Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.
Publicação
Publicação no DSF de 23/06/2004 - Página 19031
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LEONEL BRIZOLA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), ELOGIO, INTEGRIDADE, LIDERANÇA, ATUAÇÃO, POLITICA, DEFESA, INTERESSE NACIONAL, RESTABELECIMENTO, DEMOCRACIA, BRASIL.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Para encaminhar a votação. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nada mais justo do que o luto nacional pelo falecimento do cidadão brasileiro Leonel de Moura Brizola.

Brizola não foi um homem perfeito, mas sempre foi uma figura importante, muito importante para a Nação brasileira.

Quem de nós é perfeito? Quem de nós é coerente a vida inteira?

Brizola sempre soube ser humano, profundamente humano, profundamente despojado, profundamente entregue àquelas causas em que acreditava. Sim, Brizola foi uma figura vital. Sua morte é uma grande perda, porque Brizola era um líder que estava sempre pronto a reagir nos momentos mais difíceis da vida de nosso País.

A cadeia da Legalidade, a resistência ao golpe que se tramava contra as instituições em 1961, há de ficar para sempre como um exemplo grandioso de sua resistência. Só esse episódio já bastaria para eternizar Brizola. Vejam que Brizola se expôs e expôs a sua própria vida para defender a posse de João Goulart, porque entendia que era importante empossar o Vice-Presidente legitimamente eleito pelo povo brasileiro.

Brizola foi um grande brasileiro, um homem que sempre esteve presente nas grandes lutas do nosso povo, ajudando o Brasil a caminhar para a democracia. Tinha seus arroubos, tinha suas venetas, tinha seu passionalismo, mas toda a sua vida foi uma luta permanente na defesa das grandes causas nacionais. Por isso, ele foi amado e respeitado por seu povo, eleito Governador de dois Estados diferentes, o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro, um feito inédito.

Quem pode negar que Leonel Brizola foi um personagem importantíssimo na história da reconstrução da democracia brasileira?

Não é à toa que as vozes mais díspares, neste momento, se unem para reverenciar Leonel de Moura Brizola.

Srªs e Srs. Senadores, sou gaúcha e Senadora pelo querido Estado de Mato Grosso. Como eu, todos os gaúchos e gaúchas, todos os brasileiros e as brasileiras certamente têm profundo orgulho por terem vivido no mesmo tempo em que Leonel Brizola viveu e atuou, por tudo que representou para o nosso País e por tudo que ele legou com a sua conduta de homem honrado.

Brizola foi um homem que viveu intensamente o seu tempo, que não refrescava com seus adversários, que tinha uma verve invejável. Sem dúvida nenhuma, uma das grandes figuras políticas do Brasil em todos os tempos.

Aos 82 anos, até os últimos momentos de sua vida, Brizola esteve profundamente envolvido com a prática política, e já se preparava para se envolver em nova campanha eleitoral, provavelmente como candidato a Prefeito do Rio de Janeiro. Brizola tinha mesmo um fôlego invejável.

Em todos os tempos de minha vida, Brizola se manteve como um símbolo de coerência política a pairar sobre a realidade nacional.

Srªs e Srs. Senadores, é difícil imaginar a política brasileira sem Brizola. Confesso que o imaginava como um líder imortal, um ativista político que sempre estaria conosco e um homem que, para recorrer a uma daquelas imagens de que ele tanto gostava, parecia ter uma saúde de cavalo premiado.

Mas os 82 anos pesaram, veio o infarto e perdemos Brizola. A tristeza é geral. Vejam que até os seus adversários choram a sua morte.

Brizola denunciou com muito vigor os filhotes da ditadura. Ele verberou sempre e tenazmente contra os inimigos do povo. Brizola jamais se calou. E ele construiu um exemplo que inspirou muitos e muitos pela vida afora a se engajarem na política.

Vejam que grandes líderes da nossa política de hoje são filhos de Brizola. Está aqui conosco a maravilhosa figura que acabou de se pronunciar, o Professor Cristovam Buarque, que, sempre petista, jamais negou que sempre se manteve também brizolista. Poderíamos citar outros mais, tantos outros nomes de esquerda e tantos outros nomes que sustentam a bandeira do socialismo brasileiro. Somos todos devedores de Brizola.

Brizola, nós, que também um dia vamos morrer, te saudamos!

Descanse em paz, meu irmão brasileiro. Você jamais será esquecido.

Brizola, com certeza, hoje, amanhã, durante esta semana, serás muito falado e homenageado pelo Brasil afora.

Brizola, hoje, amanhã, em tantos outros dias e por toda a história de nosso Brasil, serás lembrado, pois és parte concreta da busca permanente da construção da história democrática de nosso País.

Brizola, na história do Brasil, jamais serás esquecido. És parte concreta dela e farás parte para sempre da nossa história.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/06/2004 - Página 19031