Discurso durante a 83ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a enfermidade da Hantavirose, na cidade de São Sebastião - DF.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE.:
  • Preocupação com a enfermidade da Hantavirose, na cidade de São Sebastião - DF.
Publicação
Publicação no DSF de 17/06/2004 - Página 18640
Assunto
Outros > SAUDE.
Indexação
  • APREENSÃO, GRAVIDADE, OCORRENCIA, DOENÇA GRAVE, CIDADE, DISTRITO FEDERAL (DF), PROVOCAÇÃO, MORTE, VITIMA, CONTAMINAÇÃO.
  • ELOGIO, EFICACIA, ATUAÇÃO, SECRETARIA DE SAUDE, GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL (GDF), ESTUDO, IDENTIFICAÇÃO, MOTIVO, IMPEDIMENTO, PROPAGAÇÃO, DOENÇA, INICIO, CAMPANHA, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, COLETA, LIXO, LIMPEZA, TERRENO.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, trago a esta Casa minha imensa preocupação com os acontecimentos ocorridos no Distrito Federal nos últimos dias. A população da cidade de São Sebastião viu-se ameaçada por uma enfermidade de conseqüências terríveis: a hantavirose.

Em menos de uma semana, cinco pessoas morreram, após terem sido internadas com fortes dores no corpo, náuseas e vômitos. Exames feitos nas vítimas encontraram o hantavírus em três delas, todas moradoras de São Sebastião.

A hantavirose é uma doença rara no Brasil, onde surgiu pela primeira vez em 1993. Até agora só foram registrados casos na zona rural. Se a doença tivesse ocorrido em áreas urbanas, onde a população é bem mais concentrada, certamente o número de vítimas seria muito maior do que o registrado.

A hantavirose é transmitida por meio da inalação de poeira contaminada com fezes de ratos silvestres, e não por intermédio do consumo de água contaminada, como se chegou a temer em São Sebastião.

Depois de inalada a poeira, a doença se alastra para o pulmão da vítima em até 15 dias. Os sintomas variam de pessoa para pessoa, o que torna difícil o diagnóstico.

Mesmo antes de ser identificada, a misteriosa doença fez com que a população de São Sebastião se mobilizasse, de maneira diligente e ordeira, para combater focos de roedores e para evitar a ingestão de água de cisternas.

A maior parte da cidade de São Sebastião conta com sistema de abastecimento de água, sob responsabilidade da Companhia de Saneamento do Distrito Federal - Caesb, exemplo de competência para o resto do País. Aqueles que usam água de cisternas o fazem, geralmente, por vontade própria e não por falta de água potável.

Nessas horas de incertezas e temores por parte da população é que entra a ação, enérgica e eficaz, do Poder Público. Com tranqüilidade, afirmo que assim ocorreu no Distrito Federal, onde o Governo agiu prontamente.

A Secretaria de Saúde do DF, comandada pelo Secretário Arnaldo Bernardino, mesmo antes de saber que a doença era a hantavirose, começou a esclarecer a população no sentido de que mantivesse o lixo fora dos lotes, combatesse o mato em suas propriedades e bebesse somente água fervida.

É preciso frisar que o Governo do Distrito Federal interveio imediatamente e retirou das ruas de São Sebastião, somente na última segunda-feira, cerca de 3 mil e quinhentas toneladas de entulho e quase 64 mil toneladas de lixo.

Ademais, passou a ser diária a coleta de lixo na cidade, o que reduzirá, sensivelmente, a quantidade acumulada de sujeira e de detritos.

Mesmo sabendo que a doença não é transmitida pelos ratos que habitam a zona urbana, é necessário que a população mantenha os cuidados com a higiene, uma vez que os ratos urbanos transmitem outras doenças como, por exemplo, a leptospirose. Alerta nesse sentido foi feito à população pela Secretaria de Saúde.

No campo da ação governamental, representantes do Ministério da Saúde se reuniram com o Secretário da Saúde do DF para traçar uma estratégia de atuação conjunta. Além disso, o Governador Joaquim Roriz recebeu o Secretário Arnaldo Bernardino, na última terça-feira, para tratar do assunto.

Ficou decidido que técnicos do Ministério da Saúde e da Secretaria da Saúde irão recolher ratos para identificar quais as espécies contaminadas. Dessa forma, as entidades governamentais poderão combater roedores específicos, aumentando a eficácia das medidas adotadas.

Mesmo antes de definir um plano de ação em conjunto com o Governo Federal, funcionários da Secretaria da Saúde iniciaram uma campanha de conscientização da população. Sacos de lixo estão sendo distribuídos em escolas e instituições públicas, e palestras serão ministradas para esclarecer a população sobre a doença.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os fatos ocorridos em São Sebastião têm sido o principal motivo de minhas preocupações nos últimos dias. Afinal, pessoas já morreram, e outras podem vir a morrer! Além disso, a comoção popular é grande, bem como o clima de apreensão na cidade.

É forçoso admitir que a hantavirose é uma doença grave, que mata cerca de 50% dos doentes por ela contaminados. No entanto ela pode ser prevenida por intermédio do combate aos roedores silvestres, grandes vetores da doença.

O que mais me preocupa é a invasão da área urbana por parte desses animais, à procura de alimentos, o que expõe maior número de pessoas ao risco de contrair a doença.

Por isso, medidas como limpar terrenos e quintais, evitar a proliferação do mato e não deixar restos de comida nas proximidades das casas devem ser adotadas pela população, com o devido estímulo e orientação do Poder Público.

Estou extremamente confiante de que o Governo do Distrito Federal, em parceria com o Ministério da Saúde, será capaz de identificar e combater os focos da doença, de forma a evitar que a mesma se espalhe para outras regiões e atinja outras pessoas.

Não menos importante do que o combate à enfermidade é a identificação de suas causas, para que ela não volte a incidir sobre a nossa população.

As autoridades governamentais, em parceria com a população local, não podem relaxar, um instante sequer, no combate à hantavirose.

Fiquemos atentos e mantenhamos a vigilância! Só assim venceremos esse mal!

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/06/2004 - Página 18640