e mais promissor.
Muito obrigada.