O SR. MAGUITO VILELA (PMDB - GO. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a morte de Leonel de Moura Brizola, na noite de ontem, no Rio de Janeiro, representa a perda de um dos grandes líderes deste País. Não se trata apenas da morte de um homem ou de um político, mas de um idealista, um nacionalista, um brasileiro que sempre foi, acima de tudo, um grande patriota.

Pode se discordar das idéias de Brizola - e muitos discordam! O contraditório, marca em sua trajetória pública, é a essência da democracia. Mas não há como negar o valor de seu legado para a história recente do Brasil. Faço minhas as inteligentes palavras que anunciaram hoje, no jornal Diário da Manhã, de Goiânia, a perda desse líder: “Morre uma História”. E morre uma história bem definida, bem caracterizada, a história de Leonel Brizola.

Nacionalista convicto, Leonel Brizola foi um dos principais ícones dessa corrente de pensamento, ao lado de outro grande estadista, Getúlio Vargas. Foi governador de dois dos principais Estados brasileiros, o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro, onde desenvolveu um trabalho importantíssimo.

No Rio Grande do Sul, fez pesados investimentos nos setores de energia e telefonia. Criou mecanismos eficientes de apoio a investidores internacionais. Construiu termoelétricas e rodovias ligando as regiões agrícolas do Estado aos portos de Porto Alegre e do Rio Grande. Conseguiu convencer o Governo Federal a instalar uma refinaria de petróleo no Estado e foi um defensor ardoroso da reforma agrária.

Brizola destacou-se, também, pelas suas iniciativas do campo da educação. No Rio Grande do sul, construiu mais de seis mil estabelecimentos de ensino. No governo do Rio de Janeiro, criou e implantou os Centros Integrados de Educação Pública, os Cieps, iniciativa até hoje copiada em vários Estados brasileiros.

Leonel Brizola se destacou sempre nas funções administrativas que ocupou, mas era na seara política, na luta política que S. Exª se saía melhor. Depois de ser Prefeito de Porto Alegre e Governador do Rio Grande, Brizola emergiu para a política nacional em meio à crise motivada pela renúncia de Jânio Quadros. Foi Brizola quem deflagrou a campanha da legalidade e foi S. Exª o mais importante articulador do Governo de João Goulart.

Sua trajetória ascendente foi podada pela Ditadura, como a de tantos líderes nacionais. Cassado em 1964, exilou-se e só retornou após a anistia para, então, eleger-se Governador do Rio de Janeiro.

Brizola parte sem realizar seu maior sonho, o de chegar à Presidência da República. Tentou duas vezes, em 1989 e em 1994. Mas nem as últimas derrotas tiraram o brilho de sua trajetória nem a força de seu idealismo.

Leonel Brizola parte e deixa um legado fundamental. O legado do idealismo e da coerência política. Poucos neste País lutaram tanto pelas suas idéias, e com tanta ênfase, quanto Leonel Brizola.

Deixo aqui a minha homenagem póstuma a esse grande e extraordinário homem público. A homenagem, tenho certeza, dos Senadores goianos, que haverão de se manifestar, de todo o povo goiano, dos gaúchos e dos “goiuchos”, gaúchos que levaram a tecnologia agrícola para Goiás, os goianos filhos de gaúchos que também ajudam e contribuem muito para o crescimento e desenvolvimento do nosso Estado.

Portanto, que todos nós, goianos, gaúchos, brasileiros, possamos continuar mirando nos bons exemplos de Brizola, para construirmos no País uma democracia cada vez mais sólida, um Brasil mais justo e mais humano.

Muito obrigado.