O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senado está homenageando a figura de Leonel Brizola. Como foi dito aqui, o próprio Senado é a maior prova do respeito e da admiração que todos devotavam a Leonel Brizola.

Estiveram aqui nesta tribuna seus aliados, seus correligionários, seus adversários e até mesmo pessoas que tiveram, durante um certo período, uma inimizade com o ex-Governador Leonel Brizola.

Aqui já foi dita muita coisa a respeito da personalidade do grande político gaúcho, do grande político brasileiro e até mesmo o fato de que todos os líderes têm aqueles que o amam e aqueles que o detestam. Mas esta é a hora de fazer de justiça, de esquecer as paixões, que foram tantas as despertadas na vida pública brasileira por Leonel Brizola. Ou seria, Sr. Presidente, mais justo que tivesse sido feita há alguns anos, quando ele vivo ainda poderia usufruir e receber esse testemunho de tantos brasileiros.

Não tenho efetivamente muita coisa a acrescentar. Quem seria eu, Sr. Presidente, um político de uma geração mais nova, um político que não foi alçado à vida pública nacional para acrescentar fatos novos ou elogios a respeito de Leonel Brizola?

O que tenho a dizer é que a sua lição e o seu legado vão se tornar imperecíveis na vida política brasileira. Ninguém vai poder dizer, como não se disse durante a sua vida, que foi um homem que se entregou.

Há um relato, no Correio Braziliense, se não me engano, da sua visita ao velório do seu arquiinimigo Roberto Marinho. Quando S. Exª entrou na residência do Roberto Marinho, no Cosme Velho, um dos seus amigos, o fotógrafo Ricardo Chaves, conhecido como Candão, disse: “Lá vai o Brizola. Ele já está se entregando!” Não, Sr. Presidente. A última coisa que se poderia dizer de um Líder político como Leonel Brizola é que ele se entregou.

Ouvimos aqui, inclusive, o Senador e ex-Governador Antonio Carlos Magalhães, que teria todas as razões para dar um depoimento diferente do que deu, mas terminou fazendo justiça a respeito do seu adversário, destacando as suas qualidades e, evidentemente, dizendo que Leonel Brizola possuía defeitos, é claro!

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Pois não, Senador Antonio Carlos Magalhães.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - V. Exª, como sempre, fala com muita propriedade, o que é um dos seus maiores atributos. Entretanto, eu queria dizer que jantei na casa de Roberto Marinho com o casal Leonel Brizola, na visita de Ted Kennedy ao Brasil. Portanto, Brizola também esteve na Rede Globo com o Roberto Marinho algumas vezes. De modo que essa inimizade existente, em que Brizola às vezes se expressava de maneira um pouco mais forte, e cujo estilo era totalmente diferente do de Roberto Marinho, não impede que O Globo de hoje faça a justiça que fez e que publique bons depoimentos a respeito de Leonel Brizola.

O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN) - Senador Antonio Carlos Magalhães, novamente agradeço a V. Exª o aparte, porque, como sempre, ele vem ao encontro do meu discurso para ratificá-lo quando deve ser ratificado e retificá-lo quando deve ser retificado.

Eu acabara de dizer que eu não tinha muita autoridade para falar sobre uma vida como a de Leonel Brizola, porque eu não participei da intimidade da vida política de S. Exª. Eu apenas estava dizendo que ele realmente não se entregou. Foi uma figura política que, até o último dia da sua vida, resistiu, acreditou nos seus propósitos e nas suas idéias.

Muito obrigado, Sr. Presidente.