Discurso durante a 81ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Importância do Estado do Espírito Santo na produção do café conilon.

Autor
Marcos Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
Nome completo: Marcos Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Importância do Estado do Espírito Santo na produção do café conilon.
Aparteantes
Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 15/06/2004 - Página 18090
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • ANALISE, DESENVOLVIMENTO, CULTURA, CAFE, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), EVOLUÇÃO, ESPECIE, PESQUISA, GENETICA, EFICIENCIA, PRODUTIVIDADE, ADAPTAÇÃO, MERCADO EXTERNO, GLOBALIZAÇÃO, REGISTRO, DADOS, PRODUÇÃO, ELOGIO, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, AMBITO ESTADUAL, PREVISÃO, CRESCIMENTO, SETOR, AUMENTO, EXPORTAÇÃO.

O SR. MARCOS GUERRA (PSDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, recentemente, o Diretor-Geral do Cecafé - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, Guilherme Braga Abreu Filho, afirmou:

A globalização não é a causa dos problemas existentes no café. Impõe, na verdade, novo cenário sobre o qual precisamos aprender a trabalhar e dele extrair as vantagens. Requer, acima de tudo, eficiência.

Mais tarde, no mesmo dia, ao ler o jornal A Gazeta, de Vitória, senti uma grande satisfação com a reportagem de página inteira, intitulada “Novo Conilon chega para mudar a história”.

Permitam-me explicar, nobres colegas. Denomina-se Conilon a variedade de café trazida, em 1912, pelo então Governador do Espírito Santo, Jerônimo Monteiro, da cidade do Rio de Janeiro para o sul do Estado. Apesar de as primeiras sementes e mudas terem sido plantadas em Cachoeiro do Itapemirim, a expansão só se tornou mais expressiva, no final da década de 60, na região Norte do Espírito Santo.

É com muito orgulho, Srªs e Srs. Senadores, que lhes informo ser o meu Estado uma das mais importantes regiões produtoras do café Conilon do mundo. Ele é também o maior produtor brasileiro e nas últimas safras tem representado entre 65% e 70% da produção total de café do País, já que, na safra de 2002/2003, a produção capixaba de Conilon ficou próxima de oito milhões de sacas.

Atualmente, o cultivo dessa variedade representa a mais importante atividade social e econômica do Estado, no setor agrícola, em cerca de 38 mil propriedades, atingindo 300 mil hectares de produção.

A partir de 1985, começaram as pesquisas de melhoramento genético e, nos últimos dez anos, a renovação das lavouras do Conilon tem empregado principalmente as variedades melhoradas desenvolvidas pelos técnicos do Incaper, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural. Em 1999, por exemplo, foi recomendado o “Robustão Capixaba”, que possui boa tolerância à seca; em 2000, o “Robusta Tropical”, de propagação por sementes, foi indicado ao cultivo em condições mais rústicas. A estimativa do Incaper é de que 30% do parque estadual de Conilon seja formado por variedades melhoradas, que respondem, hoje, por mais de 53% da produção de Conilon no Estado.

Sr. Presidente, após quase 20 anos de estudos e pesquisas, mais uma variedade de café está apurada, pronta para entrar no mercado, preocupar os concorrentes mundiais e, como afirma o jornalista Zenilton Custódio, “mudar a história da cafeicultura capixaba”. É a variedade mais produtiva já lançada pelo Incaper; 21% superior às outras cinco indicadas, a partir de 1993: o Conilon Vitória.

O nosso grande entusiasmo - meu e de todos os conterrâneos que conhecem o assunto - é que esta nova variedade apresenta as características de um supercafé: além da alta produtividade (70 sacas por hectare), é resistente à principal doença do café, a ferrugem, a pior ameaça às plantações do Estado, e também à doença que ataca as folhas da planta.

A produtividade, Sras. e Srs. Senadores, é um grande atrativo, uma vez que é 21% superior à média das outras variedades anteriormente lançadas pelo Incaper e quase 40% maior que a do Conilon Tropical. Já a resistência às pragas e doenças significa menor uso ou mesmo a dispensa de defensivos agrícolas, o que reduz o custo da produção e implica menor agressão ao meio ambiente.

O Conilon Vitória possui ainda outras características interessantes, como, por exemplo, os maiores grãos entre as plantas do Incaper e um percentual bem mais reduzido de grãos redondos de uma só semente, que depreciam o produto.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no Espírito Santo a produtividade das lavouras tradicionais chegou a quase 15 sacas por hectare. A título de comparação, os produtores que utilizaram as novas tecnologias e variedades melhoradas atingiram mais de 40 sacas por hectare. O Conilon Vitória, no entanto, em condições normais, alcança 125 sacas por hectare; prevê-se que um plantio irrigado possa produzir índices superiores a 150 sacas por hectare. Além disso, não apresenta variação de uma espécie para outra.

Srªs e Srs. Senadores, este resultado e as possibilidades me entusiasmam, porque venho de uma família que cultivou a terra capixaba, que ajudou a tornar o Município de Colatina o maior produtor de café do Brasil. Perdemos essa posição porque o Município recebeu quatro emancipações. O antigo território de Colatina compreende, hoje em dia, cinco Municípios. Mas Colatina ainda é um dos maiores em produção e, conseqüentemente, em geração de empregos.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sinto-me orgulhoso e satisfeito por trazer essas informações a este Plenário, que analisa e discute graves problemas na maior parte do tempo. Estou muito feliz que do meu Estado do Espírito Santo tenha vindo uma solução tão eficiente para a questão do café quanto à criação do Conilon Vitória.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Marcos Guerra, V. Exª me concede um aparte?

O SR. MARCOS GUERRA (PSDB - ES) - Concedo o aparte a V. Exª.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Marcos Guerra, cumprimento V. Exª pelo brilhantismo do seu pronunciamento, que trata de uma cultura muito importante, que, além de gerar empregos no nosso País, aumenta as nossas divisas e traz ao que eu chamo de bom debate um tema sobre o qual esta Casa vai se debruçar esta semana, que é a renda do brasileiro, que, se tivesse um salário maior, poderia ser um consumidor em potencial do nosso café.

Apresentei, há duas semanas, num debate com o Ministro Antonio Palocci, dados em que mostrei que, infelizmente, com o salário mínimo atual - do salário mínimo é preciso diminuir o correspondente à Previdência; dessa forma, de R$260,00, sobram R$238,00 -, um casal com dois filhos não consegue comprar para todos um cafezinho e um pãozinho seco, sem manteiga sem nada. Ou seja, eles não realizam as três refeições.

O meu aparte é para cumprimentar V. Exª, na esperança de que consigamos aprovar um salário mínimo maior, garantindo o mesmo percentual também para os aposentados e pensionistas, que são os que sustentam as pequenas economias, principalmente no interior do Nordeste. Com isso estaríamos contribuindo para que o café fosse consumido também internamente.

O SR. MARCOS GUERRA (PSDB - ES) - Obrigado, Senador Paulo Paim. V. Exª tocou num assunto, o salário mínimo, que realmente mexe com a opinião do País.

No Espírito Santo, a colheita do café está terminando. Temos regiões que empregam na colheita do café a grande maioria das pessoas do campo, que, muitas vezes, nem um salário fixo têm. Como venho do interior, sinto o sofrimento principalmente do homem do campo.

Nobre Senador, o café Conilon tem tudo para se tornar uma grande descoberta e veio do Estado do Espírito Santo. Com certeza, esse produto dará um grande impulso às exportações brasileiras.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/06/2004 - Página 18090