Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Convocação de tropas federais para policiamento na cidade de Teresina/PI em decorrência da greve dos policiais militares do Piauí. (como Líder)

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MOVIMENTO TRABALHISTA.:
  • Convocação de tropas federais para policiamento na cidade de Teresina/PI em decorrência da greve dos policiais militares do Piauí. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2004 - Página 18234
Assunto
Outros > MOVIMENTO TRABALHISTA.
Indexação
  • COMENTARIO, CRITICA, DECISÃO, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI), SOLICITAÇÃO, EXERCITO, ATUAÇÃO, SEGURANÇA PUBLICA, MOTIVO, GREVE, POLICIA MILITAR, CONTRADIÇÃO, FORMAÇÃO, SINDICALISTA, GOVERNADOR, DEMONSTRAÇÃO, AUSENCIA, DIALOGO, MOVIMENTO TRABALHISTA.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pela Liderança do PFL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é muito constrangedor para mim, Senador do Piauí, ocupar esta tribuna para repercutir em nível nacional os últimos fatos ocorridos no meu Estado.

Por solicitação do Governador Wellington Dias, eleito pelo PT, as tropas federais do Exército assumiram as ruas de Teresina em substituição às tropas da gloriosa Polícia Militar do Estado em greve.

Vejam, senhoras e senhores, a que ponto chegamos. Quem pede tropa nas ruas não é simplesmente o Governador do PT, mas um sindicalista por formação, que, em toda sua carreira, comandou movimentos grevistas em busca de reivindicações. Quem comanda o Governo do Estado do Piauí é um homem que teve toda sua formação voltada para o diálogo e, acima de tudo, para a defesa da sua classe. De maneira precipitada, esse mesmo cidadão convoca tropas federais, que se deslocaram para Teresina usando aviões da Força Aérea. Aqui quero fazer um parêntese: os militares que estão em Teresina estão prestando seu dever, servindo à Pátria, convocados que foram pelas autoridades superiores. Estão cumprindo a convocação feita e estão, portanto, cumprindo o seu dever.

O lamentável, Senador Mão Santa, é que, antes de procurar um diálogo ou pelo menos de aguardar a decisão da Justiça, que ontem mesmo colocou a greve em estado de ilegalidade, o Sr. Governador precipita-se e coloca as tropas nas ruas, faltando-lhe a paciência natural e a tolerância para conversar e dialogar.

As principais ruas de Teresina - é bom que se frise - estavam, ontem, recheadas de militares com equipamento de guerra, mas os bairros da periferia, onde há um maior índice de marginalidade, onde ocorrem em maior número os assaltos e a violência, infelizmente, estavam totalmente acéfalos. Teresina tem a seu favor uma população pacata e ordeira. Não fora isso, teria havido acontecimentos de proporções incalculáveis e imprevisíveis.

É lamentável que o Partido dos Trabalhadores proceda dessa maneira, sem conversar com os policiais civis e militares, usando do instrumento da arrogância e da prepotência.

Senadores Mão Santa e Pedro Simon, há um registro positivo a ser feito: pela primeira vez, o Governador do Piauí pede alguma coisa ao Governo Federal e é atendido imediatamente, sem as promessas de outras situações. Foram enviadas as tropas a Teresina, numa demonstração de solidariedade imediata.

Para que V. Exª tenha uma noção do que ocorria ontem em Teresina, Senador Geraldo Mesquita Júnior - V. Exª que é um homem amante das leis -, até o aeroporto, na área de embarque de passageiros, que é de responsabilidade da Infraero, estava tomado por policiais do Exército. O Senador Mão Santa, que como eu embarcava ontem para Brasília, testemunhou esse triste episódio. Filas intermináveis atrasavam os embarques normais em cerca de uma hora, uma hora e meia por vôo. É triste, é lamentável esse episódio, mas marca exatamente - e infelizmente digo isto com muita tristeza - o caos administrativo que impera no meu Estado. Faço, até por dever de justiça, um reparo: o Governador é um homem bom, não é uma má pessoa, não é um homem que possa se dizer que está envolvido com corrupção; é um homem de bons princípios. O que lhe falta é autoridade. É vítima da hierarquia partidária, que já fez com que vários administradores por este Brasil afora, eleitos pelo PT, passassem por maus pedaços, como foi o caso de Luiza Fontenelle, em Fortaleza, e de Luiza Erundina, em São Paulo, para ficar nesses dois exemplos, que foram totalmente deformadas nas suas administrações, na maneira de administrar, exatamente por uma hierarquia partidária que corrói a autoridade do governante.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, faço aqui lamentavelmente este registro. Gostaria de estar nesta tribuna anunciando verbas, recursos, melhorias, benefícios que o PT nacional estivesse mandando para o Governador, seu correligionário, do Piauí. Mas, infelizmente, isso não acontece. O Piauí não merece passar pelo caos administrativo por que está passando - em parte, por culpa do Governo estadual, mas em parte também, e principalmente, por culpa da total indiferença do Governo Federal com seu aliado piauiense.

Faço, pois, este registro, esperando que a solução, já praticamente encontrada pela Justiça, faça com que essas tropas retornem às suas bases e o Piauí volte a viver momentos de calma, de tranqüilidade.

É evidente, Sr. Presidente, para finalizar, que se uma pesquisa é feita e se pergunta à população o que acha da presença das tropas, a população, atônita, insegura, vai dizer que a presença das tropas é positiva. Seria positiva em outras circunstâncias, mas não chancelada por um Governador que teve na sua formação, como ponto alto, exatamente o combate à falta de diálogo e, em outros tempos, o comando, nos sindicatos que dirigiu, de greves, defendendo os interesses da sua classe.

Era esse o registro que eu tinha a fazer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2004 - Página 18234