Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Transcurso do septuagésimo terceiro aniversário do Correio Aéreo Nacional (CAN).

Autor
Augusto Botelho (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Augusto Affonso Botelho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Transcurso do septuagésimo terceiro aniversário do Correio Aéreo Nacional (CAN).
Publicação
Publicação no DSF de 16/06/2004 - Página 18259
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CORREIO AEREO NACIONAL (CAN), ELOGIO, ATUAÇÃO, BENEFICIO, INTEGRAÇÃO, COMUNIDADE, INTERIOR, PAIS, REGISTRO, HISTORIA, CONTRIBUIÇÃO, SAUDAÇÃO, INICIO, ROTA, TRANSPORTE AEREO, REGIÃO AMAZONICA.

O SR. AUGUSTO BOTELHO (PDT - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, na história geral das comunicações no Brasil, creio que não cometo qualquer excesso ao conceder uma posição de singularíssima relevância ao Correio Aéreo Nacional, o CAN, que, desde o longínquo 12 de junho de 1931, tem levado medicamentos, materiais de construção, alimentos, informação, cultura e, enfim, assistência para as pequenas comunidades escondidas no interior de nosso formidável País.

Há exatos 73 anos, no comando de um Curtiss Fledgling K-263 - um biplano destinado a missões de treinamento, com autonomia de pouco mais de cinco horas e velocidade de cruzeiro de 97 quilômetros por hora -, os tenentes Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavanère Wanderley realizaram o vôo inaugural do Correio Aéreo Militar, transformado em Correio Aéreo Nacional, dez anos mais tarde, em 1941. A rota inaugural cobria o trecho Rio de Janeiro - São Paulo, com o transporte de malotes dos correios e telégrafos. Em 1935, o CAN, que então já operava linhas cobrindo praticamente todo o litoral brasileiro, começou a expansão de suas rotas para a Amazônia.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, faço esses registros históricos preliminares, para destacar e enfatizar para todos os brasileiros a importância, a verdadeira relevância do CAN, ontem como hoje, no processo de desenvolvimento social e econômico nacional. País de dimensões continentais, como aprendemos já na escola fundamental, o Brasil, na metade do século passado, tinha ainda maior urgência nos procedimentos de integração de seu vasto território, dando início efetivo àquilo que na atualidade se convencionou chamar de “inclusão” das comunidades estacionadas nos mais remotos pontos de nossa rica e plural geografia.

Coube a um dos mais eminentes brasileiros do Século XX, o Marechal-do-Ar Eduardo Gomes, na histórica posição de um dos pioneiros do CAN, a missão de conferir o dinamismo indispensável para que, ainda nos primórdios do Ministério da Aeronáutica, fossem superados os ponderáveis obstáculos à frente de um projeto da envergadura do Correio Aéreo Nacional.

Assim, com indisfarçável orgulho, recordamos que durante a 2ª Guerra Mundial, por ocasião do racionamento de combustível e da interrupção do serviço regular de cabotagem das linhas de navegação marítima no Brasil, o CAN assumiu a responsabilidade de estabelecer as comunicações com as nossas regiões mais distantes. À época, suas aeronaves riscavam os céus do Brasil, enfrentando, com a bravura e o desprendimento próprios do militar brasileiro, as mais adversas condições meteorológicas e a inimaginável precariedade das pistas de pouso.

Ao longo de mais de sete décadas de atividades, o CAN foi uma presença especialmente marcante na Amazônia, onde os habitantes ribeirinhos aguardavam ansiosos a chegada dos antigos Catalinas, hidroaviões que requerem tão-somente alguns metros de água para pousar, trazendo notícias, encomendas e artigos de primeira necessidade como alimentos e remédios. Ao longo de muitos anos, para esses brasileiros e para os pelotões de fronteira do Exército, o CAN era nada mais, nada menos do que um outro nome do Brasil, uma presença constante capaz de assegurar-lhes um mínimo de assistência continuada.

É importante observar, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, que nesses 73 anos que medeiam a sua criação e os dias correntes, o Correio Aéreo Nacional teve momentos difíceis e adversos, mas soube enfrentá-los sem perder a garra e a capacidade de renovação, jamais se distanciando de seus objetivos maiores, isto é, integração e assistência. E, felizmente, devo reconhecer, o atual Governo teve a capacidade de entender perfeitamente a relevância do CAN, garantindo apoio ao Correio Aéreo e viabilizando o incremento de rotas e missões, que conferem nova dimensão à sua malha de cobertura e atuação.

Neste ano, por exemplo, no mês de abril, o CAN deu início a uma de suas novas rotas na Amazônia. Tendo como ponto de partida Manaus, o Correio 2721 alcança as cidades de Rio Branco, Manuel Urbano, Feijó, Tarauacá, Marechal Thaumaturgo e Cruzeiro do Sul, todas no Estado do Acre, e assegura assistência médica, odontológica e ambulatorial às populações carentes da região. Um mês depois, em maio, foi inaugurada uma segunda rota cobrindo outros quatro municípios acreanos. Além disso, até o final deste semestre deverá entrar em operação ainda outra linha do CAN, a chamada “Rota do Vale do Juruá”.

Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, quando o Correio Aéreo Nacional comemora seu septuagésimo terceiro aniversário, com feições de um revigorado prestador de serviços aos brasileiros, o voto que nos cabe formular é o de que esse ímpeto mereça sempre o irrestrito apoio institucional, por parte dos órgãos federais e estaduais, e o de que se estenda a sua rede de atuação, com a abertura de novas rotas na Região Norte. Dessa forma, estaremos minorando o sacrifício e o sofrimento de milhares de brasileiros que vivem afastados dos grandes conglomerados urbanos e, exatamente por isso, merecem a especial atenção do Estado brasileiro, para ocuparem com dignidade os pontos mais longínquos e inóspitos de nosso território, onde oferecem a força de seu trabalho.

Ao encerrar este pronunciamento, quero congratular-me com todos os militares e civis, direta ou indiretamente envolvidos com as atividades do Correio Aéreo Nacional. Reconheço e agradeço a ação eminentemente humanitária que desenvolvem dentro do CAN, esta notável instituição brasileira, motivo de orgulho para todos nós. Esses profissionais realizam um trabalho que proporciona uma vida melhor para milhares de cidadãos, homens, mulheres e crianças, habitantes desse mundo naturalmente encantado que é o Norte do Brasil.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/06/2004 - Página 18259