Discurso durante a 86ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Destruição das cidades de Alagoa Nova e Mururu/PB provocada pelo rompimento da Barragem de Camará.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Destruição das cidades de Alagoa Nova e Mururu/PB provocada pelo rompimento da Barragem de Camará.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2004 - Página 18977
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, CALAMIDADE PUBLICA, DESTRUIÇÃO, MUNICIPIO, ALAGOA NOVA (PB), ESTADO DA PARAIBA (PB), MOTIVO, ROMPIMENTO, BARRAGEM.
  • CONDENAÇÃO, MANIPULAÇÃO, DESASTRE, OBJETIVO, INTERESSE, NATUREZA POLITICA.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pela Liderança do PMDB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os paraibanos, nesse último fim de semana, ficaram bastante tristes. Para nós, o que há pouco era uma alegria: ver uma barragem nova, cheia de água, já com 60%, tornou-se uma tragédia

Essa barragem, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, foi feita em concreto rolado - uma técnica que não usa ferro -, fecha um boqueirão onde, de um lado, é pedra pura. Essa pedra vai de morro adentro e fica colada à barragem propriamente dita. A barragem estava com 60% de sua capacidade quando a pedra explodiu, tendo em vista a alta pressão, fazendo um rombo de quase 15 metros, levando, nesse caudal, fazendas, engenhos. Alagoa Grande e Mulungu, duas cidades paraibanas, pagaram um preço altíssimo, além de já terem sofrido muito quando as chuvas caíram na Paraíba. Principalmente Mulungu, que teve mais de mil casas desmanchadas e derrubadas. Agora, tivemos essa hecatombe. A barragem que, como disse, estava sendo um motivo de alegria transformou-se em uma grande tristeza para os paraibanos. Todo o vale do Mamanguape sofreu, mas essas duas cidades foram as mais atingidas. São muitos os mortos. Já encontraram cerca de seis corpos. Mas há muitas pessoas desaparecidas. A destruição foi enorme.

Sr. Presidente, a tristeza, para mim, não está relacionada apenas à perda de água, de vidas, de bens, de casas, de equipamentos, de cidades. A tristeza maior que vi foi o fato, tão duro para todos nós, paraibanos, de sermos explorados politicamente. Passou a ocorrer no Estado uma guerra da mídia, que fez uma pressão enorme para que, antes de qualquer investigação, já se apresentassem os culpados. Fiquei muito triste com tudo isso.

A hora é de solidariedade, de ajudar quem perdeu seus entes queridos, de reconstruir as cidades e de fazer a vida voltar ao normal. Posteriormente ou mesmo simultaneamente, tem-se que fazer as investigações para comprovar o que ocorreu. Como disse, são duas as versões por causa da briga política, e uma delas é a de que a barragem foi malfeita. Houve três fiscalizações: a do Ministério da Integração, a do Estado e a da Universidade, por intermédio do seu centro de pesquisas e técnicas de engenharia, que acompanhou toda a evolução dos trabalhos.

O atual coordenador de obras da Secretaria de Recursos Hídricos foi fiscal do Estado durante a construção da barragem. Creio que não se deve acusar ninguém neste momento, mas verificar o que se pode fazer pela família dos que morreram, consertar os equipamentos e as casas e, ao mesmo tempo, conduzir as investigações, para, apurada a responsabilidade técnica, punir os culpados. Transformar esse episódio em pendenga política antes de tomar tais atitudes não é algo que constrói ou que nós, pessoas responsáveis, devemos fazer. Lamento esse tipo de coisa.

Queria vir à tribuna para dizer da nossa tristeza pelas vidas perdidas, pelas propriedades danificadas e, principalmente, por se estar transformando esse fato em uma briga política, o que não é bom, justo ou correto.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2004 - Página 18977