Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.

Autor
Eduardo Azeredo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
Nome completo: Eduardo Brandão de Azeredo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.
Publicação
Publicação no DSF de 23/06/2004 - Página 19036
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LEONEL BRIZOLA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), ELOGIO, INTEGRIDADE, VIDA PUBLICA, AUTENTICIDADE, LIDERANÇA, ATUAÇÃO, POLITICA, LUTA, RESTABELECIMENTO, DEMOCRACIA, PAIS.

O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para falar de Leonel Brizola é importante que falemos de coerência, de autenticidade.

Brizola foi, sem dúvida alguma, um líder nato deste País. Sua luta pela democracia é reconhecida por todos, mesmo por aqueles que não comungavam com suas idéias políticas.

Ainda criança, conheci as palavras de Brizola pelo rádio, ao defender a posse de João Goulart à Presidência da República, após a renúncia de Jânio Quadros. Ele lutou para que a legalidade fosse respeitada. Jovem, pude acompanhar sua luta a favor da volta da democracia no Brasil, ameaçada pelo regime militar. Em 1985, acompanhamos sua união com muitos líderes brasileiros na luta pelas Diretas Já. Pessoalmente, vim a ter maior contato com Brizola nas primeiras eleições que disputei em 1988 como Vice-Prefeito de Pimenta da Veiga em Belo Horizonte. Lá estava Brizola, andando conosco pelas ruas de Belo Horizonte, buscando o voto popular em uma eleição de ampla coligação.

Pouco depois, já em 1992, lembro-me bem de que eu, então Prefeito, e Aécio Neves, hoje Governador, fomos ao Rio de Janeiro buscar o apoio de Leonel Brizola à eleição de Aécio Neves à Prefeitura. Brizola nos recebeu daquela maneira amiga com que os gaúchos sabem receber as pessoas. Lembro-me bem de um momento em que ele disse que nós dois éramos herdeiros de políticos formados no PSD e que estávamos no PSDB, mas que ele também tinha estado conosco, na época do regime militar, no PMDB. Já no PDT, ele dizia que éramos iguais às águas de um rio, que se separam em braços para se unirem mais à frente. Essa foi uma frase que me mostrou bem o caminho da política. As pessoas podem, às vezes, trilhar caminhos diferentes, mas com o mesmo objetivo: a democracia e o bem público.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há um mês, vi Leonel Brizola pela última vez. Na verdade, não estive com ele; apenas o vi no aeroporto de Brasília quando eu caminhava para entrar num avião. Disse àqueles que estavam comigo: “Vai ali um líder verdadeiro”. Não há como negar que, mesmo sendo um homem polêmico, com muitas idéias divergentes de alguns de nós, Brizola sempre foi um grande líder, que soube mostrar sua palavra a todo o Brasil.

Lembro-me ainda de outro companheiro de Minas: o ex-Deputado Genival Tourinho, que sempre foi um brizolista e que tentava me convencer a seguir os caminhos de Brizola. Como eu disse, em alguns pontos sempre convergíamos; em outros, divergíamos. Algo, porém, sempre me chamou a atenção na figura de Brizola: sua dedicação à educação, ponto importante no qual se baseou quando Governador. Era ciente de que a educação é realmente fundamental para a formação do brasileiro.

Brizola foi um político polêmico, corajoso, que, em sua vida, recebeu muitas críticas, como qualquer homem público sempre as recebe. Ele, em especial, soube recebê-las com bravura, destemor, compreensão e paciência. Ele teve uma vida honrada.

Como Senador de Minas, trago hoje a palavra e a homenagem final de meu Estado a este grande político brasileiro que foi Leonel Brizola.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/06/2004 - Página 19036