Discurso durante a 84ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentário ao artigo publicado ontem, no Jornal do Brasil, de autoria do articulista Elio Gaspari, sobre as intrigas no Palácio do Planalto. Registro de matéira publicada hoje, no jornal O Estado de S.Paulo, intitulado "Lula decide manter Dirceu fora da ação política".

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentário ao artigo publicado ontem, no Jornal do Brasil, de autoria do articulista Elio Gaspari, sobre as intrigas no Palácio do Planalto. Registro de matéira publicada hoje, no jornal O Estado de S.Paulo, intitulado "Lula decide manter Dirceu fora da ação política".
Publicação
Publicação no DSF de 18/06/2004 - Página 18779
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DENUNCIA, PARALISIA, GOVERNO FEDERAL, DIVISÃO, MEMBROS.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DECISÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REFERENCIA, CONFLITO, COORDENAÇÃO, NATUREZA POLITICA, JOSE DIRCEU, ALDO REBELO, MINISTRO DE ESTADO, CHEFE, CASA CIVIL, SECRETARIA DE COORDENAÇÃO POLITICA E ASSUNTOS INSTITUCIONAIS.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) -

Um Governo Paralisado Pela Fofoca e Por

Uma Rede de Intrigas

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na propaganda de mau gosto do Planalto, o Brasil é um País de todos. Faltou dizer que, além disso (e há dúvidas quanto à veracidade), o Brasil, no dizer do jornalista Elio Gaspari, é, ademais, um (ou o) país “com um governo paralisado pela fofoca”.

Gaspari disse essa verdade na edição de 16 de junho corrente do Jornal do Brasil. Um dia depois, exatamente hoje, está em O Estado de S. Paulo a informação de que o Presidente Lula resolveu intervir nesse redemoinho palaciano cheio de ondas ou ventos conflitantes.

Lula parece ter dado um puxão de orelhas no redemoinhador-chefe, o ministro José Dirceu, advertindo-o de que ele “de jeito nenhum retornará ao comando da coordenação política,” agora entregue ao ministro Aldo Rebelo.

Em seu artigo no JB, Hélio Gaspari sugere que “os patrocinadores da intrigalhada em que se transformou o governo de Lula deveriam ser mais humildes e refletir quão ridículos são os papéis que desempenham”.

Para o articulista, “palácio sem intrigas não é coisa deste mundo, mas Lula inovou: preside o primeiro governo da intriga, pela intriga, para a intriga.”

E o povo é que fica intrigado com tanta bruzundanga.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para que o historiador do futuro tenho elementos fáceis de análise do atual governo, estou anexando a este pronunciamento a notícia de O Estadão, que vai em anexo.

Lula decide manter Dirceu fora da ação política

Irritado com disputas internas no Planalto, presidente reafirma que a função é de Aldo Rebelo

Vera Rosa e Diana Fernandes

Brasília - O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou ao ministro da Casa Civil, José Dirceu, que ele não retornará de jeito nenhum ao comando da coordenação política, a cargo do ministro Aldo Rebelo desde janeiro. O recado foi claro: Dirceu precisa "mergulhar de cabeça" no gerenciamento do governo e parar de criar ou alimentar atritos. Lula está furioso com as disputas de poder e a rede de intrigas que tomaram conta do primeiro escalão do governo justamente no momento em que a economia dá sinais de aquecimento.

Em seus contatos com os ministros do núcleo político, no Palácio do Planalto, o presidente tem reclamado nos últimos dias das crises que, segundo ele, são criadas pelo próprio governo. A denúncia de que um espião circula com desenvoltura no Planalto encaixa-se neste figurino e deixou Lula "furioso, irritado e perto de perder a paciência", segundo relato de um interlocutor seu.

Embora irritado, Lula voltou a dizer que não fará nada sob pressão. Que de nada adiantarão "fofocas" de um lado ou de outro para forçá-lo a tomar uma decisão precipitada - um aviso que se dirige a todos os seus auxiliares diretos.

Soluções - Outro recado que Lula passou com ênfase: se a disputa entre Aldo Rebelo e José Dirceu não for encerrada, ele, aí sim, terá que tomar providências, terá que arbitrar essa briga. Mas não vai tomar partido de um ou de outro. A saída apontada pelo presidente neste caso, segundo uma fonte, seria uma só: tirar os dois do Planalto. Lula espera resolver a nova crise política com "mais um mergulho" de Dirceu e "disciplina e fidelidade" de Aldo.

Por outro lado, para ajudar a abafar a crise da arapongagem o Planalto já tem pronta uma solução técnica: a sindicância instaurada pelo Gabinete de Segurança Institucional deverá concluir que toda a intriga é fruto de uma briga entre grupos rivais da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

"Isso tudo é fruto de uma briga de facções da Abin", sustenta um ministro.

Para segurar as rédeas, serão introduzidas mudanças na estrutura da Abin (leia matéria nesta página). Apesar de irritado, Lula quer preservar Dirceu e tirá-lo da fogueira.

O Chefe da Casa Civil é acusado por assessores de Aldo de ter mandado bisbilhotar a vida de dois jornalistas que trabalham no quarto andar do Palácio do Planalto: um deles é braço direito do próprio ministro da Coordenação Política, seu principal desafeto. A interlocutores, Dirceu disse estar "estarrecido" com a suspeita levantada contra ele. Em público, porém, prefere manter o silêncio.

Contra Dirceu - Grupos do PT já foram ao presidente Lula defender a saída do ministro Dirceu do Planalto, com o argumento de que ele tem sido a fonte dos principais problemas do governo desde que estourou o caso Waldomiro Diniz. Mas Lula insiste que não fará mudança alguma agora e que só tratará do problema depois das eleições.

Há meses Dirceu não esconde o desconforto com sua situação. Tem feito reclamações pontuais sobre o excessivo poder do Ministério da Coordenação Política na indicação de cargos. Antes da divisão da Casa Civil, em fevereiro, a tarefa cabia à sua pasta. "Foi ele mesmo que escolheu ficar com o gerenciamento de governo", observa um amigo do ministro. "Agora, não adianta reclamar: ele tem de capitalizar isso, mesmo porque há muita coisa a ser feita."

Lula está satisfeito com o trabalho de Aldo Rebelo, que também se aliou ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Este time defende a ampliação do leque de alianças e uma maior aproximação com o PSDB dos governadores Aécio Neves (Minas), Marconi Perillo (Goiás) e do senador Tasso Jereissati (CE).

A estratégia é de longo prazo, para a eleição presidencial de 2006. "Palocci adora bicada de tucano", ironiza um petista do grupo de Dirceu. O chefe da Casa Civil, ao contrário, acha o PSDB o maior inimigo do governo. São visões totalmente distintas.

Era o que eu tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/06/2004 - Página 18779