Discurso durante a 87ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.

Autor
Alberto Silva (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Alberto Tavares Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-governador Leonel de Moura Brizola.
Publicação
Publicação no DSF de 23/06/2004 - Página 19050
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LEONEL BRIZOLA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DEMOCRATICO TRABALHISTA (PDT), ELOGIO, VIDA PUBLICA, LIDERANÇA, ATIVIDADE POLITICA.

O SR. ALBERTO SILVA (PMDB - PI. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, creio que todos desta Casa, os brasileiros de um modo geral, levaram um choque, ontem à noite, com a notícia do desaparecimento repentino de um Líder do tamanho de Leonel Brizola.

Aqui já se disse tudo sobre ele. E eu diria o quê? Ele era quase da minha idade; a diferença era pequena. Portanto, conheci Leonel Brizola rapazinho. Onde? Ao lado de Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

Eu era engenheiro da estrada de ferro Central do Brasil. Lá, Getúlio ia sempre comemorar as datas do seu Governo, e nós, engenheiros da Central do Brasil, fazíamos o preparo técnico do que era a Central, com seus trens elétricos servindo ao subúrbio do Rio de Janeiro, e garantíamos a eficiência daquele serviço.

Éramos chamados pelo comando do então Presidente Getúlio Vargas para comparecermos: uns, tecnicamente; outros, na direção da Central do Brasil. Tive a oportunidade, muitas vezes, de estar com Getúlio, que me nomeou. Então, conheci Leonel Brizola. Disseram-me: “É um engenheiro do Rio Grande do Sul, ligado à família de João Goulart e a Getúlio”. Depois, nunca mais o vi.

Quando fui para o Nordeste, já era, de fato, alguém da UDN que tinha como adversário o PTB. Dizia-se que era “o PTB de Getúlio” e “a UDN que matou Getúlio”. Era assim que se dizia.

Tínhamos um Líder no Rio de Janeiro. Como não havia televisão, ouvíamos as notícias pelo rádio. Eu já estava no Nordeste. Havia, então, dois Líderes: Carlos Lacerda, no Rio de Janeiro, que possuía aquela ênfase, aquele preparo, aquele falar que dificilmente alguém contestava; e, no Rio Grande, o outro Líder, o Engenheiro Leonel Brizola. Éramos obrigados, honestamente, a apreciar e a admirar os dois. Depois, durante o resto da minha vida pública, acompanhei Leonel Brizola em sua luta.

No Ceará, quando eu chefiava a empresa de energia elétrica do Governo do Estado, ocorreu aquele fato político talvez inédito no País: uma arrancada pela legalidade, tendo à frente a bandeira daquele Líder que conheci tantos anos antes, pelo rádio e pessoalmente, na Central do Brasil. Levei um choque, como todos os brasileiros.

Como membro desta Casa, pela segunda vez, e como brasileiro, deixo aqui a minha perplexidade diante da vida. É assim mesmo. A vida apaga de repente, mas a obra fica.

Tenho certeza de que, para este Brasil, que o conheceu nas lutas, Leonel Brizola nunca será esquecido, porque um país sem líder é um país sem governo ou carente de gente para o governo. Quanto mais líderes tivermos, melhor. Leonel Brizola faz falta ao Brasil.

Que Deus guarde esse grande homem na sua glória!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/06/2004 - Página 19050